Em colaboração com Emerson Pereira, da TV Jornal
O Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) fez um alerta para quem pretende passar o feriadão da Semana Santa nas praias de Pernambuco: o risco de incidentes com o animal marinho será maior pelos próximos dias.
Isso porque, pelos próximos dias, a lua estará na fase "cheia", o que provoca o aumento da maré e, consequentemente, facilita a movimentação de tubarões e de outros animais mais à beira do mar.
Outro fator é a previsão do tempo, já que, em tempos chuvosos, a água fica mais turva, dificultando a visualização dos animais.
E, segundo a Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac), pode chover com intensidade entre faca a moderada (entre 10 e 30 milímetros) no litoral do Estado nesta sexta (7) e sábado (8). No domingo, é prevista uma precipitação ainda maior, de intensidade moderada (30 a 50 mm).
Precisamos ter fatores de atenção. Caso se opte pelo banho de mar, que seja sempre em áreas abrigadas por arrecifes de corais. É bom evitar períodos chuvosos, maré alta e mar turvo", explicou a presidente do Cemit e secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Ana Luiza Ferreira.
Nem todo o litoral de Pernambuco é considerado de risco pelas autoridades. O ponto mais crítico se estende por 36 quilômetros entre a Praia do Bairro Novo (Olinda, ao norte) até os Arrecifes do Paiva (Cabo de Santo Agostinho, ao sul). Nele, é proibido, por lei estadual, praticar esportes marítimos.
Nesse trecho, contudo, há 2,2 km proibidos para banho de mar desde julho de 2022, após dois incidentes com tubarão acontecerem no mesmo mês. Ele fica entre a Igrejinha de Piedade até as proximidades do Hospital da Aeronáutica, ainda em Jaboatão dos Guararapes.
Mesmo assim, segundo o tenente coronel Cristiano Correia, do grupamento marítimo do Corpo de Bombeiros, o desrespeito à norma é constante.
"Infelizmente, temos que fazer abordagens (contra pessoas que insistem em entrar) diariamente", contou.
INCIDENTES COM TUBARÃO EM PERNAMBUCO
Três pessoas foram mordidas pelo animal no Estado entre fevereiro e março. O primeiro caso aconteceu em 20 de fevereiro, na Praia dos Milagres, em Olinda, com um surfista. O segundo, na altura da Igrejinha de Piedade, na Praia de Piedade, onde a vítima foi um adolescente de 14 anos.
O mais recente, na Praia de Piedade, em uma área permitida para banho, mas perigosa; por se tratar de mar aberto. Uma adolescente de 15 anos perdeu o braço no incidente.
Com isso, o Cemit, contabiliza, agora, 77 ocorrências desde 1992, sendo 67 no continente e outras 10 no arquipélago de Fernando de Noronha.
ESTUDOS SOBRE TUBARÕES FORAM RETOMADOS
Após isso, Pernambuco anunciou que retomaria o monitoramento de tubarões no litoral do Grande Recife, paralisado em novembro de 2014. "A gente retomou agora o edital de pesquisas científicas, que vão embasar toda a atuação com relação ao monitoramento com tubarões", disse a secretária.
As pesquisas acontecerão na segunda fase do Projeto Megamar - idealizado pelo engenheiro de pesquisa e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Fábio Hazin - que também liderou o extinto Projeto de Pesquisa e Monitoramento de Tubarões no Estado de Pernambuco (Protuba) e faleceu em junho de 2021 pela covid-19.
O projeto teve início em julho do mesmo ano, com o objetivo de estudar a megafauna - como tubarões, botos, barracudas, raias e tartarugas. Hoje, é coordenado pelo professor da UFRPE e engenheiro de pesca José Carlos Pacheco e supervisionado por Paulo Oliveira.
Segundo Paulo, a segunda fase depende apenas da conclusão de trâmites burocráticos para começar. A previsão, segundo ele, é que isso aconteça em abril.
Antes dos incidentes, o estudo seria feito apenas no entorno do Porto, capitaneado em R$ 1,5 milhão pelo Porto de Suape. Agora, irão até Olinda, com um acréscimo de R$ 500 mil nos investimentos, dado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia, através da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe).
“Suape já tinha o projeto Megamar contratado e a primeira fase já tinha sido executada. Fizemos a ampliação com aditivo contratual e remanejamento de recursos no âmbito da Facepe”, explicou a secretária de Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas), Ana Luiza Ferreira.
MONITORAMENTO DE TUBARÕES EM PERNAMBUCO
Os tubarões serão monitorados por em torno de 30 receptores acústicos que serão levados por uma embarcação até o fundo do mar nos locais mais críticos da costa, segundo explicou Paulo Oliveira.
Ao mesmo tempo, serão feitas 24 expedições para capturar, marcar e então soltar novamente animais das espécies tigre, cabeça-chata e galha preta em uma zona mais distante das praias.
Os dispositivos vão detectar quando os tubarões se aproximarem a até 500 metros no entorno. Então, de tempos em tempos, os receptores serão retirados do mar, e terão seus dados baixados e analisados pelos pesquisadores.
Isso servirá para entender melhor a dinâmica dos animais, segundo o professor. “Assim, vamos saber se os tubarões que foram marcados e deixados mais longe da costa estão se reaproximando”, disse.
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