Investigação

Homens que perderam parte da visão em ação policial durante protesto no Recife prestam depoimento

Daniel Campelo, de 51 anos, e Jonas Correia, 29, atingidos durante ação policial que reprimiu protesto contra Bolsonaro no Recife, foram ouvidos nesta quarta-feira (23)

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Douglas Hacknen

Publicado em 23/06/2021 às 23:20 | Atualizado em 24/06/2021 às 1:32
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Com informações da repórter Suelen Brainer, da TV Jornal

Os dois homens que perderam parte da visão durante ação policial que reprimiu protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no último dia 29 de maio, no Recife, prestaram depoimento nesta quarta-feira (23), na Delegacia Judiciária Militar, no bairro do Derby, área central da cidade. O adesivador de táxis, Daniel Campelo, de 51 anos e o arrumador de contêiner, Jonas Correia, de 29 anos, compareceram ao local durante a tarde, acompanhados de seus advogados. 

Daniel foi o primeiro a chegar no quartel do Derby. Jonas chegou logo em seguida. O adesivador falou sobre a conduta da força policial na manifestação e pediu justiça. "Eu quero justiça. A conduta dos policiais deu nesta situação em que agente está. Nada contra os policiais, mas o erro foi cometido e a gente vai em busca do Estado para que seja resolvido".

Jonas, emocionado, lembrou do que aconteceu no dia do protesto contra Bolsonaro. "Eu lembro que um trabalhador saiu para correr atrás do pão de cada dia. Me deparei com o protesto. Fiz uma chamada de vídeo (para a esposa) para dizer que iria demorar. Um policial me abordou e eu expliquei que estava voltando do trabalho e não tinha nada com o protesto. Quando eu fui virar, dei dois passos, e o policial atirou no meu olho. Meu amigo falou para um policial me socorrer, mas ele disse que não tinha nada a ver", relatou.

O advogado de Daniel, Marcellus Ugiette explicou o que deve acontecer nos próximos dias. "Espero que seja o último (depoimento) que ele tenha que dar. Ele sofre muito quando fala sobre o assunto. A gente está aguardando uma nova proposta de pensão pelo Estado de Pernambuco. Se não vier, ou se vier e não for uma proposta digna e justa, nós vamos demandar juridicamente", disse.

O defensor público que acompanha Jonas destacou que continuam sendo discutidos os valores da indenização com o Estado. "Por enquanto, Jonas conta com o pagamento do hotel em que ele se encontra hospedado, enquanto são feitos ajustes em sua residência. Ele também conta com o benefício financeiro válido por três meses", informou.


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