SAÚDE

MPPE investiga presença de cadáveres em meio a pacientes no Hospital Getúlio Vargas, no Recife

A direção da unidade hospitalar confirmou que as fotos foram tiradas no local, mas alegou que, no momento do clique, os trâmites para remoção de corpos "estavam sendo realizados de acordo com as normas"

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Katarina Moraes

Publicado em 23/06/2021 às 15:21 | Atualizado em 23/06/2021 às 16:36
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Com informações da repórter Suelen Brainer, da TV Jornal

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio da Promotoria de Justiça da Saúde da Capital, vai apurar a denúncia de que cadáveres estariam sendo mantidos em meio a pacientes na unidade de traumas da emergência do Hospital Getúlio Vargas (HGV), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, que tem administração estadual. Imagens de dois corpos envolvidos em sacos plásticos em sala que abrigava enfermos foram divulgadas nessa terça-feira (22) pela TV Jornal, do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação.

A direção da unidade hospitalar confirmou que as fotos foram tiradas no local, mas alegou que, no momento do clique, os trâmites para remoção de corpos “estavam sendo realizados de acordo com as normas”. Além disso, explicou que quando ocorre um óbito o corpo é retirado “de forma adequada, utilizando material específico (saco de transporte), respeitando todos os critérios de manejo para que o procedimento seja feito com segurança pelos profissionais de saúde”.

Por nota, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) disse que, até o momento, “não recebeu nenhuma denúncia oficial dos órgãos de controle” sobre o caso, e que tomou conhecimento sobre ele através da imprensa, mas que solicitará “esclarecimentos da direção técnica do hospital”.

Um outro problema denunciado por representantes do Sindicato Profissional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Pernambuco (Saten-PE) seria a lotação na unidade de saúde. Nessa terça-feira (22), a reportagem TV Jornal foi até o HGV e constatou muitos pacientes aglomerados em frente e na recepção do hospital à espera de atendimento.

Sala Vermelha

Nesta quarta-feira (23), foi relatado que a situação crítica se repete na chamada “sala vermelha”, destinada a pacientes graves que precisam de atendimento imediato. Imagens feitas na ala mostram dezenas de pessoas sem qualquer tipo de distanciamento social - medida que evita a disseminação da covid-19. Com macas coladas, pacientes e acompanhantes não têm privacidade. Também há gente esperando por atendimento nos corredores e no chão do hospital.

Um comerciante que não quis se identificar contou que a mãe chegou à unidade de saúde na semana passada com o quadro de infecção urinária. Segundo ele, a família teria tentado várias vezes fazer a transferência da idosa de 75 anos para um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas, até agora, não teve respostas.

“As informações são desencontradas. Você chega na assistente social, e ela diz que não está no sistema. O médico diz que foi pedido, e a gente fica nesse jogo de empurra, empurra”, relatou. O acompanhante diz que os lençóis e objetos de higiene são levados pela própria família, porque a unidade não ofereceria esse suporte. Além disso, o chuveiro é improvisado.

A situação tem gerado medo e revolta entre as famílias. Um taxista conta que a mãe de 87 anos foi internada por causa de uma fratura na perna e foi infectada na unidade por uma pneumonia. “A gente vê descaso em cima de descaso. Eu fico horrorizado com isso. Falta cama, falta maca, falta muita coisa. Não tem o básico”, relata.

Sobre a lotação no HGV, o Cremepe disse que "tem realizado reuniões frequentes com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) para discutir a superlotação das emergências do Estado, escalas de médicos, além dos fluxos de atendimento para pacientes Covid-19 e não Covid-19."

Já a direção do HGV afirmou que a orientação sobre a importância do cumprimento das medidas sanitárias por parte dos pacientes e acompanhantes que buscam a unidade de saúde “faz parte da sua rotina”. Ainda destacou que “todo paciente que apresente qualquer sintoma gripal, ou relato de contato com caso positivo para Covid-19, é encaminhado para uma área específica da unidade”, com acesso feito de forma exclusiva e profissionais que atuam apenas no setor.

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