Complicações da chicungunha podem se tornar crônicas, diz especialista em meio a aumento de casos em Pernambuco
Estado teve aumento de 148% em casos confirmados de chicungunha
Além da pandemia de covid-19, Pernambuco sofre com o aumento do número de casos confirmados de chikungunya. Segundo a Secretaria estadual de Saúde (SES), entre 3 de janeiro e 1º de maio de 2021, o crescimento desse tipo de ocorrência chegou a 148%, no comparativo com o mesmo período de 2020.
Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta quinta-feira (20), o médico reumatologista Eliezer Rushansky reforçou a necessidade de cuidados para evitar a proliferação de mosquitos e destacou que a doença pode causar problemas reumáticos crônicos, ou seja, com sintomas de longa duração.
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"Havia sido reduzido o número de casos após um surto aqui em Pernambuco, em especial, no Recife, e agora temos a oportunidade de atender novamente nos ambulatórios pacientes com casos graves da doença e com certo percentual de se tornar crônica a doença. A artrite, por exemplo, pode migrar para a artrite inflamatória crônica", destacou o especialista.
A febre chikungunya teve seu vírus isolado pela primeira vez em 1950, na Tanzânia. Ela recebeu esse nome pois chikungunya significa “aqueles que se dobram” ou se "envergam" no dialeto daquela localidade. Como os pacientes apresentavam dores nas articulações, o termo passou a ser usado para designar aqueles que sofriam com o mal.
"É um mal que pode atingir a coluna vertebral, uma doença inflamatória que deixa sequelas graves. Hoje, não temos nenhum ambulatório em que não atendamos caso de chikungunya. Até existem estudos, mas nenhuma vacina. Então, os cuidados precisam ser redobrados. Evitar água parada, o que acontece principalmente em tempo de chuva", destacou Eliezer.
O especialista ainda disse haver um temor na população de procurar ajuda médica por medo de contrair covid nos hospitais. "O diagnóstico é feito com certa facilidade por um médico, mas as pessoas estão receosas de ir a hospitais", comentou.
Sintomas
A chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus chikungunya (CHIKV). A doença é transmitida através da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus infectados pelo CHIKV. Os sinais e sintomas são clinicamente parecidos aos da dengue – febre de início agudo, dores articulares e musculares, dor de cabeça, náusea, fadiga e exantema (erupções na pele).
A principal manifestação clínica que a difere são as fortes dores nas articulações, que muitas vezes podem estar acompanhadas de edema. Além de febre e mal-estar, o vírus chikungunya pode provocar essas complicações no longo prazo, como inflamações nas articulações, que causam dores fortes, inchaço e limitação de movimento.
Números em Pernambuco
O boletim epidemiológico da Semana 17 confirmou 473 casos de chikungunya nos quatro primeiros meses de 2021. No mesmo período de 2020, as confirmações chegaram a 191. Essas ocorrências foram informadas por 73 das 184 cidades do estado.
A Secretaria de Saúde também apontou que, no primeiro quadrimestre de 2021, foram confirmados 683 casos de dengue. No mesmo período de 2020, o estado confirmou 2.616 casos da doença. ou seja, redução de 74%. A doença, segundo o estado, foi registrada em 139 dos 184 municípios pernambucanos.
No boletim, a secretaria faz uma ressalva sobe a coleta de dados de arboviroses, por causa da pandemia da covid-19. "Levando em conta o cenário de isolamento social e restrições, é provável, ou seja, há uma suspeita, de que houve certa subnotificação de casos, especialmente, em relação aos casos leves", afirmou o estado.
O governo também informou que a "orientação é que as pessoas procurem os serviços de saúde mais próximos de sua casa para que a notificação seja realizada".