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Recife e outras cidades registram panelaço durante pronunciamento de Jair Bolsonaro

Na capital pernambucana, enquanto o mandatário falava sobre a crise provocada pelo novo coronavírus (covid-19), o barulho das panelas era ouvido em bairros como Boa Viagem, Arruda, Casa Forte, Espinheiro, Torre, Graças, Madalena, Encruzilhada e Santo Amaro

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Publicado em 31/03/2020 às 21:08 | Atualizado em 31/03/2020 às 22:59
ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
Muitas pessoas demonstraram insatisfação com a postura do presidente diante da crise - FOTO: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM

Com Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi alvo de panelaços no Recife e outras cidades do País durante o pronunciamento desta terça-feira (31), em cadeia nacional de rádio e televisão. Na capital pernambucana, enquanto o mandatário falava sobre a crise provocada pelo novo coronavírus (covid-19), o barulho das panelas era ouvido em bairros como Boa Viagem, Arruda, Casa Forte, Espinheiro, Casa Amarela, Graças, Torre, Madalena, Encruzilhada e Santo Amaro.

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No Grande Recife, houve protesto em bairros como Piedade e Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, e Jardim Atlântico, em Olinda.

No Twitter, #panelacocontrabolsonaro chegou ao segundo lugar da lista de assuntos mais comentados no Brasil.

Pronunciamento do presidente Bolsonaro

O presidente afirmou que a pandemia é o “maior desafio da nossa geração”. Bolsonaro voltou a enfatizar a necessidade de se implementar medidas para a preservação de empregos. “O efeito colateral das medidas de combate ao coronavírus não pode ser pior do que a própria doença. A minha obrigação como presidente vai para além dos próximos meses. Preparar o Brasil para a sua retomada, reorganizar nossa economia e mobilizar todos os nossos recursos e energia para tornar o Brasil ainda mais forte após a pandemia.”

Bolsonaro disse que as medidas de proteção à população estão sendo implementadas de forma coordenada, racional e responsável. Segundo Bolsonaro, o Brasil avançou muito nos últimos 15 meses, desde que tomou posse em janeiro de 2019, e sua preocupação sempre foi salvar vidas. “Tanto as que perderemos pela pandemia quanto aquelas que serão atingidas pelo desemprego, violência e fome.”

Ele destacou políticas em defesa do emprego e da renda como a ajuda financeira aos estados e municípios (com adiamento de pagamento das dívidas), linhas de crédito para empresas, auxílio mensal de R$ 600 aos trabalhadores informais e vulneráveis e entrada de cerca de 1,2 milhão de famílias no programa Bolsa Família. “Temos uma missão: salvar vidas, sem deixar para trás os empregos. Por um lado, temos que ter cautela e precaução com todos, principalmente junto aos mais idosos e portadores de doenças preexistentes. Por outro, temos que combater o desemprego, que cresce rapidamente, em especial entre os mais pobres. Vamos cumprir essa missão ao mesmo tempo em que cuidamos da saúde das pessoas.”

OMS

Bolsonaro citou a fala do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, que disse ontem (30) que há muitas muitas pessoas que têm que trabalhar todos os dias e que essa população precisa ser levada em conta pelo governo. “[O diretor-geral] continua ainda: 'Se fecharmos ou limitarmos movimentações, o que acontecerá com estas pessoas, que têm que trabalhar todos os dias e que têm que ganhar o pão de cada dia todos os dias?' Ele prossegue: 'Então, cada país, baseado em sua situação, deveria responder a esta questão'”, disse o presidente em referência à fala de Tedros Adhanom.

"Não me valho dessas palavras para negar a importância das medidas de prevenção e controle da pandemia, mas para mostrar que da mesma forma precisamos pensar nos mais vulneráveis. Esta tem sido a minha preocupação desde o princípio", acrescentou o presidente, ao citar trabalhadores informais e autônomos

Nesta terça-feira, pelas redes sociais, o diretor-presidente da organização, sem citar o presidente brasileiro, se manifestou e afirmou que pessoas sem renda merecem ter a dignidade garantida e convocou os países a desenvolverem políticas que forneçam proteção econômica a essas pessoas. "Eu cresci pobre e entendo essa realidade. Convoco os países a desenvolverem políticas que forneçam proteção econômica às pessoas que não possam receber ou trabalhar devido à pandemia da covid-19. Solidariedade", disse em mensagem retuitada pela OMS.

Saúde

Bolsonaro afirmou que o governo está adquirindo novos leitos com respiradores, equipamentos de proteção individual (EPI), kits para testes e outros insumos. Também destacou o adiamento, por 60 dias, do reajuste de medicamentos no Brasil.

O presidente voltou a falar que a hidroxicloroquina parece eficaz contra o novo coronavírus, mas que ainda não há vacina ou remédio com eficiência cientificamente comprovada.

“Na última Reunião do G-20 [grupo das vinte principais economias do mundo], nós, os chefes de Estado e de Governo, nos comprometemos a proteger vidas e a preservar empregos. Assim o farei”, disse.

Bolsonaro destacou o emprego das Forças Armadas no combate ao novo coronavírus e a criação de um Centro de Operações para realizar ações de montagem de postos de triagem de pacientes, apoio a campanhas, logística e transporte de medicamentos e equipamentos de saúde.

O presidente destacou que determinou ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, "que não poupasse esforços, apoiando através do SUS todos os estados do Brasil, aumentando a capacidade da rede de saúde e preparando-a para o combate à pandemia”.

Bolsonaro agradeceu ainda os profissionais de saúde e voltou a falar da importância da colaboração de Legislativo, Executivo, Judiciário e sociedade civil para a preservação da vida e dos empregos.

Veja como repercutiu entre os políticos o pronunciamento de Bolsonaro

O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro repercutiu bastante nas redes sociais. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afirmou que o presidente "pode até distorcer palavras", "mas ele não conseguirá se desviar da realidade". O gestor também cobrou o pagamento da Renda Básica,  aprovada pelo Congresso Nacional, mas que aguarda ser sancionada por Bolsonaro.

 
 
 
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Muitos políticos, que fazem oposição ao presidente da República, se manifestaram contestando a referência feita por ele. O ex-prefeito de São Paulo, e candidato a presidência em 2018, Fernando Hadadd, afirmou que a OMS teria desmentido o chefe do Executivo

O deputado federal Alexandre Frota (PSDB), que foi eleito apoiando o presidente, também criticou o pronunciamento no Twitter:

Da bancada federal de Pernambuco, a deputada federal Marília Arraes (PT) declarou que Bolsonaro "segue mentido para os brasileiros":

Do outro lado, os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, elogiaram sua postura. Ele afirmou que o Brasil tem crescido nos últimos 15 meses e que a preocupação do governo federal sempre foi a de salvar vidas. 

O senador Flávio Bolsonaro (PSL) afirmou que o discurso foi "responsável, sensato e verdadeiro":

O deputado estadual por São Paulo, Frederico D'Ávila (PSL) afirmou que o presidente é "apenas um homem honesto e patriota"

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) também se manifestou a favor do pronunciamento do presidente

 

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