Atualizada em 14/09, às 21h10.
O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) foi destituído da presidência da sigla no Recife, após contrariar seu partido e anunciar que manteria sua pré-candidatura à Prefeitura da capital pernambucana nas eleições municipais. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (14) pelo presidente nacional da legenda, Carlos Lupi. Segundo o estatuto do PDT, quem deve assumir o comando do PDT Recife no lugar de Gadêlha é o deputado federal Wolney Queiroz, que preside a legenda no Estado e é líder da bancada na Câmara Federal. A decisão da inativação já foi comunicada pelo próprio Wolney ao Tribunal Regional Eleitoral em Pernambuco (TRE-PE).
» Túlio Gadêlha esperneou e descobriu o efeito do "peteleco". Deixou de ser presidente do PDT
O presidente nacional do PDT, afirmou, logo após a coletiva do correligionário, que o "assunto já foi decidido e homologado". "Ele (Túlio) já tinha decidido com os companheiros o apoio a João Campos para prefeito do PSB e Isabella Roldão vice. A decisão já oficializada pela direção nacional. E comissão provisória pode ser mudada a qualquer tempo", disse o presidente nacional do PDT.
“Ele (Túlio) está querendo sair como vítima. O que não é. A decisão [de ter Isabella de Roldão como vice de João Campos] já foi tomada, e ele que assuma a consequência de seus atos”, afirmou Lupi.
"Assunto encerrado"
Ao ser questionado sobre como se dará a relação com o deputado federal a partir desta destituição do comando, Carlos Lupi preferiu não comentar a respeito, afirmando que o assunto estaria encerrado, já que tem compromissos com várias convenções do partido. "Não tenho condições de falar. Assunto, para mim, encerrado", declarou.
"Exposição vexatória"
Ao JC, o deputado federal Wolney Queiroz, que deve assumir o comando da sigla na capital, lamentou a exposição "vexatória" do partido causada por Túlio Gadêlha, "nunca imaginei isso para o PDT". "O nosso estatuto prevê que as diretrizes das eleições nas capitais são de competência da direção nacional, ponto. A decisão nacional já decidiu, homologou e publicou. Lá estão as assinaturas dos presentes, dentre eles, a do presidente nacional Carlos Lupi e do vice-presidente Ciro Gomes".
Túlio manteria pré-candidatura
Mais cedo, na tarde desta segunda-feira (14), convocou uma coletiva de imprensa para anunciar sua posição nas eleições municipais deste ano. Na ocasião, após desistir de concorrer à Prefeitura do Recife e ter sua indicação para vice na chapa de João Campos (PSB) descartada pelo próprio partido, Túlio voltou atrás e anunciou que manteria sua pré-candidatura nas eleições de novembro. A decisão de Túlio havia sido respaldada pelo comissão provisória do diretório municipal da legenda, que também foi destituída por Carlos Lupi.
O órgão partidário, composto majoritariamente por aliados do deputado federal, deu 19 votos a favor da candidatura própria, 2 pela indicação de Isabella de Roldão (PDT) para vice de João Campos (PSB) e 2 abstenções. Com a reviravolta, o nome do vice na chapa do PDT pode ser apresentado e oficializado na próxima quarta-feira (16), às 10h, quando será realizada a convenção do partido.
Durante o evento nesta segunda, Gadêlha disse que a direção nacional do seu partido descumpriu o estatuto da legenda e foi desrespeitosa ao vetar o nome do enfermeiro Rodrigo Patriota para a composição da chapa da Frente Popular do Recife.
"Nós fizemos um gesto para o partido. Um gesto de sacrifício. A única exigência que colocamos foi fazer uma composição crítica ao que está aí [ao PSB]. Nenhum outro nome, fora do que foi discutido aqui democraticamente, pode nos representar", afirmou o pedetista. "Espero que a direção nacional respeite o mandato de deputado federal eleito", completou Túlio.
No breve discurso, o deputado federal também fez várias críticas ao PSB, lembrando que os socialistas votaram em Aécio Neves (PSDB), em 2014, e foram favoráveis ao impeachment da ex-presidente Dilma Rouseff (PT). O pedetista afirmou ainda que o PSB, ao declarar neutralidade nas últimas eleições, prejudicou Ciro Gomes e ajudou, indiretamente, a eleger Bolsonaro, a quem chamou de "o pior presidente da história".
Comentários