DESPEDIDA

Familiares e amigos se despedem de veterinária que morreu com suspeita de síndrome de Haff, a 'doença da urina preta'

O corpo de Priscyla Andrade será cremado às 21h desta quinta-feira (4)

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Vanessa Moura

Publicado em 04/03/2021 às 19:41 | Atualizado em 04/03/2021 às 20:42
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Familiares e amigos da veterinária Priscyla Andrade de Souza, de 31 anos, se despediram dela na tarde desta quinta-feira (4), no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife. Priscyla teria contraído a Síndrome de Haff, a "doença da urina preta", após ingerir um peixe da espécie arabaiana. Ela teve sua morte confirmada pela assessoria do Hospital Real Português, onde esteve internada por 13 dias, na quarta-feira (3).

Sob forte comoção, o velório teve início às 16h, e contou com a presença dos pais dela, das irmãs, e de muitos parentes e amigos, alguns usando camiseta com a foto de Priscyla estampada. Após a cerimônia, houve um momento religioso e, ao fim, o corpo da veterinária foi cremado. 

Veja imagens:

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A veterinária teve sua morte confirmada nesta quarta-feira (3) pelo Hospital Real Português, onde esteve internada durante 13 dias - Tião Siqueira/JC Imagem
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A veterinária teve sua morte confirmada nesta quarta-feira (3) pelo Hospital Real Português, onde esteve internada durante 13 dias - Tião Siqueira/JC Imagem
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A veterinária teve sua morte confirmada nesta quarta-feira (3) pelo Hospital Real Português, onde esteve internada durante 13 dias - Tião Siqueira/JC Imagem
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A veterinária teve sua morte confirmada nesta quarta-feira (3) pelo Hospital Real Português, onde esteve internada durante 13 dias - Tião Siqueira/JC Imagem
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A veterinária teve sua morte confirmada nesta quarta-feira (3) pelo Hospital Real Português, onde esteve internada durante 13 dias - Tião Siqueira/JC Imagem
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A veterinária teve sua morte confirmada nesta quarta-feira (3) pelo Hospital Real Português, onde esteve internada durante 13 dias - Tião Siqueira/JC Imagem
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A veterinária teve sua morte confirmada nesta quarta-feira (3) pelo Hospital Real Português, onde esteve internada durante 13 dias - Tião Siqueira/JC Imagem
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A veterinária teve sua morte confirmada nesta quarta-feira (3) pelo Hospital Real Português, onde esteve internada durante 13 dias - Tião Siqueira/JC Imagem
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A veterinária teve sua morte confirmada nesta quarta-feira (3) pelo Hospital Real Português, onde esteve internada durante 13 dias - Tião Siqueira/JC Imagem

Irmã de Priscyla, a empresária Flávia Andrade, de 36 anos, também chegou a ficar internada após comer o mesmo peixe. Ela, por sua vez, desenvolveu sintomas mais leves, recebendo alta hospitalar rapidamente.

Em entrevista à TV Jornal, Flávia falou sobre os primeiros sintomas da doença após a ingestão do peixe comprado no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife. "Teve um primeiro consumo na minha casa, do peixe, e eu tive muita dor abdominal, dor torácica, dor no estômago. Já no segundo consumo, meu filho também comeu, e minha irmã. Meu filho consumiu uma quantidade muito pequena, graças a Deus", afirmou.

Segundo a empresária, a irmã foi quem apresentou mais sintomas. "Como ela estava paralisada, fizeram vários exames nela na hora e ela já foi pra UTI naquele mesmo instante".

Homenagens

Familiares e amigos utilizaram as redes sociais para prestar homenagens à veterinária. Betânia Andrade, mãe da veterinária, foi uma das pessoas que usou sua conta no Instagram para se despedir da filha. "O céu hoje estará te recebendo com muita luz na casa do Pai", começou a empresária. "Aqui, jamais esqueceremos da sua humildade, caráter, da sua eficiência como profissional. Seu sorriso vai ficar na minha memória eternamente. Te amamos", declarou.

>> Saiba tudo sobre a síndrome de Haff, a "doença da urina preta" transmitida por toxina do peixe


A estudante de medicina Alyne Andrade, irmã de Priscyla, também escreveu uma homenagem. No texto, Alyne ressaltou as características as quais admirava na irmã.

"A vida é um sopro, e você aproveitou cada minuto com sabedoria, ajudou muita gente e continuará ajudando do seu jeitinho ao lado de papai do céu (...) Fizeste tua missão aqui na terra, fizeste história, e você sabe disso, tanto é que és muito querida por todos, és uma batalhadora e guerreira, uma profissional competente, estudiosa e dedicada", escreveu. 

"Que os anjos te recebam com muito amor, e sei que você será meu anjinho da guarda e estará a todo momento ao meu lado me guiando e ajudando no que for necessário. Eu te amo muito, te amarei em todas as vidas", completou.

>> Pernambuco registrou 15 casos da síndrome de Haff, doença da urina preta, nos últimos cinco anos

 

 
 
 
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O que é a Síndrome de Haff

A síndrome acontece de forma repentina e é caracterizada pela ruptura das células musculares, o que leva ao aparecimento de alguns sinais e sintomas como:

  • Dor e rigidez muscular
  • Dormência
  • Falta de ar
  • Urina preta, semelhante a café

A enfermidade é causada, segundo os médicos, pela contaminação com uma toxina que se desenvolve em peixes que não são bem armazenados em temperaturas adequadas. A substância não altera o sabor e nem a aparência do alimento.

“O que chama atenção? O peixe não foi armazenado de forma adequada nem tratado de forma adequada. Aí ele vai produzir uma toxina. Você come o peixe, não nota que tem essa toxina, o gosto não tem alteração, mas, poucos dias depois, você começa a ter a dor muscular intensa e a urina ficando preta, devendo procurar de imediato uma unidade hospitalar, quando isso acontecer”, analisou o médico infectologista Filipe Prohaska, em entrevista à TV Jornal.

O especialista explica que, para evitar este tipo de contaminação, é necessário estar atento ao local onde se compra o peixe. “Muito cuidado em checar como aquele peixe chegou ali e como ele está sendo armazenado no momento da venda. O mais importante é comprar em lugares onde você tenha garantia da segurança”, explicou Filipe Prohaska.

O médico detalhou que o ideal é que o peixe seja transportado e armazenado em temperaturas entre -2º e 8ºC, e que, caso o produto seja adquirido na feira, é necessário identificar se o peixe está sendo mantido no gelo (para preservar a temperatura ideal).

Apesar das duas irmãs terem comido o peixe do tipo Arabaiana, outras espécies já estão relacionadas com casos descritos de Síndrome de Haff. É o caso do Tambaqui. Na Bahia, a doença já foi relacionada com o consumo do Badejo (Mycteroperca) e, no Amazonas, com o consumo do Pacu Manteiga (Mylossoma).

Após a notificação dos possíveis casos no Recife, a SES-PE orientou sobre a investigação epidemiológica de todos aqueles que consumiram o alimento, assim como a coleta do referido insumo para encaminhamento ao Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) para que sejam providenciadas as análises laboratoriais.

Em Pernambuco, entre 2017 e 2021, foram registrados 15 casos de Haff, sendo 10 confirmados por critério clínico epidemiológico (4 em 2017 e 6 em 2020) e 5 (de 2021) ainda em investigação. A Secretaria de Saúde salienta que, por meio da Rede de Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Rede Cievs), acompanha e mantém toda rede de serviços de atenção e vigilância do Estado alerta para a notificação de casos suspeitos da doença.

 

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