Eleição municipal

O bolsonarismo vai buscar seus espaços nas eleições 2020, afirma o cientista político Antonio Lavareda

Lavareda estreou o quadro Corrida Eleitoral nesta segunda-feira (14), na Rádio Jornal

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Publicado em 14/09/2020 às 10:02
ALAN SANTOS/PR
Desculpa, eu não tomei conhecimento da avaliação do PIB. O que eu posso falar é que se esperava que a gente ia cair 10%, parece que caímos 4%. É um dos países que menos caiu no mundo, então, tem esse lado positivo", disse Bolsonaro - FOTO: ALAN SANTOS/PR
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Na estreia do quadro Corrida Eleitoral, nesta segunda-feira (14), na Rádio Jornal, o cientista político Antonio Lavareda avaliou o impacto da pandemia do novo coronavírus (covid-19) e da crise econômica nas eleições municipais e afirmou que o bolsonarismo, que elegeu o presidente Jair Bolsonaro, vai buscar seus espaços em prefeituras e câmaras municipais. "O bolsonarismo, que emergiu com força em 2018 e substituiu partidos como o PSDB na polarização com a esquerda, é um fato que veio para ficar, não é passageiro. As assembleias já notaram o primeiro passo da enraização desse movimento, que em seguida vem buscar ocupar os espaços e vamos assistir o realinhamento das forças municipais", comentou Lavareda.

As eleições de 2020 vão participar da imagem do bolsonarismo. O presidente pode não estar envolvido com pleitos, mas haverá em cada município um ou mais candidatos se colocando como aliados de Bolsonaro.
Antonio Lavareda, cientista político.

Ainda assim, na visão do cientista político, o rompimento do presidente com o partido que o elegeu, o PSL, deixou muitos projetos de candidaturas bolsonaristas "órfãos". Além disso, recentemente, o presidente declarou que não iria apoiar nenhum candidato a prefeito no primeiro turno das eleições deste ano. "Há a dificuldade da indefinição com relação aos representantes do bolsonarismo nas eleições. Como Bolsoaro se divorciou do PSL, as candidaturas associadas a ele ficaram, do ponto de vista de estrutura partidária, meio órfãs. Vários pré-candidatos se espalharam em deferentes partidos e outros ficaram no PSL. Mas, mesmo assim, vão apresentar a carteira de identidade bolsonarista", disse Lavareda.

Pandemia

O cenário de pandemia também impacta no pleito municipal, que, na visão de Antonio Lavareda, pode ser o mais importante desde a redemocratização. "O cenário é de terra arrasada por conta da pandemia. O Brasil ainda engatinhava na retomada, após a recessão do governo Dilma Russeff, e sofreu o golpe da nova crise econômica caudada pela pandemia. Isso vai pedir capacidade de articulação dos novos prefeitos e criatividade com iniciativas como consórcios, princialmente nas Regiões Metropolitanas", comentou.

Recife

O pleito na capital de Pernambuco também foi analisado por Lavareda. Para ele, um dos mais imprevisíveis da história por não ter nenhum "peso pesado" na disputa. "Essas eleições prometem ser emocionantes. Dizemos que a eleição é tecnicamente aberta, onde o incumbente não é candidato, e há o fato que não temos nenhum peso pesado disputando essa eleição como no passado, quando tivemos nomes como Joaquim Francisco, depois Jarbas Vasconcelos e Roberto Magalhães. Também temos duas mulheres no pelotão de largada (Marília Arraes e Patrícia Domingos), oscilando de pesquisa a pesquisa, e teremos direita versus esquerda num segundo turno, isso é bastante provável", afirmou.

Sobre a polarização, Lavareda ainda lembrou que em 2018 a votação de Bolsonaro no Recife não ficou tão atrás da de Fernando Haddad - 47,50% e 52,50% respectivamente - e que isso deve refletir em 2020. "Esse recado pode colocar um candidato de direita no segundo turno. Alguns analisam que o centro-direita têm muitos nomes hoje e que está dividido com Patrícia Domingos, Mendonça Filho, Marco Aurélio, Alberto Feitosa, o candidato do PSL (Carlos Andrade Lima) e Daniel Coelho, ainda como não definido. Mas, lembro que em 2018, os partidos também estavam fragmentados e o eleitorado concentrou a votação em um, que foi Bolsonaro e isso pode acontecer com algum candidato a nível municipal", disse.

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As eleições de 2020 vão participar da imagem do bolsonarismo. O presidente pode não estar envolvido com pleitos, mas haverá em cada município um ou mais candidatos se colocando como aliados de Bolsonaro.

Antonio Lavareda, cientista político.

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