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Lula chama reclamação de Moro de 'pirotecnia' e defende prerrogativa de Bolsonaro

Moro deixou o governo por discordar das tentativas de Bolsonaro de trocar o chefe da PF em meio a investigações contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho mais velho do presidente, por participar de um suposto esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro

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Publicado em 15/09/2020 às 19:07 | Atualizado em 15/09/2020 às 19:10
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Segundo boletim médico divulgado nesta terça, Lula foi medicado com antibióticos por via venosa e encontra-se "clinicamente estável" - FOTO: José Cruz/Agência Brasil

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o direito do presidente Jair Bolsonaro indicar o diretor-geral da Polícia Federal e chamou de "pirotecnia" as reclamações do ex-ministro Sérgio Moro de suposta intervenção indevida de Bolsonaro na instituição.

"Ele (Moro) é tão medíocre que quando ele sai (do governo) tenta criar mais uma pirotecnia. 'Ai, vou sair porque o Bolsonaro quer indicar o diretor da Polícia Federal'. É importante lembrar que o presidente da República tem o direito de indicar o diretor-geral da PF, sim", disse o ex-presidente em entrevista ao Diário do Centro do Mundo.

Moro deixou o governo por discordar das tentativas de Bolsonaro de trocar o chefe da PF em meio a investigações contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho mais velho do presidente, por participar de um suposto esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

As denúncias de Moro levaram à instauração de um inquérito para apurar a suposta interferência do presidente na corporação que levou à intimação para Bolsonaro depor presencialmente no Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Lula, Moro usou sua saída do governo para criar um fato político e ganhar da opinião pública. "Por que achar que o Moro podia e ele (Bolsonaro) não podia? Ele tenta ganhar a opinião pública tentando mentir outra vez", disse o petista.

Em mais de uma hora e meia de entrevista, na qual sempre se referia a si mesmo na terceira pessoa como "o Lula", o ex-presidente criticou Bolsonaro, mas seu alvo principal foram Moro e a Lava Jato que, na véspera, apresentou mais uma denúncia contra o petista (a quarta) por uso do Instituto Lula para receber propinas da Odebrecht.

O ex-presidente classificou como "mentira" a nova denúncia argumentando que nunca exerceu cargo de direção no Instituto. "É como se tivesse alguma coisa no Colégio D. Pedro II e fossem para cima do D. Pedro II. Dei apenas meu nome para o Instituto", disse Lula.

O ex-presidente também criticou a postura do novo coordenador da força-tarefa de Curitiba, o procurador Alessandro Oliveira, que substituiu Deltan Dallagnol. "É a mesma coisa que o Dallagnol", disse o ex-presidente.

Poucos dias depois de ter dito que está "à disposição" do povo brasileiro para enfrentar o bolsonarismo, fala que foi interpretada como sinal de disposição para disputar a presidência em 2022, caso consiga reaver seus direitos políticos, Lula voltou a dar sinais contraditórios e disse que "não preciso de eleição para estar vivo". Segundo ele, o corporativismo do Judiciário deve preservar Moro. Até o final de outubro o STF deve julgar o pedido de suspeição do ex-juiz feito pela defesa do petista.

Indagado sobre o papel de Bolsonaro nos incêndios que há dias consomem o Pantanal, Lula poupou o presidente de responsabilidade na tragédia mas criticou a falta de ações do governo para controlar o fogo.

"Eu seria irresponsável se dissesse que a natureza não tem nada a ver com isso. Não estou culpando o presidente Bolsonaro mas estou culpando a irresponsabilidade dele de evitar que isso se torne tão grave", disse o ex-presidente.

 

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