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Conexão Saúde: é preciso saber viver (bem) a longevidade

Geração de idosos do século 21 é formada por homens e mulheres com energia, uma programação extensa de atividades e o desejo de realizar cada vez mais

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Publicado em 30/08/2022 às 7:13
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DISPOSIÇÃO Maria Eduarda, 70, é um exemplo de pessoa que vivencia idade cheia de vigor - FOTO: GABRIEL FERREIRA/JC IMAGEM
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A busca por uma vida longa e com qualidade é algo almejado por todos. E este desejo vem sendo reforçado cada vez mais, com o aumento da expectativa de vida do brasileiro. Atingir os 60 anos, idade que marca a entrada de homens e mulheres na “fase idosa” da vida, é algo que não se dá como há 20 anos. A geração de idosos do século 21 vem sendo formada por homens e mulheres com energia, uma programação extensa de atividades a cumprir e uma vontade de realizar cada vez mais.

A aposentada Maria Eduarda Oliveira, 70 anos, é um exemplo dessa nova safra de pessoas que vivenciam a terceira idade cheias de vigor. Ela mantém uma agenda semanal de atividades, que vai desde caminhada matinal, cinema três vezes por semana e um caderninho com a programação completa dos eventos dos finais de semana. Ela conta que chega a ser difícil escolher qual o roteiro a seguir. As viagens também são obrigatórias na vida dela, além de um cuidado com a alimentação saudável e o contato com a netinha, ainda bebê.

“Minha rotina inicia sempre às 7h da manhã com um grupo de caminhada matinal, que se reúne na Beira-Rio e na Jaqueira. Apesar de estar aposentada, meu dia a dia é muito puxado. Eu não gosto de ficar em casa. Adoro passear, ir ao teatro, cinema, encontrar os amigos. Para mim o essencial para manter a longevidade é manter contato com os amigos e a família. Faço parte ainda de um grupo chamado 'Andar a Pé', com o qual viajo para o interior de Pernambuco fazendo trilhas, é maravilhoso”, afirma Dona Duda, como é chamada pelos amigos.

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A aposentada Maria Eduarda Oliveira, 70 anos, mantém uma agenda semanal de atividades - GABRIEL FERREIRA/JC IMAGEM

A médica geriatra Maria Guedes confirma que a vida ativa de Eduarda é uma tendência atual de homens e mulheres vivenciarem a velhice. Para ela, aquela simbologia da vovó agasalhada e sentada na cadeira de balanço tem ficado para trás.

”Cada vez mais os indivíduos têm chegado à terceira idade com capacidade funcional e laboral mantidas. Isso significa que temos idosos que trabalham, viajam e mantêm suas atividades de modo semelhante aos adultos jovens. O envelhecimento populacional é uma realidade e todos têm que se adaptar e saber cuidar dessa população. Isso inclui estimular a independência, reforçar a capacidade de decisão e tomar condutas alinhadas com os desejos dos idosos”, destaca.

É preciso também destacar que, segundo a profissional, homens e mulheres têm chegado à terceira idade de formas diferentes. O fato do homem ainda evitar dar a devida atenção à saúde e aos cuidados preventivos, afeta a forma como o corpo acompanha o passar da idade.

“Tradicionalmente, as mulheres têm chegado à velhice com mais saúde que os homens. Elas ainda contam com o fato da expectativa de vida ser maior para elas. Isso provavelmente vem do fato de darem mais atenção aos cuidados preventivos, buscarem mais atendimento médico e ainda estarem menos expostas aos riscos ocupacionais e ambientais. Do ponto de vista psíquico e social, as mulheres também se cuidam mais, elas são mais atentas com a saúde mental e, em geral, têm a vida social mais ativa que os homens”, explica a médica geriatra.

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Milde Cavalcanti, 63, já percorreu 200 km em 10 dias no Caminho de Santiago, faz pilates e mantém uma vida profissional e social bem agitada - DIVULGAÇÃO

Outro exemplo de vitalidade é a enfermeira sanitarista, em atividade, e professora aposentada, Milde Cavalcanti, 63. Apaixonada por Carnaval, ela aproveitou a pandemia para se matricular nas aulas online da Escola de Frevo do Recife. Foram três meses de aula, duas vezes por semana.

Antes do isolamento social obrigatório, em 2019, ela realizou um sonho: aos 60 anos, percorreu 200 km em 10 dias no Caminho de Santiago. Como se não bastasse, ainda faz pilates e mantém uma vida profissional e social bem agitada. Segundo ela, o segredo é ter objetivos e metas de vida para manter-se ativa mental e fisicamente. Além de trabalhar, procurar fazer coisas prazerosas e ter boa alimentação.

“Duas vezes por semana faço Pilates. Isso está incorporado à minha rotina há 11 anos. É para toda a minha vida, me dá energia e vitalidade, trabalha a concentração, a execução dos exercícios, a respiração, a força muscular, a elasticidade e o equilíbrio postural do corpo. Ainda faço aula de frevo, agora presencialmente, por prazer e também como exercício físico; é a minha academia de ginástica. O frevo é vida e energia”, pontua.

Milde completa deixando uma dica para a vida e aqueles que sonham em chegar na idade dela dessa forma: "É preciso ter objetivos na vida. Manter a mente ocupada, com bons pensamentos. Ter prazer em trabalhar. Tentar o máximo fazer o gosta e dá prazer. Manter uma rotina de exercícios físicos, para a máquina do corpo não travar com o avançar da idade. Estar atenta e ser crítica, a todos os acontecimentos que estão acontecendo no Brasil e no mundo”, fala, com a segurança de quem tem saúde para dar e vender.

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Para a especialista em geriatria Maria Magalhães, não existe data certa para se preparar para vivenciar a longevidade com qualidade de vida - DIVULGAÇÃO

HORA DE IR AO GERIATRA

Embora atualmente os 60 anos sejam a idade tradicionalmente considerada como a entrada para a fase idosa da vida, a especialista em geriatria Maria Magalhães lembra que não existe data certa para se preparar para vivenciar a longevidade com qualidade de vida. Segundo ela, o segredo é manter o pensamento ligado na tríade manter-se ativo fisicamente, seguir uma alimentação saudável e cuidar de suas doenças.

“Não devemos esquecer também de construir boas relações sociais e manter a mente sempre ativa. Na maioria dos casos, quando é atingida a idade de 60 anos no Brasil, já se pensa em buscar um geriatra. No entanto, apesar do geriatra ser o médico especialista na saúde do idoso, não é preciso ser idoso para ser acompanhado pelo geriatra. Existe um entendimento que qualquer adulto que deseja envelhecer com saúde pode ser acompanhado por um geriatra, a fim de realizar medidas preventivas”, finaliza.

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