Suspeito de feminicídio no Recife usava tornozeleira por tentativa de homicídio e era processado por violência doméstica
Imagens de câmera de segurança mostram os últimos momentos da gerente Renata Alves da Costa no elevador do prédio onde morava, pouco antes dela ser morta
Com informações do repórter Emerson Pereira, da TV Jornal
O principal suspeito de ter assassinado a gerente Renata Alves da Costa, de 35 anos, no bairro de Campo Grande, na Zona Norte do Recife, no último sábado (6), já acumulava processos por tentativa de homicídio e por violência doméstica. Ele foi preso nesta segunda-feira (9).
Ele, que era psicólogo, atirou contra dois funcionários do Mar Hotel, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da cidade, em 2019, após os trabalhadores terem tentado impedi-lo de agredir a ex-companheira. Circuito de segurança registrou a ação:
Os funcionários entraram com processos cíveis com pedidos de danos morais e materiais devido à tentativa de homicídio, que tramitam na 34ª Vara Cível da Capital. Eles pedem indenizações de R$ 90 mil e R$ 80 mil cada, pelas sequelas que sofreram na ocasião.
Por causa do crime, segundo a polícia, ele usava tornozeleira eletrônica. No sábado, entretanto, o Centro de Monitoramento de Reeducandos, da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), identificou que ele rompeu o dispositivo.
O órgão disse que comunicou o fato ao Tribunal de Justiça, que é o responsável por tomar as medidas cabíveis.
Ainda, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) indica três cartas precatórias enviadas pela 2ª Vara de Violência Doméstica e Família Contra a Mulher do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA).
Até a publicação desta reportagem, o Portal do Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) não indicava que havia mandados de prisão ou de internação pendentes de cumprimento contra o suspeito.
O TJPE da 34ª Vara Cível da Capital e das Quatro Varas do Tribunal do Júri aguarda resposta para saber se há algum processo tramitando não indicado na consulta pública.
Vídeo mostra últimos momentos de Renata
Imagens de câmera de segurança mostram os últimos momentos de Renata no elevador do prédio onde morava. Ela entrou no equipamento às 17h07, acompanhada do suspeito do crime. Três horas depois, por volta das 20h, ele é visto deixando o condomínio de carro.
O corpo da vítima foi encontrado no domingo (7) pela Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) com ferimento provocado por um tiro na testa no apartamento dela, no 16º andar. A perícia constatou que ela foi morta na noite anterior. Ela foi enterrada na manhã desta terça-feira (9).
O caso é investigado como um feminicídio; ou seja, quando a mulher é assassinada por questão de gênero. O principal suspeito do crime é o namorado da vítima, que está sendo procurado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Feminicídio em Pernambuco
O balanço do primeiro semestre de 2022 da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) mostra que, entre janeiro e junho deste ano, a polícia somou 39 feminicídios no Estado. A média é de uma morte a cada quatro ou cinco dias.
O número é 27,8% menor em relação ao primeiro semestre de 2021, quando 54 feminicídios foram contabilizados em Pernambuco.
Também referente ao primeiro semestre deste ano, segundo SDS, 19.889 mulheres procuraram as delegacias de Pernambuco para prestar queixas de algum tipo de violência doméstica (como ameaça ou agressão, por exemplo).
Isso significa que, em média, cinco boletins de ocorrência foram registrados por hora. São 109 pedidos de socorro diários.
No mesmo período de 2021, a polícia somou 20.276 queixas de violência doméstica em Pernambuco. Houve queda de 1,91% nos registros neste ano.