O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu nesta terça-feira, 28, que cobrava do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, relatórios da inteligência da Polícia Federal. Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, o presidente afirmou, no entanto, que não queria ter acesso a inquéritos, pois não é "investigado".
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"Eu sempre cobrei dele (Sérgio Moro) relatórios de inteligência. Eu tinha de saber o que aconteceu no último dia para eu também informar no dia seguinte. E ele sempre negou isso daí",disse Bolsonaro. "Não é justo um presidente viver numa situação dessas Eu não quero saber de inquérito de ninguém. Não estou sendo investigado", completou, sob o argumento de que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) lhe passa "com certa periodicidade" esse tipo de informação. "Eles mesmo (da PF) dizem que as investigações não têm como ser controladas".
Moro pede demissão da pasta
Moro pediu demissão na sexta-feira, 24, depois que o presidente dispensou o diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo. O ex-juiz da Lava Jato acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na corporação.
Bolsonaro se defendeu dessa acusação e disse ter "certeza" que Moro não terá provas para apresentar contra ele. "Ele tem que provar que eu interferi, não eu tenho que provar que sou inocente. Mudou agora o negócio? O que ele falou é lei, é a verdade?", questionou.
Ao dizer que tentou negociar com Moro, sem sucesso, um "nome de consenso" para o comando da Polícia Federal, Bolsonaro dirigiu novas farpas na direção do ex-juiz da Lava Jato. "Ele não é dono do ministério como nenhum ministro é dono do ministério. E ponto final".
Reabertura
Diante da portaria do Alvorada, o presidente anunciou para seus seguidores que as investigações envolvendo o caso Adélio Bispo serão reabertas. Em setembro de 2018, na campanha eleitoral, Bolsonaro levou uma facada ao participar de ato em Juiz de Fora (MG). Adélio foi preso, mas Bolsonaro sempre sustentou haver grupos políticos por trás daquela ação.
A informação sobre a reabertura das apurações foi dada pelo presidente no mesmo dia da confirmação do novo diretor-geral da Polícia Federal, Alexandre Ramagem. Aos apoiadores, o presidente disse defender a autonomia da PF, mas afirmou que seu caso foi "negligenciado" e fez outra crítica a Moro.
Em seguida, ao ser perguntado por jornalistas, Bolsonaro minimizou a frase da negligência e disse que "faltou apurar". Perguntado se pediu a abertura da investigação, afirmou que não pediu "nada ainda", mas que quer que a PF "continue apurando esse caso aí".
"Eu sempre defendi a investigação. Não é em causa própria, não", insistiu Bolsonaro. "Por ser um presidente, tem um simbolismo diferente. Devemos apurar todos os crimes, mas esse você tem o assassino que está preso em flagrante."
Bolsonaro disse acreditar que o caso da facada é "200 vezes mais fácil de solucionar" do que o da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio em março de 2018.
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