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Manifestantes protestam na BR-232, no Recife, pedindo intervenção militar

Apesar do grupo não ocupar a rodovia e não haver interdição da pista, os carros passavam devagar pelo local, o que deixou o trânsito lento para quem trafegava pelo trecho

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Bruna Oliveira, Estadão Conteúdo

Publicado em 31/03/2021 às 16:28 | Atualizado em 31/03/2021 às 18:12
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Atualizada às 18h.

Cerca de 60 pessoas realizaram protesto no quilômetro 7, da BR-232, no bairro do Curado, na Zona Oeste do Recife, nesta quarta-feira (31), aniversário de 57 anos do golpe que instaurou a ditadura militar do Brasil. Vestidas de verde e amarelo e segurando a bandeira do Brasil, as pessoas, em uma aglomeração, pedem por uma intervenção militar no Brasil. O dia também contou com manifestações em outras cidades do País.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a primeira notificação sobre o protesto aconteceu por volta das 11h, próximo ao Comando Militar do Nordeste, no sentido interior. Apesar das pessoas não ocuparem a rodovia e não haver interdição da pista, os carros passavam devagar pelo local, o que deixou o trânsito lento para quem trafegava pelo trecho. De acordo com a assessoria de comunicação da PRF, o protesto acabou por volta das 17h30, quando as pessoas começaram a se dispersar.

 

No Twitter, internautas que passaram pela BR-232 reclamaram da atitude dos manifestantes. "BR-232 parada porque um bando de imbecil decidiu fechar a via pedindo intervenção militar. Tudo isso na data de hoje. O nome disso é doença. Ditadura nunca mais!!!", disse um usuário.

 

 

Uma outra pessoa, também por meio da rede social, chamou o ato de "canalhice".  "A turma pedindo intervenção militar na Br 232 com a camisa do Brasil na frente do exército é o auge da canalhice viu?", escreveu.

  

São Paulo e Rio de Janeiro

Manifestantes se aglomeraram para pedir intervenção militar em São Paulo e no Rio de Janeiro em atos esvaziados nesta quarta, 31 de março, aniversário de 57 anos do golpe que instaurou a ditadura militar do Brasil. Bate-boca, insultos e até tapas foram registrados durante aos atos. Nos últimos dias, mensagens de grupos bolsonaristas convocando atos em todo o País circularam nas redes sociais, mas, até o início da tarde desta quarta, não houve registro de grandes manifestações.

Em São Paulo, o ato ocorreu na frente do Comando Militar do Sudeste, ao lado da Assembleia Legislativa do Estado. Um grupo de manifestantes tentou forçar a entrada dentro no quartel e foi contido pelos militares. O ato começou por volta das 9h e reuniu cerca de 100 manifestantes, muitos sem máscara e sem respeitar o distanciamento social recomendado para evitar a propagação do coronavírus. Eles defendiam intervenção militar com Bolsonaro no poder e gritavam palavras de ordem contra o comunismo.

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O grupo ainda questionou a eficácia das vacinas contra a covid-19 e defendeu o uso de medicamentos sem eficácia comprovada. Um segundo grupo de manifestantes que se identificou como ligado à igreja católica puxou um minuto de silêncio em respeito à morte do policial militar baiano que foi morto durante um surto no qual tentou atirar contra seus próprios colegas. Um dos manifestantes afirmou que ele "seu sua vida pelo povo".

No Rio, o ato aconteceu na orla de Copacabana. Defensores de uma nova intervenção insultaram e agrediram um jovem que contestava a manifestação. Ele foi cercado e empurrado, chegou a levar tapas aos gritos de "vai pra Cuba", "maconheiro" e outras ofensas de caráter homofóbico. Uma das faixas no ato, que reuniu cerca de 100 pessoas no fim da manhã, pedia que Bolsonaro acionasse as Forças Armadas para "auxiliar o povo na defesa da liberdade e das garantias constitucionais". Apesar de motoristas buzinarem em apoio aos manifestantes, muitas pessoas o contestaram. Bolsonaro foi chamado de "genocida", e gritos pró-democracia foram ouvidos. Outras capitais, como Belém, Natal, Palmas e Curitiba, também registraram atos esvaziados. Em Belém, a Polícia Militar dispersou os manifestantes que se aglomeravam em frente ao Quartel-General. Em Palmas, sete apoiadores de Bolsonaro compareceram em frente ao 22º Batalhão de Infantaria, na zona rural. Em Natal, o ato se deu em frente à sede do 16º Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército (16RI), onde pelo menos 30 pessoas se reuniram para orar, entoar cânticos evangélicos e cantar o hino nacional.

No Twitter, críticas à ditadura são maioriaApesar de a hasthtag #Viva31demarco e o termo "Viva 64" aparecerem desde o início desta quarta, 31, nos trending topics do Twitter, críticas à ditadura e a celebrações do aniversário do golpe foram maioria. Até 13h, cerca de 170 mil tweets com a hashtag #DitaduraNuncaMais foram publicados, segundo números da própria plataforma. Menos de 90 mil publicaram a tag que celebra o golpe. Ulysses Guimarães e trechos de seu discurso na promulgação da Constituição em 1988 também estão entre os temas mais comentados desta quarta.

Lideranças políticas aproveitaram o debate na rede social para se manifestar a favor da democracia. "O dia 31/03 não comporta a exaltação de um golpe que lançou o país em anos de uma ditadura violenta e autoritária", escreveu o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. "É momento de exaltar o valor da nossa democracia conquistada com suor e sangue. Viva o Estado de Direito.

"Presidenciáveis como Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL) e Luciano Huck (Sem partido) também fizeram questão de se pronunciar. "Rupturas institucionais, como o golpe de 64, são retrocessos inaceitáveis", escreveu Huck. Partidos de espectros diferentes destacaram que o autoritarismo pós-1964 foi resultado das decisões dos militares. "O movimento militar de 1964 foi um golpe de Estado e assim está registrado na história", publicou o PSDB. "Os que negam o autoritarismo instalado pela ditadura são os que hoje negam a catástrofe do combate à pandemia", escreveu o PT. Um dos perfis no Twitter que mais tem movimentado a hashtag que celebra o 31 de março é o do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), aliado do presidente Jair Bolsonaro. "Você quer conhecer o futuro? Então olhe para o passado. Veja se não são parecidas as táticas de hoje para desestabilização do País com as que eram usadas em 1964", escreveu o ex-deputado, pivô do escândalo do mensalão.

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