HISTÓRICO

CHUVAS EM PERNAMBUCO: tragédia em 2022 supera cheia de 1975 em número de mortos

O Estado ultrapassou o número de 104 pessoas que morreram nas cheias de 1975, quando a cidade do Recife ficou submersa

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 31/05/2022 às 16:17 | Atualizado em 31/05/2022 às 21:13
DIEGO NIGRO/AFP
PREVENÇÃO Tecnologia deve ajudar, principalmente, as pessoas que vivem em áreas de morro - FOTO: DIEGO NIGRO/AFP

Chuvas intensas, falta de infraestrutura e de controle urbano foram o combo que levou Pernambuco a registrar, nesta semana, o maior desastre natural em número de mortos em toda a sua história. Com 106 vítimas confirmadas e ainda 10 desaparecidos, até a tarde desta terça-feira (31) - a maioria soterrada por deslizamentos de terra -, o Estado ultrapassou o número de 104 pessoas que morreram nas cheias de 1975, quando a cidade do Recife ficou submersa.

O número foi atualizado às 15h45 desta terça, a partir da localização de corpos de mais seis vítimas por volta das 14h pelo Corpo de Bombeiros de Pernambuco. Três pessoas foram encontradas na Vila dos Milagres e outras três em Jardim Monteverde – nessa localidade, os trabalhos de buscas se encerram, uma vez que todos os desaparecidos foram encontrados. Ainda há 10 pessoas desaparecidas no Estado.

A Defesa Civil do Estado (Codecipe) também contabilizou, até a manhã de hoje, 6.198 pessoas desabrigadas pelas chuvas.

Ao todo, 24 municípios decretaram situação de emergência. Estas são Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, São José da Coroa Grande, Moreno, Nazaré da Mata, Macaparana, Cabo de Santo Agostinho, São Vicente Ferrer, Paudalho, Paulista, Goiana, Timbaúba, Camaragibe, São Lourenço da Mata, Abreu e Lima, Araçoiaba, Igarassu, Aliança, Glória do Goitá, Vicência, Bom Jardim, Limoeiro e Passira

Enquanto isso, a Agência Pernambucana de águas e Clima (Apac) prevê a continuidade de chuvas rápidas ao longo do dia, com volumes moderados, tanto na Região Metropolitana do Recife como na Mata Norte. Na Mata Sul, Agreste e Sertão as chuvas serão isoladas, com poucos acumulados. A mesma previsão é válida para amanhã, segundo a Apac. O alerta segue ligado para novos deslizamentos, já que solos ainda estão encharcados nas áreas afetadas.

Cheia de 1975

Em 1975, mais precisamente entre a madrugada do dia 17 e o início da tarde do dia 18 de julho, há quase 48 anos, a capital pernambucana sofreu, até então, a maior catástrofe natural de sua história, quando houve uma devastação causada pelo transbordamento do Rio Capibaribe.

A enchente provocou a morte de mais de 100 pessoas e deixou cerca de 350 mil desalojados, cobrindo 80% do território da cidade. Segundo laudos do Instituto de Medicina Legal (IML), a temível cheia matou as centenas de vítimas de várias formas.

Foram identificados: 32 afogamento, 13 casos de morte súbita – a maioria por ataque cardíaco –, 28 mortes naturais (muitas por doenças gastro-intestinais, causadas pelo consumo de água contaminada) e até mesmo quatro suicídios, possivelmente motivados pelo pânico de ver a cidade sob as águas.

Recife ficou de joelhos perante a força da natureza. Foram 31 bairros e 370 ruas atingidas pelo transbordamento do Rio Capibaribe, por conta das fortes chuvas. Não à toa, os bairros que ficam na bacia do curso-d’água – Caxangá, Iputinga, Cordeiro, Casa Forte, Afogados, Madalena entre outros – foram os mais atingidos. Ruas inteiras ficaram embaixo d’água, houve desabamentos, milhares de flagelados, e o pior: vidas, de todas as classes sociais, foram interrompidas.

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