URBANISMO

Em desuso desde 2000, icônico Edifício Chanteclair, no Recife, será reaberto temporariamente. Conheça a história do prédio

Para receber a CASACOR Pernambuco deste ano, o imóvel vai passar por obras de adequação a partir de julho

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Katarina Moraes

Publicado em 27/05/2022 às 11:07 | Atualizado em 27/05/2022 às 11:30
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Finalmente, o Edifício Chanteclair, no Bairro do Recife, voltará a ser ocupado - ainda que por um curto período de tempo - após 22 anos de desuso. O icônico imóvel, cuja história se mistura à da cidade, será sede dos 35 anos da CASACOR Pernambuco, mostra de arquitetura que acontecerá entre 6 de outubro e 20 de novembro no coração da capital pernambucana.

O imóvel foi construído no século XX e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1998. Em 2007, foi transformado em um espaço de utilidade pública pela Prefeitura do Recife. Hoje, pertence oficialmente à Santa Casa de Misericórdia, mas é cedido à Realesis Empreendimentos, gestora do Complexo Paço Alfândega.

Inicialmente, o Chanteclair - ou Chantecler, como já foi chamado - servia como residência para trabalhadores dos escritórios alfandegários. Nas décadas de 40 e 50, era ocupado por salões de festas, bares e restaurantes. Entre 60 e 80, tinha pensões e prostíbulos, enquanto no térreo funcionavam lojas, bancos, lanchonetes e o restaurante Gambrinus, o último locatário a deixar o prédio, em 2000.

O imóvel é composto de térreo, sobreloja, primeiro e segundo pavimentos, com 106 janelas e 130 portas. É um conjunto de seis casas conjugadas que ocupa uma quadra inteira do bairro, delimitada pelo Cais da Alfândega, Avenida Marquês de Olinda, Rua Madre de Deus e Rua Vigário Tenório.

O edifício passou por restaurações em 2001 e em 2010, mas os banhos de loja nunca trouxeram de volta a função principal de um prédio: a de ser ocupado. Por enquanto, permanece imponente e vazio às margens do Rio Capibaribe, em uma das vistas mais bonitas do Recife.

Para receber a mostra deste ano, o Chanteclair vai passar, a partir de julho, novamente por obras de adequação. Com tema “Infinito Particular”, a CASACOR ocupará o térreo e algumas áreas externas, como o trecho da Rua Vigário Tenório, que fica na lateral do prédio. Além disso, estimulará os arquitetos a utilizarem os elementos arquitetônicos presentes nele.

Foi justamente pela bagagem histórica que a CASACOR o escolheu, segundo as diretoras do evento. “Nada mais incrível do que estar presente num imóvel de tamanha importância, no coração do Recife, que é o Chanteclair”, descreve emocionada, Gabriela Coutinho. “Faremos uma CASACOR com todo respeito e admiração que temos pelo edifício, será um resgate do Bairro do Recife, do Chanteclair, unido à CASACOR, para a nossa cidade”, conta Isabela Coutinho.

A CASACOR 2022 contará com a parceria da Prefeitura do Recife, por meio do Programa Recentro, plano de manutenção, de cuidado e de revitalização para o centro da cidade, já que a mostra vai interferir na dinâmica da região por mais de um mês.

“A Prefeitura chega junto, abraçando, apoiando a realização de mais uma edição da CASACOR, entendendo que essa é uma política fundamental do Recentro, ativar os imóveis desocupados e atrair as pessoas para revisitar, reviver, o nosso Centro Histórico”, explicou Ana Paula Vilaça, secretária do Chefe de Gabinete da prefeitura.

No entanto, ainda não foram apresentados planos para ocupação permanente do Chanteclair, que deve permanecer em desuso com o fim do evento.

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