Nos últimos cinco dias, as fortes chuvas vêm deixando suas marcas na Região Metropolitana do Recife. Alagamentos, deslizamentos de barreiras, falta de energia em vários bairros, veículos enguiçados por conta de ruas e avenidas cheias de água. O governo do Estado confirmou neste domingo (29) a marca de mais de 50 mortes confirmadas, além de outras 56 pessoas desaparecidas. Os números são superlativos e trazem de volta o temor em relação à trágica história do Recife e suas enchentes.
É inevitável que nesses dias caóticos provocados pela grande quantidade de água que cai no Recife e nas cidades vizinhas, não nos recordemos da tragédia de 1975. Naquele ano, mais precisamente na madrugada do dia 17 e o início da tarde do dia 18 de julho - prestes a completar 47 anos -, a capital pernambucana sofreu a maior catástrofe natural de sua história, quando houve uma devastação causada pelo transbordamento do Rio Capibaribe.
A enchente de 1975 provocou a morte de 104 pessoas e deixou cerca de 350 mil desalojados, cobrindo 80% do território da cidade. Segundo laudos do Instituto de Medicina Legal (IML), a temível cheia matou as centenas de vítimas de várias formas... Foram identificados: 32 afogamento, 13 casos de morte súbita – a maioria por ataque cardíaco –, 28 mortes naturais (muitas por doenças gastro-intestinais, causadas pelo consumo de água contaminada) e até mesmo quatro suicídios, possivelmente motivados pelo pânico de ver a cidade sob as águas.
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Recife ficou de joelhos perante a força da natureza. Foram 31 bairros e 370 ruas atingidas pelo transbordamento do Rio Capibaribe, por conta das fortes chuvas. Não à toa, os bairros que ficam na bacia do curso-d’água – Caxangá, Iputinga, Cordeiro, Casa Forte, Afogados, Madalena entre outros – foram os mais atingidos. Ruas inteiras ficaram embaixo d’água, houve desabamentos, milhares de flagelados, e o pior: vidas, de todas as classes sociais, foram interrompidas.
Se passaram quase 47 anos dessa tragédia, mas o cenário nos dias de chuva no Recife e na sua Região Metropolitana, infelizmente, segue bem contemporâneo. A cada vez que um alerta meteorológico é emitido, o medo toma conta da população pernambucana. A cidade, que em sua maioria foi construída após aterramento de manguezais, ainda carece de um investimento significativo para tais tragédias naturais, como uma melhor rede de drenagem pluvial, além de saneamento básico adequado.
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DOCUMENTÁRIO
Assista ao vídeo gravado por Fernando de Oliveira, compositor de frevo e filho de Waldemar de Oliveira. Os registros foram feitos em Super 8. Um belo minidocumentário sobre a cheia.
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