Com informações de agências

Os portões do segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) fecharam às 13h deste domingo (28), com movimentação tranquila em relação ao primeiro dia. Os candidatos respondem em cinco horas 45 questões de matemática e 45 questões das ciências da natureza (química, física e biologia). Apesar da calma, participantes reclamaram de alguns trâmites no fechamento dos portões no Centro Universitário Brasileiro, na Boa Vista, Centro do Recife, um dos locais com mais candidatos fazendo a prova na Cidade.

Assim como na semana passada, é obrigatório o uso de máscara. Já os participantes que estiverem com covid-19 ou com outras doenças infectocontagiosas não devem comparecer ao exame e podem solicitar a reaplicação. O descumprimento dessas regras pode levar à eliminação do candidato.

Amigas de escola, as vestibulandas Silvia Luise, 18 anos, Lara Gonçalves, 18, Letícia Xavier, 18, acharam que a prova do último final de semana, de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e de Ciências Humanas e suas Tecnologias, foram confusas e sem contexto, mas estão confiantes para a deste domingo. "Achei a prova passada sem conteúdo, só de interpretação. Mas espero que hoje seja melhor", disse Lara, que tentará o Enem para Fisioterapia.

Já Beatriz Borba, 16, ainda está no primeiro ano do ensino médio e fez o exame só para treinar. "Minha escola pediu para que a gente viesse. Isso me ajuda a me preparar melhor sobre horários. Na semana passada, quase atrasei. Então já foi uma experiência, hoje saí mais cedo", contou.

A estudante Iara Camilla, 16, foi eliminada da prova por ter esquecido a carteira de identidade, um dos documentos exigidos. "Minha mãe foi para Água Fria, de moto, mas não chegou a tempo. Eu ia tentar para Farmácia, saí cedo de casa. Eu estava revisando com videoaulas antes de vir, mas eles não me deixaram entrar sem o documento. Só queria minha identidade, só isso", disse a candidata.

Em Pernambuco, o Enem está sendo realizado em 83 cidades. No Recife, os dois locais com mais candidatos do Enem ficam ficam na Boa Vista, na área central. A Universidade Católica De Pernambuco (Unicap) e a Unibra são os centros com mais pessoas.

Abstenções

Na semana passada, alguns candidatos relataram o fechamento de portões antes do horário. Maria do Carmo Mendonça e Carmem Nogueira, de 57 e 51 anos respectivamente, afirmaram que os fiscais da prova não deixaram candidatos entrarem, antes do horário previsto. "Nossos filhos já entraram, mas a gente fica aqui lutando pelos filhos dos outros. O portão tem que fechar às 13h, aí teve um menino que chegou às 12h59, mas ela (a fiscal) disse que o nosso relógio estava diferente", conta Maria do Carmo.

Esse número também contribuiu para uma abstenção registrada de 26% entre os 3,1 milhões de candidatos inscritos, índices do primeiro dia de provas. O número total de estudantes deste ano é o menor desde 2005, como mostrou o Estadão. As dificuldades impostas pela pandemia e as suas repercussões socioeconômicas afastaram milhares de alunos do exame, que é o principal caminho de acesso à universidade no País.

Primeiro dia de provas

O primeiro dia do exame, no domingo passado, trouxe um trecho da música Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho, questões sobre racismo, desigualdade de gênero, temática indígena e sobre a luta de classes, a partir de um texto de Friedrich Engels, coautor do Manifesto Comunista, com Karl Marx. Incluiu, ainda, um item com a música Sinhá, de Chico Buarque, além de trechos de outros cantores nacionais.

Já o tema da Redação foi "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil". O Enem 2021 está sendo marcado por polêmicas envolvendo tentativa de controle sobre o conteúdo da prova e crise com os servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pelo exame.