ÓLEO NAS PRAIAS

Petróleo volta a aparecer em praia de Pernambuco e cientistas apontam origem; confira

Pelotas de óleo apareceram em Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco, após registros de óleo ao Norte da Região Metropolitana em agosto deste ano

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Emannuel Bento

Publicado em 03/10/2022 às 9:28 | Atualizado em 03/10/2022 às 9:30
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Três anos após o vazamento de petróleo que atingiu a costa do Nordeste, pelotas de óleo voltaram a aparecer em Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco, neste domingo (2).

Um episódio semelhante já havia sido registrado ao Norte da Região Metropolitana em agosto, mas só agora ocorre em Tamandaré, especificamente na área de atuação do Programa Ecológico de Longa Duração (PELD) Tamandaré Sustentável, vinculado à UFPE e ao CNPq.

Uma nota técnica emitida por cientistas afirma que a substância possivelmente tem origem na lavagem de tanque de navio petroleiro. O texto tem assinatura de oito instituições: INPE/MCTI, UFBA, UFPE, UECE, IBAMA, CTMRJ, IEAPM e ComPAAz/Marinha do Brasil.

Petróleo nas praias: cientistas revelam provável origem de pelotas de óleo em Tamandaré

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MEIO AMBIENTE Pelotas de óleo voltaram a aparecer na praia de Tamandaré, Litoral Sul de Pernambuco - CORTESIA

De acordo com a nota, os recentes eventos não possuem relação com o episódio de 2019. "A partir das análises de amostras de resíduos de óleo até agora efetuadas, há indicação de que houve um novo evento, cuja hipótese mais provável aponta para um incidente envolvendo petróleo cru, proveniente do descarte de água oleosa lançada ao mar, após a lavagem de tanques de navio petroleiro, em alto mar", diz o texto.

"Os biomarcadores, ou indicadores de origem, sugerem tratar-se de petróleo produzido no Golfo do México. Tal origem foi estabelecida a partir da análise das amostras coletadas, especificamente, nas praias de Pernambuco (Boa Viagem, Paiva e Quartel) e Bahia (Ondina).

Algumas pelotas de óleo foram encontradas com organismos incrustantes conhecidos como "cracas" (crustáceos), proveniente de espécies encontradas em águas abertas. De acordo com o tamanho das cracas encontradas, já bem desenvolvidas, pode-se afirmar que essas pelotas de óleo permaneceram mais de duas semanas à deriva, no oceano, antes de encalharem na praia.

"O óleo residual do acidente de 2019 eventualmente ressurge na praia, mas tem características diferentes das pelotas. É mais duro e não tem cracas, que se inscrustam no óleo quando ele está à deriva em alto-mar”, esclarece Beatrice Padovani, professora titular do Departamento de Oceanografia da UFPE.

Óleo nas praias: derramamento de 2019 ainda tem consequências

Por outro lado, amostras coletadas na praia de Itacimirim e Itapuã, na Bahia, mostraram resultados correlacionáveis com o óleo de 2019.

"Tal fato, no entanto, não indica tratar-se de um novo derramamento, do mesmo óleo, daquele incidente. Tais amostras demonstram a existência de resíduos daquele óleo, que permaneceu nas areias das praias, ou fixado em rochas e recifes de coral próximos ao litoral, que se desprenderam por força de ventos mais fortes e de ressacas, que normalmente ocorrem na região, nessa época do ano", informa a nota dos cientistas.

O reaparecimento das pelotas verifica a complexidade do problema representado pelo derramamentos de óleo no mar, cujo enfrentamento requer vigilância e esforços constantes.

Atualmente, esse papel tem sido exercito por a partir de iniciativas para o desenvolvimento do "Sistema Multiusuário de Detecção, Previsão e Monitoramento de Derrame de Óleo no Mar - SisMOM-MCTI”, sob a coordenação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

O Comando de Operações Marítimas e Proteção da Amazônia Azul (ComPAAz), subordinado ao Comando de Operações Navais da Marinha do Brasil, também contribuído na coordenação da coleta, análise e classificação do tráfego marítimo.

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