Padre Reginaldo Veloso, ex-pároco do Morro da Conceição, morre aos 84 anos
Ele conduziu a paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Morro por 12 anos, entre 1978 e 1989
O padre Reginaldo Veloso morreu nessa quinta-feira (19) no Recife, aos 84 anos. O ex-pároco do Morro da Conceição, que foi expulso das funções sacerdotais, estava internado há mais de um mês na Unidade de Tratamento Intensivo de um hospital da capital pernambucana.
O padre fazia tratamento de um câncer na bexiga, mas não resistiu. Ainda não há informações sobre o velório e o sepultamento do religioso.
Reginaldo Veloso era conhecido pela luta pelos mais pobres, e recentemente recebeu o título de cidadão pernambucano da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Ele era natural de São José da Lage, em Alagoas.
"Oficialmente não era mais padre, porque casou, mas ele continuava se considerando padre e por muitos assim era considerado. Uma tristeza", lamentou seu colega de militância, o jornalista Marcelo Mário de Melo, ao Blog de Jamildo. Reginaldo Veloso deixa a companheira e um filho.
O padre conduziu a paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Morro por 12 anos, entre 1978 e 1989. Lá, desenvolveu um trabalho comunitário, voltado para construção de uma Igreja democrática, participativa e de empoderamento do povo em busca dos seus direitos.
Em 1973, o padre fez parte da elaboração da carta "Eu ouvi os clamores do meu povo", que pedia o fim da opressão aos mais pobres, e exigia acesso universal à água e habitação. Reginaldo Veloso fez ainda parte do Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC), e se destacou nos movimentos de oposição à ditadura militar, período no qual foi processado pela Lei de Segurança Nacional.
Expulsão da igreja
O sacerdote foi expulso da Igreja Católica no final de 89, pelo então arcebispo dom José Cardoso Sobrinho. Apesar disto, ele continuava acompanhando pequenas comunidades no entorno do Morro da Conceição, prestando assessoria a movimentos, a dioceses e a congregações religiosas.
Em entrevista ao comunicador Geraldo Freire, da Rádio Jornal, no ano passado, Reginaldo Veloso comentou a chamada "Teologia da Libertação".
"Eu não sei se a gente deveria falar de politização de movimentos ou da Igreja. Eu diria que a fé cristã tem uma dimensão política, no sentido de que quem é cristão é uma pessoa que está no mundo com o compromisso com Jesus Cristo. Que nos ensinou a pedir a papai do céu todo dia que o reino dele venha, que seja feita a vontade dele na Terra como no céu, que haja pão pra todo mundo, que haja perdão e compreensão entre as pessoas se não não se vai a lugar nenhum e que a gente supere a tentação maior do egoísmo, cuidar de si pois é cada um por si e o diabo por todos e não Deus", disse.