AFOGAMENTOS | Notícia

Em cinco anos, Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco recebeu em média 13 chamados de afogamentos por mês

Também considerando a média, 26 pessoas perdem a vida por ano vítimas de afogamentos no Estado. Os anos de 2022 e 2023 possuem o maior acumulado

Por Maxmiliano Augusto Publicado em 19/02/2025 às 10:27 | Atualizado em 19/02/2025 às 13:55

Desde 2020, ao menos 100 ocorrências de afogamentos são registradas anualmente pelo Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE).

Os anos de 2022 e 2023 possuem o maior acumulado, com 192 e 182 registros, respectivamente. No ano de 2020, foram 117 casos. Em 2021, 128. Em 2024*, até novembro, o total de ocorrências chegou a 126.

Os dados foram obtidos pela Rádio Jornal via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Série histórica

Janeiro tem figurado entre os meses com o maior número de ocorrências dos últimos 5 anos. Com escalada perceptível em 2021 (19), 2022 (37) e 2023 (51).

Em 2020, a maior quantidade de acionamentos foi em março (16). Já em 2024, setembro foi o mês com mais registros (20).

Considerando o período de 2020 a 2024, a média é de 13 acionamentos ao CBMPE por mês.

Formas de acionamento

Desses acionamentos, a maior parte foi feita pessoalmente. Ou seja, direto com o salva-vidas de plantão. São 328 registros. Na sequência, aparecem os acionamentos realizados ao Centro de Operações do Grupamento - que também inclui a discagem direta para o número 193 (319).

Horário

De 2020 a 2024, o menor percentual de chamados se concentrou nos períodos da madrugada e noite, enquanto a maior parte das ocorrências de afogamento foi registrada à tarde.

A exceção fica para 2021, ano em que o período da manhã acumulou a maior quantidade de registros (49,22%).

Além disso, em 2022 e 2024, o percentual ficou próximo nestes dois turnos.

Vítimas

Ainda considerando o período de 2020 a 2024, por ano, em média 26 pessoas morreram vítimas de afogamento.

Em relação às vítimas desaparecidas, esse número gira em torno de 4 casos por ano. No ano passado, os bombeiros registaram 8 desaparecimentos.

Vale ressaltar que em todos os anos analisados (2020 a 2024), há registros incompletos. Ou seja, sem informação clara sobre a situação da vítima.

Sexo

Dos registros, onde o sexo foi informado, os homens são a maioria das vítimas fatais. Somente em 2023, foram 23 fatalidades do sexo masculino contra 4 do feminino.

Esse índice vai ao encontro do mais recente boletim epidemiológico da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa). O documento de 2025 (ano base de 2023), que tem como referência os microdados do Datasus, revela que homens morrem em média 6 vezes mais.

Para David Szpilman, médico intensivista e secretário-geral da Sobrasa, o aspecto comportamental está diretamente ligado a este fator: “O homem se acha muito mais capaz para enfrentar uma situação de risco do que a mulher. A mulher respeita muito mais os seus limites, a mulher avalia muito melhor o risco e o homem não”.

“E essa subvalorização do risco ou a supervalorização da sua competência aquática é que leva [o homem] a se afogar e morrer 6 vezes mais. E isso no geral. Porque na faixa de 15 a 24 anos são 14 casos a mais”, complementa Szpilman.

Municípios

Nos últimos cinco anos, Recife, Fernando de Noronha e Olinda aparecem entre as cinco cidades com mais ocorrências de afogamentos.

O Tenente Coronel Wagner Pereira, Comandante do Grupamento de Bombeiros Marítimo, explica que a geografia dessas localidades influencia diretamente no quantitativo de ocorrências de afogamentos:

“No Recife, temos formação de áreas represadas, que são as mais propícias para banhos. Entretanto, quando a maré enche e [a água] passa por cima delas, cria uma corrente de retorno (...), e é ali onde o banhista se coloca em risco”.

Em 2020 (14), 2021 (18) e 2022 (31), Jaboatão dos Guararapes esteve entre as primeiras posições da lista. Situação que não ocorre desde 2023.

Na contramão, Petrolina começa a aparecer nesse ranking, com 9 registros em 2023 e 6 em 2024.

Para ver o acumulado de casos em cada município pernambucano, clique aqui.

Sobre a redução no número de acionamentos para Jaboatão, a prefeitura da cidade atribui o cenário a um trabalho de conscientização, principalmente nas praias.

“Foram feitas campanhas de educação - não só em relação aos tubarões - mas também a questão do cuidado no banho, os locais mais adequados para banho, não ter consumo de bebida alcóolica para entrar no mar (...) e também temos feito monitoramento através dos nossos guardas municipais e o CBMPE”, explica Pedro Henrique, Secretário Executivo de Turismo e Cultura de Jaboatão dos Guararapes.

A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Petrolina para saber que tipos de medidas estão sendo tomadas para reduzir as ocorrências de afogamentos, porém não obtivemos retorno.

*O consolidado do ano de 2024 foi solicitado via Lei de Acesso à Informação (LAI) ao Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE) em 31 de dezembro de 2024. Embora o prazo limite de 20 dias corridos e a prorrogação de mais 10 dias, para a resposta, tenham sido ultrapassados, o CBMPE não respondeu o pedido.

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