Wilson Witzel

Polícia Federal mira Governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel em operação

Operação Placebo, autorizada pelo STJ, busca provas em 12 endereços.

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Publicado em 26/05/2020 às 7:47 | Atualizado em 26/05/2020 às 13:29
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Operação Placebo incluiu busca e apreensão em endereços ligados ao governo fluminense, como o Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador Witzel - FOTO: Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) cumpre mandado de busca na manhã desta terça-feira (26), no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). A ação faz parte da Operação Placebo, desencadeada para apurar indícios de desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência de saúde pública do coronavírus no Estado do Rio de Janeiro.

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Agentes cumprem 12 mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Rio. As ordens foram expedidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Elementos de prova, obtidos durante investigações iniciadas no Rio de Janeiro pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal no Estado, foram compartilhados com a Procuradoria Geral da República no bojo de investigação em curso no Superior Tribunal de Justiça e apontam para a existência de um esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do Estado do Rio de Janeiro", informou a PF em nota.

Na ação, o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iavas) também está sendo investigado. A organização social em questão foi contratada pelo governo do RJ para a construção de sete hospitais de campanha no estado. Além disso, dentre os endereços em que a PF cumpre mandado, está a residência do ex-subsecretário estadual de Saúde, Gabriell Neves. Ele foi exonerado sob suspeita de comandar um esquema de contratação de produtos e serviços hospitalares sem licitação durante a pandemia. 

Até o momento, a Polícia Federal já compareceu aos seguintes endereços: 

- Palácio Laranjeiras: residência oficial do governador e da família;
- Rua Professor Valadares, Grajaú: residência onde morava Wilson Witzel;
- Rua Dezenove de Fevereiro, Botafogo: residência de Edmar Santos, ex-secretário de Saúde;
- Avenida Ataulfo de Paiva, Leblon: residência de Gabriell Neves;
- Rua da Assembleia, Centro: escritório do Iabas.

- Rua México, Centro: sede da Secretaria Estadual de Saúde.

Entenda o motivo das suspeitas

As investigações ao Iabas acontecem por conta de uma grande quantidade de dinheiro destinada à organização. Do R$ 1 bilhão anunciado pelo governo do RJ para o combate ao coronavírus, R$ 836 milhões foram destinados para o Iabas em contratos de emergência para construção de hospitais de campanha. Tais contratos não tiveram licitação. 

Além disso, dos sete hospitais de campanha preparados para atender vítimas da Covid-19 no Estado, todos estão atrasados. A promessa era que, até o dia 30 de abril, as unidades de saúde estariam funcionanando. O que não aconteceu, já que, até o momento, apenas a unidade do Maracanã foi inaugurada, e mesmo assim, depois do prazo. O hospital foi aberto parcialmente no dia 9 de abril, e teve uma ala inaugurada na última sexta (22). 

Confira a previsão de inauguração das outras seis unidades:

São Gonçalo: uma inauguração foi anunciada para o dia 17, mas a unidade só deve abrir nesta quarta (27);
Nova Iguaçu: previsão para a próxima sexta-feira (29)
Duque de Caxias: previsão para a próxima segunda-feira (1);
Nova Friburgo: previsão para 7 de junho;
Campos dos Goytacazes: previsão para 12 de junho;
Casemiro de Abreu: previsão para 18 de junho.

Na última quinta-feira (21), o secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry, contou ao RJ2, que alguns desses hospitais de campanha podem não ser entregues. “A gente está vendo que, gradativamente, está diminuindo o número de casos. Isso faz parte da epidemia. Se a gente perceber que isso vai continuar, a gente vai deixar de construir as unidades, e o valor será devolvido para o Erário”, disse o secretário.

Antes mesmo de ter recebido o primeiro leito hospitalar das sete unidades de saúde, o governo já tinha realizado o pagamento de R$ 256 milhões, que aconteceu em três etapas. Uma de R$ 60 milhões, nos dias 13 e 15 de abril, que não obteve especificação do motivo o qual estaria sendo gasto. Outra de R$ 68 milhões, destinado a respiradores e finalização da montagem dos hospitais de campanha. E, por fim, outra parcela no valor de R$ 128,5 milhões.

 

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