O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo, mandou um recado aos moradores da Zona Sul do Recife, durante a missa realizada neste domingo (28).
Em sua paróquia, na Igreja de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, na região Central de São Paulo, padre Júlio, que tem um reconhecido trabalho de acolhimento e apoio a pessoas em condição de moradores de rua, se referiu aos protestos feitos na semana passada na capital pernambucana.
Nos últimos meses, um grupo de moradores de Setúbal, bairro da Zona Sul do Recife, vizinho a Boa Viagem, tem feito protestos contra a instalação de um Centro Especializado de Atendimento da População em Situação de Rua (Centro POP). O grupo chegou a recolher 4 mil assinaturas e faz passeatas semanalmente, pedindo negociação com o poder municipal.
Padre Júlio diz que Recife não é a única cidade a promover manifestações contra o Centro POP
"Nosso carinho e nosso afeto a toda população em situação de rua. Nossa saudação a todos que no Recife lutam para que o povo da rua não seja descriminado. E aos irmãos e irmãs de Boa Viagem, acolham os irmãos de rua! Não os rejeitem!", pediu o padre Júlio durante a homilia.
Em outro trecho da missa, Padre Júlio lembrou ainda que não é apenas no Recife que surgem manifestações contra ações de acolhimento de pessoas em situação de rua. "Muita gente diz que o Brasil é um país cristão. Mas aí alguém vai dizer - só que não! O Brasil é um pais cristão com 33 milhões de pessoas abaixo da linha da miséria e atingidos pela fome? Como o Brasil é um país cristão, se em várias cidades há manifestações para não se ter acolhimento para pessoas em situação de rua? Vimos essa manifestação em Boa Viagem, no Recife. Mas aqui mesmo, na Vila Maria, fizeram um abaixo assinado com 20 mil assinaturas contra o centro POP", disse o pároco, citando ainda que manifestações semelhantes acontecem em várias cidades brasileiras.
Padre Júlio concluiu advertindo aos fiéis. "A todos que ainda são marcados pela aporofobia [aversão ao pobre], por todo tipo de LGTBfobia, por toda forma de discriminação e preconceito, estejam atentos [...] a nossa fé tem incidência na realidade. Tem incidência histórica".
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