A possibilidade de se consultar e receber um resultado sem sair de casa. Acompanhando os avanços tecnológicos, a medicina também evoluiu e passou a oferecer consultas remotas. Com a pandemia da Covid-19, o teleatendimento tornou-se comum em diversas especialidades, com modalidades que vão do sistema público ao privado. Em 2020, por exemplo, o Atende em Casa, serviço da Secretaria de Saúde do Recife, realizou aproximadamente um milhão de atendimentos por chat (WhatsApp) e 120 mil atendimentos por chamada de vídeo ou telefone.
O estudante universitário Lucas Comber, 20 anos, é uma das milhares de pessoas que adotaram o format e se sentem confortáveis com as consultas online. Com uma rotina já estabelecida, ele participa de casa das sessões de terapia com a psicóloga. Para ele, não ter que esperar, enfrentar fila ou trânsito é um dos pontos fortes do formato.
“Antes da pandemia, ía às consultas presenciais, mas agora prefiro fazer apenas online. A principal vantagem é que não vou precisar sair de casa, nem me deslocar. Posso continuar minha rotina e dentro de meia ou uma hora faço a consulta. Para alguns casos, ainda prefiro ir ao médico e que seja feito o exame presencial, mas para atendimentos como a terapia, a teleconsulta me satisfaz. Tem funcionado muito bem", afirma.
O médico cardiologista Audes Feitosa também vê muitas vantagens no atendimento online. Atualmente, ele atende pacientes nos dois formatos: presencial e por meio das teleconsultas. No caso dele, as primeiras consultas, em geral, são presenciais, já o retorno, em geral, segue a modalidade a distância.
“As teleconsultas tiveram grande aumento na pandemia e acredito que vieram mesmo para ficar. Para mim, elas funcionam muito bem no retorno, quando os pacientes mostram os exames complementares, evitando o deslocamento até o consultório. A primeira consulta, evito fazer por telemedicina, e caso a única possibilidade disponível venha a ser online, ela é feita mais num formato de orientação”, revela.
O especialista explica que os teleatendimentos funcionam como qualquer outra consulta, em um ambiente silencioso, na maioria das vezes, o profissional no consultório, e sempre com as câmeras de ambos abertas, para que o medico possa visualizar o paciente e qualquer registro apresentado. “Peço sempre que os pacientes estejam com os exames em mãos, e que nos enviem através do e-mail. Durante a teleconsulta também companhamos qualquer medição que seja necessária, como por exemplo, uso de balança para confirmar o peso do paciente, do oxímetro ou do aparelho de pressão. O medico precisa ver as telas, observar a imagem, não pode ser feito por ligação telefônica, por exemplo”, explica.
SUS
O sistema público de saúde também já aderiu à telemedicina. No Recife, a Secretaria Municipal de Saúde conta com o Atende em Casa, criado durante a pandemia e mantido após a fase mais dura da Covid-19. O sistema se tornou a base da teleconsulta da Prefeitura do Recife e deve ser expandido em breve. Mais de 127 mil pessoas deixaram de se deslocar para um serviço de saúde presencial, sendo atendidos diretamente de suas residências. Mensalmente, são cerca de 700 atendimentos por chamada de vídeo ou telefone.
“A teleorientação é a escuta qualificada realizada por um profissional de saúde no sentido de orientar o que fazer diante do problema relatado pelos pacientes como, por exemplo, sintomas suspeitos da Covid-19. Durante o atendimento, pode ser recomendado o isolamento domiciliar, o apoio emocional, o acompanhamento através de monitoramento diário, o encaminhamento para uma teleconsulta com um médico ou o direcionamento para o atendimento em um serviço presencial de urgência”, explica o coordenador do Núcleo Municipal de Telessaúde, Gustavo Godoy.
No momento, o teleatendimento oferecido pelo município contempla as necessidades relacionadas à linha de cuidado das síndromes gripais, a exemplo da Covid-19 e da Influenza, e é realizado por médicos e enfermeiros.
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