OCUPAÇÃO

Integrantes do MTST-PE ocupam imóvel da Prefeitura do Recife e realizam o projeto Cozinha Solidária

De acordo com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto em Pernambuco (MTST-PE), o espaço está em desuso há mais de dez anos

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Rute Arruda

Publicado em 18/05/2021 às 21:43 | Atualizado em 19/05/2021 às 11:04
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Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto em Pernambuco (MTST-PE) ocuparam, na noite dessa segunda-feira (17), um imóvel da Prefeitura do Recife localizado na Rua Eliéser Olímpio de Moura, na Vila Santa Luzia, Zona Oeste do Recife, que, segundo o MTST, está abandonado há mais de dez anos, para dar início ao projeto Cozinha Solidária.

"A Cozinha Solidária é uma proposta do MTST nacional de estar criando espaços de enfrentamento da fome nas periferias, a gente já vem trabalhando no combate à fome desde 2019 mais fortemente, no ano passado a gente fez uma campanha de solidariedade no contexto da pandemia que distribuiu mais de 150 toneladas de alimentos e a gente entendeu que era necessário avançar um pouco mais nesse sentido e pensou nas Cozinhas Solidárias", explicou Rud Rafael, um dos coordenadores do MTST.

Segundo Rud, esta é a primeira Cozinha Solidária em Pernambuco. "A Vila Santa Luzia é uma área que fica no bairro da Torre, cercada pela especulação imobiliária, é uma comunidade popular que vive com um índice de vulnerabilidade muito grande, mas ao mesmo tempo que tem um processo importantíssimo de resistência", disse. O objetivo inicial é distribuir 150 refeições por dia no horário do almoço e, posteriormente, estender para o jantar. Cerca de 50 pessoas estão envolvidas na ocupação. 

"A escolha desse local para a ocupação se deu pela potencialidade que ele tem de outras iniciativas. A gente percebe que, por exemplo, para além da cozinha, podemos fazer uma horta nesse imóvel que possui mais de uma casa. Nós pensamos que um local pode servir de cozinha, outro pode servir de espaço de qualificação profissional para geração de renda, tem o sonho de muita gente da comunidade de uma biblioteca comunitária. Então, a ideia é, a partir da alimentação, a gente alimentar essas novas possibilidade", afirmou Rud Rafael. 

No período da manhã, o secretário-executivo de Participação Social da Prefeitura do Recife, Sérgio Campello, esteve no local para dialogar com representantes do MTST. Segundo Rud Rafael, não houve avanço na reunião. "Ele (o secretário-executivo) disse que estava aberto ao diálogo, mas apresentou como condição que a gente saísse do imóvel, que desocupasse a área. Do ponto de vista do MTST o fato de a gente estar usando aquilo como uma cozinha solidária que hoje forneceu mais de 200 quentinhas é um absurdo que a prefeitura coloque essa condição para começar a negociar", relatou. 

Segundo informou a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Governo e Participação Social, "durante as conversas, o movimento não apresentou reivindicações à gestão municipal", mas que a Secretaria Municipal de Educação irá avaliar a possibilidade de construção de uma creche no terreno "de modo a atender as famílias da região, garantindo acesso à educação infantil às crianças. Por fim, o governo municipal reitera que está aberto ao diálogo com todas as representações da sociedade civil, de modo a atender aos diversos interesses, visando o bem-estar social da população".

De acordo com a prefeitura, nos últimos anos o local serviu de espaço para a realização de projetos sociais e cursos de qualificação profissional, além de apoio apoio para a cooperativa de catadores da comunidade Santa Luzia promover o trabalho de reciclagem de resíduos sólidos, gerando emprego e renda para aos moradores.

No entanto, por causa da pandemia do novo coronavírus, as atividades no imóvel "foram suspensas temporariamente, por gerar aglomeração de pessoas e a necessidade de respeitar os protocolos sanitários".

Ao longo do dia, deputados e vereadores estiveram no local para acompanhar a ocupação. "Nós fomos acompanhar enquanto Comissão de Direitos Humanos e pelo mandato. Pela manhã foi um pouco tenso porque chegou Polícia Militar. Então nós tivemos que mediar o conflito para não sair ninguém machucado", comentou a presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Participação Popular e codeputada estadual pelo mandato coletivo Juntas, Jô Cavalcanti.

A Polícia Militar de Pernambuco informou que as negociações ficaram a cargo da Prefeitura do Recife e que, por isso, os agentes deixaram o local.

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