Mobilidade Urbana

No Dia Mundial Sem Carro, João Campos (PSB) volta a propor setor exclusivo para ciclistas, pedestres e usuários de transporte público

A proposta ainda está em fase de estudos, mas segundo o candidato a prefeito ela não criaria novos custos para a gestão.

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Publicado em 22/09/2020 às 19:36
Rodolfo Loepert / Divulgação
CAMINHADAS Ideia do candidato socialista é criar estrutura ligada à Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano - FOTO: Rodolfo Loepert / Divulgação
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No Dia Mundial Sem Carro, celebrado nesta terça-feira (22), o candidato a prefeito João Campos (PSB) reforçou a proposta de criar uma área exclusiva na estrutura organizacional da Prefeitura do Recife voltada para atender demandas dos pedestres, ciclistas e usuários de transporte coletivo. De acordo com o deputado federal, que já havia apresentado essa proposta quando era pré-candidato, esse organismo não criaria novos custos para a gestão, já que usaria os próprios recursos disponíveis pelo Executivo.

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A estrutura dessa área ainda está em fase de ajustes para ser apresentada à população, mas estaria ligada a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano. “Tenho conversado muito sobre o Recife que a gente quer. E, certamente, ele precisa ser mais inclusivo e sustentável. Para isso, deve ser uma cidade que valorize a mobilidade humana. Hoje, 70% da nossa população se desloca a pé, de bicicleta ou usa o transporte público. A gente precisa colocar, ainda mais, essa maioria absoluta no centro do debate”, afirmou Campos.

O candidato a prefeito também saiu em defesa da atuação das gestões do PSB sobre a mobilidade urbana na cidade do Recife. Segundo João Campos, caso seja eleito, ele dará continuidade às ações desenvolvidas pela administração do prefeito Geraldo Julio. O socialista cita como exemplo, o aumento das ciclovias - a expansão seria acima de 420% na malha desde 2013); a Faixa Azul, que conta com cerca de 58km de faixas exclusivas.

POLÍTICAS EFETIVAS

A predominância das ações e políticas voltadas para o transporte individual motorizado, mostra que ainda há uma discrepância no trânsito sobre a lógica de priorização de pedestres, ciclistas e usuários do transporte público. O Dia Mundial Sem Carro, vem para trazer essa reflexão sobre a necessidade de avanços urgentes nessa área.

A Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo), por exemplo, elaborou uma proposta de plano emergencial para implantação de estrutura cicloviária na capital pernambucana - a ideia é que o documento sirva de guia para os governos estadual e municipal poderem implementar a bicicleta como meio de transporte essencial.

“Por sorte, o Recife e sua Região Metropolitana contam com o Plano Diretor Cicloviário (PDC) desde 2014, documento que guia a implantação de estrutura cicloviária e que está incluso em planejamentos da cidade como o Plano Diretor, o Plano de Mobilidade, o Plano de Baixo Carbono, Recife 500 anos e PE 2035, alguns destes ainda em tramitação”, diz trecho da proposta disponibilizada virtualmente. “No entanto, a implantação dos eixos estruturadores, que deveria ter sido concluída em 2017, ainda não aconteceu”, complementa.

Apesar dos dados disponíveis no site da CTTU, mostrarem que houve uma expansão em mais de 400% da quilometragem de malha cicloviária da cidade, a Ameciclo ressalta que é preciso analisar esse percentual com cautela. Eles apontam que em 2013, Recife tinha apenas 20 km de estrutura para bicicletas. “Ou seja, em seis anos de criação do PDC, pouco mais de 100 km foram implantados - e somente trinta deles estão previstos no Plano”, afirmam os membros da Associação em uma postagem nas redes sociais.

Para a coordenadora da Ameciclo, Gaia Lourenço, um dos pontos principais para inverter a lógica de priorização dos meios de locomoção dentro de uma cidade, e neste caso específico tratando da bicicleta, é enxergá-la realmente como meio de transporte. “É uma opção inteligente, sustentável e democrática para a cidade. Nós precisamos que as políticas públicas, que o governo e a prefeitura, olhem para a bicicleta como solução para o transporte diário e a melhor forma de incentivar uso é com instalação adequada e infraestrutura segura para os ciclistas”, explica.

Gaia ressalta que a Associação possui vários estudos e pesquisas na área, sendo um deles voltado para o perfil do ciclista. Nele, foi constatado que a grande maioria das pessoas que não usam bicicleta, não usam por medo do carro. “Como é que a gente consegue sanar essa questão do medo? Tendo uma estrutura para esse público”, declara. Ainda segundo a coordenadora, o que tem sido realizado na cidade, não é feito através de consulta com o segmento envolvido.

Sobre como esse assunto deve ser abordado durante o período das eleições, já que muitos candidatos a prefeito falam em cidades inteligentes, criativas e humanizadas, Gaia afirma que a Ameciclo tem procurado os postulantes para apresentar as propostas que de fato, possam atender de maneira adequada as demandas dos usuários, principalmente aqueles que utilizam a bicicleta para trabalhar.

“A gente entrou em contato com quem a gente conseguiu, inclusive com órgãos da prefeitura e do governo, para apresentar o nosso plano e pedir para que o incluíssem nas propostas deles e que pudessem olhar para a bicicleta como meio de transporte. Locomoção é um direito de ir e vir, mas com segurança que o poder público precisa garantir. A bicicleta garante essa democratização desse deslocamento”, complementa.

 

 

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Eleições 2020 - FOTO:JC

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