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Qualidade da água do Rio Capibaribe piorou em 2024, segundo relatório da SOS Mata Atlântica

Levantamento que reúne dados de análise das bacias hidrográficas da Mata Atlântica aponta que a situação dos rios do bioma é preocupante

Publicado em 21/03/2025 às 14:26
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A qualidade da água do Rio Capibaribe piorou no último ano, em relação aos índices de 2023, passando de ‘regular’ para ‘ruim’, segundo o relatório do programa Observando os Rios, coordenado pela Fundação SOS Mata Atlântica, divulgado nesta sexta-feira (21).

Elaborado anualmente, o relatório “O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica” é um levantamento da situação dos rios do bioma. Os dados coletados em 2024 apontam um cenário preocupante, com predominância de rios com qualidade de água abaixo da considerada boa.

No Recife, a análise da água do Rio Capibaribe é feita pelo Instituto BiomaBrasil, em parceria com o Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Pernambuco (ICB/UPE), que nesta sexta-feira promoveu um evento para apresentar os dados de 2024 e realizar atividades de conscientização, em razão do Dia Mundial da Água, comemorado no sábado (22).

O BiomaBrasil faz o monitoramento do Rio Capibaribe desde 2015. Seu diretor, Clemente Coelho Junior, que também é professor da UPE, diz que apesar de o resultado do relatório revelar piora na qualidade da água do rio, considerada ‘ruim’, esse cenário não é novidade, pois foi predominante na última década. Isso porque apenas em 2023 a água do Capibaribe foi classificada como ‘regular’.

“Em todos os outros anos e no ano passado, a classificação foi ruim. Então, na verdade, quando a gente olha os dados e a classificação, a gente percebe realmente que tem piorado a qualidade do rio”, explica o professor.

A falta de uma rede de saneamento básico efetiva é o principal fator para esse panorama, segundo Clemente Coelho. Dados do último relatório do Terra Brasil revelam que apenas 50% da população da capital pernambucana é atendida por rede de esgoto, que é tratado em apenas 75% da cidade.

“A cidade do Recife, com a falta de saneamento básico, com a ligação clandestina de esgoto, com a própria drenagem da cidade, com muita sujeira e lixo, tem agravado a saúde do nosso Rio Capibaribe”, diz o diretor do BiomaBrasil.

Situação dos rios da Mata Atlântica preocupa

O relatório da SOS Mata Atlântica reúne dados de 112 rios, coletados em 145 pontos espalhados em 67 municípios e 14 estados. O estudo revela que, ao longo de 2024, os rios da Mata Atlântica não tiveram a recuperação necessária para melhorar a qualidade das águas.

As análises mostraram que a predominância é da qualidade regular, observada em 75,2% dos pontos de coleta. Entre os outros pontos, 7,6% apresentaram qualidade boa, 13,8% foram classificados como ruins e 3,4% (5) atingiram a pior classificação, a péssima. Não houve rios com classificação ótima.

O Índice de Qualidade da Água (IQA), utilizado no monitoramento dos rios, classifica a água em cinco categorias: ótima, boa, regular, ruim e péssima. Rios com qualidade ótima ou boa contam com condições adequadas para abastecimento, produção de alimentos e vida aquática equilibrada, enquanto os classificados como regulares são os que já sofreram impactos ambientais que podem comprometer seu uso para consumo ou lazer.

Os rios com qualidade ruim ou péssima são aqueles em que a poluição atingiu níveis críticos, prejudicando tanto a biodiversidade quanto a população que depende desses recursos hídricos e a saúde pública.

Em comparação com os dados de 2023, houve aumento no número de rios com classificação ruim, como o rio Capibaribe e rio o Capivari, em Florianópolis, e nenhuma classificação péssima foi revertida, como as dos rios Pinheiros e Ribeirão dos Meninos, ambos no estado de São Paulo.

O coordenador da causa Água Limpa da SOS Mata Atlântica, Gustavo Veronesi, diz que os resultados do último relatório evidenciam que os esforços para melhorar a qualidade da água não têm sido suficientes.

“Nossos rios estão por um triz. O monitoramento deste ano deixa claro que a situação é grave. A estagnação dos índices de qualidade da água e o aumento de pontos classificados como ruins mostram que não há avanço real. Precisamos de ações mais eficazes e de investimentos urgentes em saneamento, porque enquanto não resolvermos isso nossos rios continuarão”, afirma.

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