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Ocupação de famílias sem-teto é destruída em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife

Segundo os moradores, a ação teria sido feita por cerca de 15 homens encapuzados e armados, sem a presença da polícia ou aviso prévio de despejo

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Katarina Moraes

Publicado em 06/07/2022 às 10:33 | Atualizado em 06/07/2022 às 16:15
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Com informações da repórter Dyandhra Monteiro, da TV Jornal

ocupação 1º de Maio, que fica em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, foi surpreendida no início da manhã desta quarta-feira (6) com a entrada de duas retroescavadeiras que destruíram boa parte dos barracos. Lá, viviam cerca de 100 pessoas em vulnerabilidade social.

Segundo os moradores, a ação teria sido feita por cerca de 15 homens encapuzados e armados, sem a presença da polícia ou aviso prévio de despejo. O terreno, que fica na Rua Jorge Couceiro da Costa Eiras, é ocupado pelo Movimento Urbano dos Trabalhadores Sem-Teto (MUST) desde 1º de maio deste ano.

"Foi muito assustador, porque vimos as carretas derrubando por trás. Não deram liberdade para a gente tirar nada, ainda quebraram o celular de quem foi gravar. Agrediram, deram tiros para cima sem respeitar ninguém", disse a dona de casa Lúcia Helena, que vivia no local com filho de 6 anos.

Os ocupantes também explicaram que as retroescavadeiras teriam atingido a fiação do local - o que deu início a um incêndio. O Corpo de Bombeiros de Pernambuco (CBPE) foi acionado para a ocorrência por volta das 7h, e encaminhou duas viaturas para o local, uma de Combate a Incêndio e outra de Comando Operacional. A ocorrência finalizada às 07h58 e não houve vítimas.

Nas calçadas, restou o pouco que alguns moradores conseguiram salvar. "Eu tinha ido deixar o menino no colégio e quando cheguei, meu barraco já estava destruído. Perdi tudo, meus móveis, fogão, geladeira, cama, sofá, tudo que eu tinha. Eu não tenho nem força para estar falando", disse a desempregada Roseane da Silva, que mora com a esposa e os enteados.

O advogado Bernardo Weinstein, que representa o MUST, defendeu que a ação foi ilegal e que a Justiça vai ser acionada para que as famílias sejam indenizadas. "Foi acionada uma decisão judicial contra essa ocupação, que está sendo questionada no tribunal, portanto essa ação de despejo que foi patrocinada hoje não é do estado, mas da empresa que se reivindica como proprietária do terreno. Ela teria que discutir na justiça e não vir por conta própria e com suas próprias máquinas", disse.

A Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) foi acionada para verificar a "suposta presença de pessoas armadas e ateamento de fogo em barracos". Não houve detidos, e a via foi liberada. "O batalhão deixou uma equipe no local para assegurar que novos problemas não voltassem a acontecer", pontuou.

A reportagem do JC tenta contato com a empresa que teria efetuado a ação, mas todos os telefones divulgados estão indisponíveis. O espaço está aberto para respostas. 

A União e o Tribunal de Justiça de Pernambuco também foram acionados para esclarecer sobre a titularidade do terreno e a ação de despejo. A matéria será atualizada assim que um posicionamento for encaminhado.

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