Polícia Civil

Dois homens são presos suspeitos de assaltar motoristas de aplicativo no Grande Recife

Polícia estima que 15 veículos tenham sido roubados

Imagem do autor
Cadastrado por

Ana Maria Miranda

Publicado em 21/03/2022 às 11:31 | Atualizado em 21/03/2022 às 11:55
Notícia
X

A Polícia Civil divulgou nesta segunda-feira (21) a prisão de dois homens, de idades não informadas, suspeitos de assaltar motoristas de aplicativo no Grande Recife. Os dois mandados de prisão foram cumpridos na última sexta-feira (18). Um terceiro suspeito de integrar o grupo está foragido.

De acordo com o delegado de Jaboatão dos Guararapes, Ricardo Lima, é estimado que 15 veículos tenham sido roubados pelo trio. "Eles usavam o aplicativo do Uber ou do 99 Pop com um nome falso e chamavam uma corrida. Quando eles embarcavam no veículo dessa pessoa, com pouco tempo depois, anunciavam o assalto e levavam os pertences [do motorista], e sempre subtraíam também o veículo", explicou.

As investigações começaram em agosto de 2021, quando um motorista de aplicativo procurou a delegacia para informar que havia sido roubado durante uma corrida. Ele teve o veículo e outros pertences roubados e foi deixado em Jaboatão. Segundo a polícia, só no município, seis inquéritos de crimes atribuídos a um dos homens presos foram concluídos e encaminhados à Justiça.

A polícia acredita que o foco principal do grupo criminoso era o roubo dos carros, que eram vendidos em outras cidades. Dos veículos citados, apenas um foi recuperado, no estado da Paraíba. Os homens presos responderão por roubo e extorsão, uma vez que também realizaram saques no cartão de uma das vítimas.

As diligências continuam para tentar identificar outros casos cometidos pelo trio, também em outras cidades do Grande Recife, como São Lourenço da Mata. O delegado Ricardo Lima citou a pobreza de detalhes fornecidos pelas vítimas sobre os suspeitos como uma dificuldade na investigação.

Violência contra motoristas de aplicativo

Em fevereiro, o JC já havia chamado a atenção para o aumento da violência contra motoristas de aplicativo de transporte individual privado na Região Metropolitana do Recife (RMR). Em 2021, foram pelo menos dez motoristas baleados, dos quais sete morreram. O número de motoristas de app baleados aumentou 43% em 2021 em relação ao ano anterior, de acordo com levantamento do Fogo Cruzado.

Representantes dos motoristas parceiros alertam que vários destes crimes tratam-se de latrocínios (roubo seguido de morte). Foi o caso do motorista Kelvis Henrique Santos de Carvalho, 30 anos, assassinado a facadas no dia 31 de janeiro para ser assaltado no Cabo de Santo Agostinho. Segundo informações repassadas pela família da vítima, na época, o motorista pegou a corrida com medo e chegou a compartilhar a localização com a esposa. O autor do crime foi preso pela polícia no mesmo dia e confessou o latrocínio.

Por causa da insegurança, a Associação dos Motoristas e Motofretistas por Aplicativos de Pernambuco (Amape) defende a abordagem policial aos passageiros e a identificação dos motoristas, por exemplo. Reuniões já foram realizadas com representantes de forças policiais para debater o tema, mas até agora, os projetos propostos pela categoria não foram postos em prática.

"A gente reconhece e parabeniza a Polícia Civil [pelas prisões], mas isso não resolve o problema. É um caso bem sucedido dentre vários que não têm solução. A situação está muito difícil", comenta o presidente da Amape, Thiago Silva.

Uma das propostas sugeridas pelos motoristas foi a realização da operação "App Seguro", com foco na abordagem policial também dos passageiros, para coibir assaltos aos condutores e o tráfico de drogas no Grande Recife, Vitória de Santo Antão, Caruaru, Garanhuns e Petrolina, onde funcionam os aplicativos de transporte individual de passageiros.

Segundo a Amape, um projeto semelhante rendeu resultados positivos em Belo Horizonte. "O tráfico de drogas é muito comum nas viagens de aplicativo. Quando o passageiro entra, muitas vezes está com uma mochila, uma sacola, e o motorista não tem como perguntar do que se trata, mas podem ser drogas e até armas", apontou. Silva informou ainda que, na semana passada, enviou um ofício à Secretaria de Defesa Social (SDS) cobrando uma nova reunião para discutir o problema. A categoria aguarda uma resposta sobre o novo encontro.

Tags

Autor