MANIFESTAÇÃO

Familiares protestam por morte de Vitor Kauã: "Não queremos que seja mais um jovem morto que cai no esquecimento"

O jovem foi assassinado no dia 11 de dezembro. Segundo a família, o disparo que atingiu o peito do jovem foi efetuado por um Policial Militar, em abordagem

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Katarina Moraes

Publicado em 24/12/2021 às 16:52 | Atualizado em 24/12/2021 às 17:24
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Na manhã desta sexta-feira (24), véspera de Natal, familiares e amigos do adolescente Vitor Kauã Souza da Silva, 17 anos, bloquearam a Rua Manuel de Medeiros, no bairro de Dois Irmãos, na Zona Oeste do Recife, em protesto. Sob gritos de justiça, o grupo pedia agilidade nas investigações da morte do adolescente, que completa 15 dias.

>> PMs envolvidos na morte de adolescente, no Recife, são afastados das ruas

Vitor Kauã Souza foi morto no dia 11 de dezembro, no bairro de Sítio dos Pintos, Zona Norte do Recife. Segundo familiares, o disparo que atingiu o peito do jovem foi efetuado por um Policial Militar durante abordagem.

 

 

Reprodução/TV Jornal
Com camisas brancas estampadas com a foto do adolescente, o grupo queimou pneus e fez uma corrente humana na via. - Reprodução/TV Jornal
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A ação bloqueou a Rua Manuel de Medeiros, na Zona Oeste do Recife, em protesto. - Reprodução/TV Jornal
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"Não queremos confusão, queremos agilidade nas investigações. Esse é um protesto pacifico", disse Luiz Amâncio, pai do adolescente. - Reprodução/TV Jornal

Com camisas brancas estampadas com a foto do adolescente, o grupo queimou pneus e fez uma corrente humana na via. Segundo a Autarquia de Trânsito e Transporte (CTTU), o trânsito na área foi liberado às 8h15.

Luiz Amâncio, pai do adolescente, descreve a dor da família e enfatiza o propósito da manifestação. “Não queremos confusão, queremos agilidade nas investigações. Esse é um protesto pacifico. Não queremos que ele seja mais um jovem morto que cai no esquecimento”, disse.

A dona de casa Janaina Silva falou do vazio que é passar o primeiro Natal sem o filho. “Hoje vai ser muito difícil sem ele, é duro até pensar. Não tenho mais plano nenhum. A noite de hoje será triste”, lamentou.

A redação do JC entrou em contato com as Polícias Civil e Militar para pedir esclarecimentos sobre o andamento da investigação, mas ainda não obteve resposta.

Entenda o caso

ALEX OLIVEIRA/JC IMAGEM
MISTÉRIO Vitor estava na garupa de moto com amigo quando morreu - ALEX OLIVEIRA/JC IMAGEM

Segundo parentes, Vitor Kauã Souza da Silva estava na garupa a caminho de uma farmácia para comprar remédios para a mãe do amigo, que pilotava a moto. Em abordagem, policiais teriam pedido para que eles parassem, mas o motociclista não obedeceu por não ter carteira de habilitação. Então, os tiros foram efetuados.

Já a Polícia Militar afirma, em nota, que a equipe soube, por meio de populares, de uma dupla que estava praticando assaltos no local em uma motocicleta. "Os policiais seguiram em diligências e visualizaram os suspeitos, que ao perceberem a presença do efetivo policial efetuaram disparos de arma de fogo contra os PMs, que revidaram a injusta agressão, atingindo um dos suspeitos."

Vitor foi baleado no peito e chegou a ser encaminhado até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu ao ferimento. O amigo, maior de idade, não ficou ferido. "Está chorando e desesperado por causa do amigo, teve que tomar remédio para dormir. Foi prestar depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e foi liberado, mas deve voltar lá amanhã", contou um parente que preferiu não se identificar.

"Os policiais foram brutos com eles, tiro no peito é execução. Isso não é modo de abordar alguém. O menino não tinha passagem pela polícia, na minha família ninguém nunca se envolveu com droga, com nada. É uma dor muito grande, a gente sempre vê isso, mas achava que nunca ia acontecer na minha família. Hoje vou enterrar meu sobrinho, um menino novo, com um futuro brilhante pela frente, trabalhador, esforçado e estudioso", disse o tio, o vigilante Manoel José de Souza.

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