CELEBRAÇÃO

Em meio às restrições por causa da covid-19, feriado da Data Magna de Pernambuco é celebrado neste sábado, 6 de março

Por conta do feriado, o dia 6 de março acaba acaba sendo, também, sinônimo de lazer, descanso e diversão com a família e os amigos. Este ano, no entanto, a Data Magna será bastante diferente

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Vanessa Moura

Publicado em 05/03/2021 às 21:25 | Atualizado em 05/03/2021 às 21:33
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Pernambuco celebra, neste sábado, 6 de março, a Data Magna, em homenagem à Revolução Pernambucana, quando o Estado se tornou uma república independente do resto do Brasil colonial durante 75 dias. Feriado desde 2017, o dia tornou-se sinônimo de lazer, descanso e diversão para quem consegue folgar. Em tempos de covid-19, no entanto, a comemoração vai ter que ser bastante diferente.

Em meio a um período crítico da pandemia, com taxas de contaminação e óbitos elevadíssimas, o feriado acontece justamente durante um sábado de fortes restrições, onde apenas serviços essenciais poderão funcionar em todo o Estado.  

>> Saiba quais serviços poderão funcionar em Pernambuco no período de restrição

Shoppings, lojas, clubes sociais, restaurantes, bares e parques, todos fechados. Nas praias, no entanto, apenas a prática de atividades esportivas individuais está permitida. As regras foram implementadas pelo governador Paulo Câmara na quarta-feira (3) e valem até o dia 17 de março.

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1817 – História de uma Revolução Pernambucana

Para celebrar a data, mesmo em casa, a Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) transmitiu a live "1817 – História de uma Revolução Pernambucana” em seu canal no YouTube, nesta sexta-feira (5). O evento virtual contou com as participações de Margarida Cantarelli, presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP), Marcos Casseb, vice-presidente do (IAHGP) e George Cabral, presidente do Instituto Histórico de Olinda. Assista abaixo:

Entenda a história da Data Magna

Desde 2007, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) instituiu o dia 6 de março como a Data Magna do Estado. A data celebra a Revolução de 1817, ou Revolução Pernambucana, que é tida como primeiro movimento pela Independência do Brasil.

Pela legislação brasileira, feriados nacionais, estaduais e municipais são estipulados por lei e podem ser civis ou religiosos. Cabe ao Legislativo estadual estabelecer os feriados relativos à data magna do Estado. Data Magna quer dizer que esse dia é a data máxima do calendário local. A palavra "Magna" vem do latim e é usada como sinônimo de 'grande', 'principal'. A Data Magna de Pernambuco foi estabelecida pela Lei Estadual nº 13.386, de 24 de dezembro de 2007, projeto de autoria da então deputada Terezinha Nunes. Já a lei que estabeleceu ser a data um feriado é a de nº 16.057/2017, de autoria da própria Terezinha Nunes e Isaltino Nascimento. 

Além de celebrar a Revolução de 1817, a Data Magna tem como um de seus principais objetivos homenagear os heróis que tornaram possível este importante episódio da história pernambucana. Domingos José Martins, maçon e abolicionista em pleno Brasil Colônia; Padre João Ribeiro; José de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado; o jurista José Luiz de Mendonça; Cruz Cabugá, Padre Roma, Gervásio Pires, Antônio Carlos de Andrada e Silva, Vigário Tenório, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, Luís do Rego Barreto, entre tantos outras. Figuras cujos feitos podem ter ficado esquecidos ao longo do tempo, mas que dão nome a algumas das principais ruas do Recife, capital pernambucana. Pela forte presença de integrantes da igreja católica, o movimento também ficou conhecido como Revolução dos Padres.

"A Revolução Pernambucana foi muito pensada no Seminário de Olinda, quando muitas ideias iluministas que defendiam os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade estavam circulando na Igreja. Também teve apoio de setores da maçonaria e de comerciantes que estavam sufocados com os impostos", elucida o professor e historiador Felipe Domingues. 

Tida por muitos historiadores como o primeiro movimento revolucionário ocorrido no Brasil, a Revolução Pernambucana se iniciou em protesto aos altos impostos cobrados pela Coroa Portuguesa, mas chegou ao ponto de estabelecer um governo provisório, com constituição própria prevendo igualdade para todos num país que tinha sua economia dependente da escravidão de negros trazidos da África. A Coroa, no entanto, conseguiu reprimir o movimento e matou seus principais líderes. 

Em 1808, antes da Revolução Pernambucana, a Família Real de Portugal chegou ao Brasil, e com ela, toda a corte. A instalação destes novos moradores, segundo explica Felipe Domingues, aconteceu, principalmente, às custas da economia pernambucana. Anos mais tarde, a corda no pescoço dos comerciantes começou a ser agravada por uma grande seca. A cereja do bolo, chegaria logo em seguida na Igreja: o iluminismo.

"Em 1808 chegaram aproximadamente 15 mil fidalgos portugueses. Quem pagava esse custo, os luxos da corte portuguesa, em especial, era Pernambuco, já que nosso Estado representava 60% da economia do país na época. E pouco antes da Revolução de 1817 houve uma grande seca. Imagine o caldeirão: ideias iluministas, comerciantes sufocados com impostos, Pernambuco sustentando a corte no Rio de Janeiro e uma grande seca. Um barril de pólvora prestes a explodir, e explodiu", conta o pesquisador em entrevista à Rádio Jornal.  

Veja o vídeo explicando a revolução:

 

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