Lotado no gabinete do senador que foi encontrado com dinheiro na cueca pela Polícia Federal, Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Leo Índio, é primo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro. Leo Índio é assessor parlamentar do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), více-líder do governo no Senado, desde 2019 e atualmente recebe um salário bruto de R$ 22.943,73. Caso acontece em meio a declarações do presidente de que não haveria corrupção em seu governo.
Leo Índio é filho de Rosemeire Nantes Braga Rodrigues, que é irmã de Rogéria Nantes, mãe de Carlos, Flávio e Eduardo Bolsonaro. Antes de ser nomeado para o gabinete de Chico Rodrigues, ele foi assessor parlamentar do primo Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) entre 2006 e 2012, e foi um dos que teve o sigilo bancário quebrado pela Justiça nas investigações do escândalo das "rachadinhas", em 2019.
O senador Chico Rodrigues é alvo de operação da Polícia Federal que apura desvios de recurso público de emendas parlamentares destinados ao combate à pandemia de covid-19. As irregularidades nas contratações teriam gerado sobrepreço de quase R$ 1 milhão. Durante cumprimento de mandato de busca e apreensão, nessa quarta-feira (14), foram encontrados quase R$ 100 mil na casa do parlamentar, e R$ 30 mil só dentro da cueca dele, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.
Por meio do nota, o senador negou as acusações. "Confio na justiça, vou provar que não tenho, nem tive nada a ver com qualquer ato ilícito. Não sou executivo, portanto, não sou ordenador de despesas, e como legislativo sigo fazendo minha parte trazendo recursos para que Roraima se desenvolva. Que a justiça seja feita e que se houver algum culpado que seja punido nos rigores de lei", afirmou.
NOTA Acredito na justiça dos homens e na justiça divina. Por este motivo estou tranquilo com o fato ocorrido hoje em...
De acordo com o colunista Valdo Cruz, do G1, Bolsonaro teria mandado afastar o senador Chico da posição de vice-líder do governo no Senado. Um assessor do presidente teria relatado que o chefe do Executivo reagiu irritado ao caso. "O ideal é que ele se antecipe e deixe o posto. Mas, se isso não acontecer, ele vai ser simplesmente afastado do grupo", falou a fonte ao jornalista.
Mais cedo, em fala na manhã desta quinta-feira (15), em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro procurou se distanciar do caso, dizendo que o parlamentar não fazia parte de sua administração.
"Vocês estão há quase dois anos sem ouvir falar em corrupção no meu governo. O meu governo são os ministros, as estatais e bancos oficiais", falou, dirigindo-se a apoiadores.
"Parte da imprensa está me acusando de o cara ser meu amigo, que eu o coloquei como vice-líder, o que diria que eu não combato a corrupção. Nós estamos combatendo a corrupção, não interessa a pessoa suspeita", comentou.
"Voadora no pescoço"
Já na manhã da quarta-feira (14), comentando com seguidores sobre a operação da PF em Roraima, ele afirmou que, se alguém andasse fora da linha em sua gestão, levaria “uma voadora no pescoço”.
“Ah, acabou a Lava Jato, pessoal? A PF está lá em Roraima hoje. Para mim não tem. No meu governo, não tem porque botamos gente lá comprometida com a honestidade, com o futuro do Brasil”, declarou.
Ao longo das últimas semanas, o presidente vem discursando sobre não haver corrupção no seu governo. No último dia 7, Bolsonaro afirmou ter acabado com a operação Lava Jato por esse motivo. Depois da repercussão da fala, ele reiterou o que disse, no dia 8: "Um ano e dez meses sem corrupção em nosso governo".
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