URBANISMO

Famílias são removidas de suas casas por risco de deslizamento de barreira

Operação remove 26 famílias de área de risco para deslizamento de barreira

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 27/04/2023 às 12:13 | Atualizado em 27/04/2023 às 12:59
Hélia Scheppa/PCR
As 26 casas também são demolidas por equipes da Prefeitura do Recife - FOTO: Hélia Scheppa/PCR

Vinte e seis famílias que moravam em uma área de risco para deslizamentos de terra na Várzea, na Zona Oeste da cidade, conhecida como Barreirinha, foram removidas em uma operação realizada na manhã desta quinta-feira (27) pela Prefeitura do Recife.

São pessoas vulneráveis que passarão a receber, a partir disso, um auxílio moradia de R$ 300 para lugar uma outra casa. Para quem não tem para aonde ir imediatamente, foi disponibilizado abrigo no Centro Social Urbano (CSU) Bidu Krause, no Totó, Zona Oeste do Recife, e apoio logístico para eventuais mudanças.

Hélia Scheppa/PCR
As 26 casas também são demolidas por equipes da Prefeitura do Recife - Hélia Scheppa/PCR
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As 26 casas também são demolidas por equipes da Prefeitura do Recife - Hélia Scheppa/PCR

Uma delas é dona de casa Daliene de Moura, que morava há 4 anos na Barreirinha. Ela se desesperou por não querer ir para o abrigo, já que tem uma neta que estuda próximo à comunidade. "Eu estou me sentindo mal, não tomei café, não tenho clima para nada. Estou desesperada, não sei o que vou fazer", disse.

A decisão de retirá-los foi da Justiça, através da Varas de Fazenda Pública do Recife, que também determinou a demolição dos imóveis onde viviam, localizados em uma extensão de barreira de 640 metros de extensão e 15 metros de altura.

O pedido foi feito pela própria gestão municipal após realizar 16 vistorias no local, que tem registros de deslizamentos na localidade em 2017, 2019 e 2022, com o objetivo de conscientizar os moradores para o risco do local e a oferta de inscrição no Auxílio Moradia, além da disponibilização de apoio logístico para eventuais mudanças.

SIDNEY LUCENA/JC IMAGEM
Elaine Hawson, gerente geral de engenharia da Defesa Civil, alegou que o risco no local era considerado "muito alto" - SIDNEY LUCENA/JC IMAGEM

Contudo, de acordo com a Prefeitura do Recife, a comunidade se negou a sair de suas casas. "Diante das negativas, o poder público procedeu, via Procuradoria Geral do Município (PGM), com as ações judiciais para a retirada dos imóveis da área de risco - e consequente garantia da integridade física das pessoas", disse.

"Desde 2017 fazemos esse acompanhamento, mas os imóveis foram sendo ampliados e o risco só vinha se agravando. Então, houve a necessidade de retirada das famílias", explicou Elaine Hawson, gerente geral de engenharia da Defesa Civil.

A Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) deu apoio à ação, comandada pelas Secretarias Executivas de Defesa Civil (Sedec), Controle Urbano (Secon) e Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas (SDSDHJPD).

"Essa operação é montada para garantir a integridade física das famílias que estão sendo desocupadas. a prefeitura está disponibilizando toda a logística com caminhões para fazer a remoção dos imóveis, que passam por um inventário", contou o tenente-coronel Glauber Vieira.

SIDNEY LUCENA/JC IMAGEM
Tenente-coronel Glauber Vieira afirmou que a Polícia Militar prestou apoio à operação para "garantir a integridade física das famílias" - SIDNEY LUCENA/JC IMAGEM

SEM NOVA MORADIA, MORADORES SE REVOLTAM

Sem uma solução definitiva para a falta de habitação segura, os moradores se revoltaram. Isso porque, com o auxílio moradia de R$ 300, reclamam que não vão conseguir alugar uma residência fora de risco, como relata o técnico em eletrônica Ronaldo Andrade.

A filha dele vivia na comunidade junto ao esposo e uma criança e, agora, está sem casa. "Faz 10 anos que ela mora aí com minha neta de 1 ano e 8 meses. Não sei o que vão fazer, para aonde vão, não têm para aonde ir", disse.

O ajudante de pedreiro Paulo Miranda alegou que muitas famílias não tiveram tempo de tirar os próprios pertences das casas. "Trouxeram o caminhão deles e ficaram tirando os móveis das pessoas", denunciou.

Apesar de, agora, estarem fora do risco de deslizamento, seguem integrando o déficit habitacional do Recife, calculado em mais de 70 mil unidades.

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