Coronavírus

Bolsonaro ameniza o tom sobre combate ao coronavírus durante pronunciamento em rede nacional

Presidente Jair Bolsonaro defendeu o 'pacto pela vida e pelos empregos' e disse que 'o efeito colateral das medidas de combate ao coronavírus não pode ser pior que a própria doença'

JC
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Publicado em 31/03/2020 às 21:01 | Atualizado em 01/04/2020 às 12:20

Durante pronunciamento em rede nacional nesta terça-feira (31), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) adotou um tom mais brando em relação ao que havia dito pela manhã no Palácio do Planalto.

Ele continuou, porém, a distorcer alguns trechos de uma fala do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom sobre a situação econômica dos grupos mais vulneráveis devido a pandemia do novo coronavírus (covid-19), afirmando que há muitas muitas pessoas que têm que trabalhar todos os dias e que essa população precisa ser levada em conta pelo governo.

O presidente continuou defendendo o "pacto pela vida e pelos empregos". "O efeito colateral das medidas de combate ao coronavirus não pode ser pior que a própria doença", afirmou Bolsonaro.

>> Recife e outras cidades registram panelaço durante pronunciamento de Jair Bolsonaro

Bolsonaro voltou a citar o discurso de Tedros Adhanom. "(Ele) disse saber que 'muitas pessoas, de fato, têm que trabalhar todos os dias para ganhar seu pão diário e que 'os governos tem que levar essa população em conta. Continua ainda 'se fecharmos ou limitarmos movimentações, o que acontecerá com essas pessoas que têm que trabalhar todos os dias e que tem que ganhar o pão de cada dia todos os dias?", reproduziu Bolsonaro. 

Ele disse não se valer da fala do diretor da OMS para negar a importância das medidas de prevenção, mas defendeu que é preciso pensar nos mais vulneráveis. " Essa tem sido a minha preocupação desde o princípio.O que será do camelô do ambulante, do vendedor de churrasquinho, da diarista, do ajudante de pedreiro, do caminhoneiro e de outros autônomos com quem venho mantendo contato durante toda a minha vida pública?", questionou. 

Nesta terça-feira, pelas redes sociais, o diretor-presidente da OMS, sem citar o presidente brasileiro, se manifestou e afirmou que pessoas sem renda merecem ter a dignidade garantida e convocou os países a desenvolverem políticas que forneçam proteção econômica a essas pessoas. "Eu cresci pobre e entendo essa realidade. Convoco os países a desenvolverem políticas que forneçam proteção econômica às pessoas que não possam receber ou trabalhar devido à pandemia da covid-19. Solidariedade", disse em mensagem retuitada pela OMS.

Medidas

Eletambém aproveitou o pronunciamento para destacar as medidas que vem sendo adotadas pelo governo federal no enfrentamento ao coronavírus. "Determinei ao nosso Ministério da Saúde que não poupasse esforços apoiando através do SUS todos os estados do Brasil, aumentando a capacidade da rede de saúde e preparando-a para o combate a pandemia. Assim estão

sendo adquiridos novos leitos já com respiradores equipamentos de proteção individual, kits para testes e demais insumos necessários", disse. 

O presidente citou o auxílio de R$ 600 para trabalhadores autônomos e informais - aprovado nesta segunda-feira (30) pelo Senado Federal, linhas de crédito para empresas, congelamento do ajuste dos medicamentos por 60 dias e a inclusão de mais de 1.200 pessoas no Bolsa Família. 

"Temos uma missão: salvar as vidas sem deixar para trás os empregos. Por um lado, temos que ter cautela e precaução com todos, principalmente junto aos mais idosos, e portadores de doenças preexistentes. Por outro temos que combater o desemprego que desce rapidamente em especial entre os mais pobres", disse o presidente. 

Panelaço contra Bolsonaro no Grande Recife

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi alvo de panelaços no Recife e outras cidades do País durante o pronunciamento desta terça-feira (31), em cadeia nacional de rádio e televisão. Na capital pernambucana, enquanto o mandatário falava sobre a crise provocada pelo novo coronavírus (covid-19), o barulho das panelas era ouvido em bairros como Boa Viagem, Arruda, Casa Forte, Espinheiro, Casa Amarela, Graças, Torre, Madalena, Encruzilhada e Santo Amaro.

No Grande Recife, houve protesto em bairros como Piedade e Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, e Jardim Atlântico, em Olinda.

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