STF x Bolsonaro

Bolsonaro critica Moraes e diz que decisão do STF de barrar Ramagem da PF foi "política"

Presidente criticou o ministro Alexandre de Moraes por suspensão de nomeação de Alexandre Ramagem para diretor-geral da Polícia Federal

Agência Brasil Gabriela Carvalho
Cadastrado por
Agência Brasil
Gabriela Carvalho
Publicado em 30/04/2020 às 14:06 | Atualizado em 30/04/2020 às 14:13
ANTÔNIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
Presidente havia nomeado o delegado Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da PF - FOTO: ANTÔNIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (30) que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a nomeação do delegado Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal (PF) foi política e insinuou que o ministro só estaria no STF por amizade com o ex-presidente Michel Temer.

>> Bolsonaro diz que pode "passar por cima" do STF se não for decidido sobre volta de Alexandre Ramagem para Abin

"Não justifica a questão da impessoalidade [um dos argumentos usados pelo ministro na sua decisão]. Como o senhor Alexandre de Moraes foi parar o Supremo? Amizade com o senhor Michel Temer, ou não foi?", disse o presidente, em uma referência à indicação de Moraes ao STF pela então presidente da República.

>> Contrariando a AGU, Bolsonaro avisa que vai recorrer para Alexandre Ramagem ser nomeado: "Quem manda sou eu"

“Tirar numa canetada, desautorizar o presidente da República dizendo em impessoalidade. Ontem quase tivemos uma crise institucional, quase, faltou pouco. Eu apelo a todos que respeitem a Constituição”, disse.

“Eu não engoli ainda essa decisão do senhor Alexandre de Moraes, não engoli. Não é essa forma de tratar o chefe do Executivo”, ressaltou ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta quinta-feira.

>> Em discurso, Bolsonaro cita Constituição e independência entre poderes

O presidente informou ainda que sua assessoria vai procurar a equipe de gabinete de Moraes e espera que o ministro do STF se pronuncie sobre a permanência de Ramagem como diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), cargo que ocupa desde o começo deste governo.

“O senhor vai retirar o Ramagem da Abin, que é tão importante quanto o diretor-geral da PF? Se não pode ter a confiança para trabalhar na PF também não pode trabalhar na Abin. É questão de coerência”, disse Bolsonaro. “Queremos o respeito de dupla mão entre os poderes. Então o senhor Alexandre de Moraes tem que decidir imediatamente se o senhor Ramagem pode ou não continuar à frente da Abin.”

>> Bolsonaro diz que 'em breve' Ramagem deve assumir comando da PF, e afirma ser 'um sonho' tê-lo como diretor-geral

Entenda decisão do STF

Ramagem é próximo da família do presidente e atuou em sua segurança pessoal, após a vitória no segundo turno das eleições.

“A amizade não está prevista como cláusula impeditiva para alguém tomar posse”, disse. “E é uma pessoa competente, segundo a própria PF, e daí a relação de amizade. A minha segurança pessoal só não dormia comigo. E por que eu não posso prestigiar uma pessoa que eu conheci com essa profundidade? É a relação de confiança”, argumentou o presidente.

>> Ministro do STF suspende nomeação de Alexandre Ramagem para comando da Polícia Federal

Na manhã de ontem (29), o ministro Alexandre de Moraes decidiu suspender o decreto de nomeação e a posse do delegado Alexandre Ramagem como novo diretor-geral da Polícia Federal (PF).

Na decisão, o ministro citou declarações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que ao deixar o cargo na semana passada acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente na PF.

>> Políticos repercutem suspensão provisória da nomeação de Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal

Após a suspensão, o presidente tornou sem efeito a nomeação de Ramagem. E hoje, Bolsonaro disse que a Advocacia-Geral da União (AGU) vai recorrer da decisão de Moraes. Já a AGU informou que não vai se manifestar sobre o caso por enquanto.

Comentários

Últimas notícias