Eleições 2020

Com oito candidatas, mulheres tomam conta da corrida eleitoral à prefeitura do Recife

Na eleição majoritária de 2016, eram apenas três mulheres, sendo duas na cabeça de chapa e uma na vice. Em 2020, são três candidatas a prefeita e cinco candidatas a vice-prefeita do Recife

Luisa Farias
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Luisa Farias
Publicado em 21/09/2020 às 22:55
SÉRGIO GASPAR/DIVULGAÇÃO/ALEPE/DIVULGAÇÃO/RICARDO LABASTIER/DIVULGAÇÃO/TIAGO CALAZANS/DIVULGAÇÃO
Candidatas à prefeitura do Recife - FOTO: SÉRGIO GASPAR/DIVULGAÇÃO/ALEPE/DIVULGAÇÃO/RICARDO LABASTIER/DIVULGAÇÃO/TIAGO CALAZANS/DIVULGAÇÃO
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Passados quatro anos desde a última eleição majoritária no Recife - quando havia apenas três mulheres candidatas - o cenário deste ano é diferente em termos de participação feminina. Agora são oito mulheres disputando o pleito, sendo três como cabeça de chapa, Marília Arraes (PT), Patrícia Domingos (Podemos) e Cláudia Ribeiro, e cinco como vice: Isabella de Roldão (PDT), Priscila Krause (DEM), Kátia Teles (PSTU), Rosaly Almeida (PSL) e Roberta Rita (PCO).

Conforme ressalta a cientista política Priscila Lapa, o fato de haver três candidatas a prefeita em um universo de 11 postulantes ainda representa uma participação minoritária, mas é bom indicador. "De fato, algumas barreiras históricas e clássicas parecem que estão começando a ruir. Em uma capital como o Recife que é geradora de tendências eleitorais, isso é um dado importante que pode sinalizar sim para uma mudança de perspectiva de avanço desse número. Não tenho a impressão de que isso vai ser disruptivo, completamente diferente em relação aos anos anteriores, mas eu acredito que são avanços que estão acontecendo e não voltam mais atrás", explica. 

Esse fenômeno não é percebido apenas nas candidaturas, mas também no eleitorado, avalia Priscila. "Há uma maior participação da mulher do ponto de vista dela ter se percebido como maioria do eleitorado e portanto, reivindicando um espaço de atenção dos candidatos maior, mais amplo do que até então a gente vivia no Brasil", afirma. 

O cientista político Alex Ribeiro considera que o crescimento das bancadas femininas nas casas legislativas contribuiu para o aumento da participação das mulheres na política de uma forma geral. Ele cita como exemplo a eleição de 2018, que possibilitou que o número de deputadas estaduais dobrasse de cinco para 10 na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). "Isso é um incentivo para que outros atores políticos deste gênero procurem ocupar mais espaços na arena política", disse Alex. 

"Talvez a gente consiga perceber isso de forma clara nas eleições deste ano essa ampliação de fato da representação, que é por meio do poder legislativo, que é um importante indicador de representação", completa Priscila Lapa. 

Para o cientista político Antonio Lavareda, o crescimento do protagonismo das mulheres é um dos fatores que pode mexer com a disputa pela capital pernambucana. "Além disso, tivemos três surpresas: Túlio Gadêlha não viabilizou a postulação e isso foi bom para João Campos, que conseguiu apoio do PDT; Daniel Coelho desistiu da candidatura e foi um fator surpreendente e bom para Patrícia Domingos, que conseguiu o seu apoio; e a chapa pura com Mendonça Filho e Priscila Krause, que tem excelente imagem na cidade, é uma líder atuante na assembleia e tem o componente paterno, sendo filha do ex-ministro Gustavo Krause. Essas surpresas que devem mexer com os números das pesquisas eleitorais na capital", afirmou Lavareda.

Até a última atualização do DivulgaCandContas, às 16h10 desta segunda-feira (21), o Tribunal Superior Eleitoral registrava um percentual de 33% de candidaturas femininas e 67% masculinas. O TSE não informa o índice individual das eleições para prefeito e vereador, mas já é possível ter um norte de como será a representatividade feminina nesta eleição. O prazo para os partidos e coligações apresentarem os pedidos de registro de candidatura vai até as 19h do próximo sábado (26). 

Proporcionais

Em 2018, o TSE decidiu que 30% do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV seria destinado para candidaturas femininas. Já o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu, no mesmo ano, que a garantia desse percentual também valeria para o Fundo Partidário. Esta será, portanto, a primeira eleição municipal sob essas novas regras. 

Vale lembrar que, com o fim das coligações nas eleições proporcionais, cada partido deve atingir o mínimo de 30% e o máximo de 70% de candidaturas de cada sexo, e não mais as coligações como era antes. "Isso é um incentivo para que outros atores políticos deste gênero procurem ocupar mais espaços na arena política", diz Alex Ribeiro. 

Priscila Lapa faz um alerta para a possibilidade de lançamento de candidaturas laranjas apenas para atingir o mínimo de 30% de candidaturas femininas, assim como ocorreu nas eleições de 2018. "Apesar da sociedade e os órgãos de fiscalização hoje terem um olhar mais atento para evitar que aconteça, isso ainda pode ser um fenômeno que se repetido até de forma mais sofisticada agora em 2020. É por isso que ainda é cedo para a gente comemorar e ver se realmente essas candidaturas femininas serão para valer ou apenas para o cumprimento desse percentual mínimo que a legislação estabelece", diz a cientista política. 

Veja quais foram as candidatas na eleições de 2016:

- Priscila Krause (DEM)

- Simone Fontana (PSTU)

- Luciana Cavalcanti (PSOL) - vice de Edilson Silva (PSOL)

Veja quais são as candidatas na eleição deste ano:

- Marília Arraes (PT)

- Patrícia Domingos (Podemos)

- Cláudia Ribeiro (PSTU)

- Kátia Teles (PSTU) - vice de Cláudia Ribeiro (PSTU)

- Isabella de Roldão (PDT) - vice de João Campos (PSB)

- Priscila Krause (DEM) - vice de Mendonça Filho (DEM)

- Rosaly Almeida (PSL) - vice de Carlos Andrade Lima (PSL)

- Roberta Rita (PCO) - vice de Victor Assis

SÉRGIO GASPAR
PSTU Chapa com Claudia Ribeiro e Kátia Telles é a única 100% feminina - FOTO:SÉRGIO GASPAR

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