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Pulseiras com cor em Fernando de Noronha distinguiriam pessoas por status e dinheiro

A primeira versão do projeto previa a entrega de pulseiras de pagamento de uma cor para artistas e influenciadores e de outra para moradores. Usuários de redes sociais disseram que o serviço traria "segregação"

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Amanda Azevedo, Douglas Hacknen

Publicado em 17/08/2021 às 22:59 | Atualizado em 18/08/2021 às 13:15
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Um projeto de distribuição de pulseiras para pagamentos em Fernando de Noronha gerou polêmica nas redes sociais. A primeira versão da iniciativa, que começaria a funcionar neste mês, previa entrega de pulseiras de uma cor para artistas e influenciadores e de outra para moradores. Muitos internautas viram o serviço como "segregação". 

Um texto publicado no dia 7 de julho, no site oficial de Fernando de Noronha, dizia que "o site Sou Noronha, em parceria com a administração da ilha, a plataforma digital Meep e o PagSeguro, lançou, no Palácio de São Miguel, uma nova forma de pagamento para moradores, comerciantes e turistas".

"Vão ser três tipos de passaportes (pulseiras), em cores variadas. Cada uma delas dará benefícios exclusivos ao turista. A azul poderá receber recargas até R$ 10 mil e o usuário ganhará brindes nos principais restaurantes da ilha. Com a black, as recargas serão acima de R$ 10 mil, com descontos e acessos garantidos em alguns restaurantes. A pulseira Embaixador/Influenciador tem todos os benefícios da pulseira black e será voltada para celebridades, influencers e artistas noronhenses. Existe ainda a opção pela pulseira rotativa (reutilizável) na cor verde, sem o pagamento do valor simbólico, que terá que ser devolvida obrigatoriamente pelo visitante na saída da ilha. Os ilhéus cadastrados vão receber a pulseira na cor cinza, sem exigência no valor de recarga", trazia outro trecho do texto.

A publicação afirmava ainda que o projeto, intitulado "Um novo jeito de viver Noronha", tinha o objetivo de garantir mais agilidade às transações financeiras para quem vive na ilha e aos que estão à passeio, sobretudo por conta da instabilidade da internet em locais afastados do centro. Entre as críticas que a iniciativa gerou, nesta terça-feira (17), houve comentários dizendo que Noronha tinha virado uma "imensa área VIP com diferenciação social" e que as pulseiras diferentes para moradores e turistas eram uma forma de "segregação".

"Gente, conseguiram fazer de Noronha uma imensa área VIP com diferenciação social. Estragam tudo! Era um parque ecológico, sabe? Pulseira para influencer? Sério? Que triste a sociedade", diz uma das publicações criticando as pulseiras.

"Se fazia planos de conhecer a ilha, essa ideia de pulseiras de cores diferentes me fez desistir. Estamos em 2021, e vocês voltaram no tempo. Segregação que se fala", traz outro comentário.

Projeto reformulado

Em nota, o Sou Noronha informou que as pulseiras coloridas eram uma  "ideia inicial e que não será implementada". Agora, "apenas serão identificados consumidores e comerciantes, por pulseiras verde e cinza, respectivamente". Segundo os responsáveis, o projeto foi desenvolvido para trazer facilidade e segurança nos meios de pagamento de Noronha, atendendo turistas e movimentando ainda mais o comércio local.

Leia a íntegra da nota do Sou Noronha

O Sou Noronha esclarece que o uso da pulseira eletrônica para facilitar as formas de pagamento na Ilha de Fernando de Noronha separada por categorias e cores se tratava de uma ideia inicial e que não será implementada.

Como as pulseiras estão em fase de produção, nenhum material foi distribuído a comerciantes ou usuários. A partir de agora, apenas serão identificados consumidores e comerciantes, por pulseiras verde e cinza, respectivamente. Dessa forma, usuários vão conseguir detectar de forma fácil quem está habilitado para a venda de créditos.

O projeto foi desenvolvido visando trazer facilidade e segurança nos meios de pagamento de Fernando de Noronha, atendendo turistas e movimentando ainda mais o comércio local.

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