ELEIÇÕES 2020

Oscar Barreto entrega cargo na Prefeitura do Recife e diz que não vai dar trégua a Marília Arraes

Em entrevista coletiva na sede estadual do PT, Barreto disse que entrega a Secretaria Municipal de Saneamento para cumprir determinação do Diretório Nacional petista

Marcelo Aprígio
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Marcelo Aprígio
Publicado em 15/10/2020 às 12:03 | Atualizado em 15/10/2020 às 21:46
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Havia a expectativa que o agora ex-secretário anunciasse apoio ao candidato socialista, abrindo dissidências nas hostes do PT - FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Integrante da ala do PT que defendia aliança com o PSB de João Campos na disputa pela Prefeitura do Recife, o ex-presidente da sigla na capital pernambucana, Oscar Barreto, decidiu entregar o comando da Secretaria Municipal de Saneamento para cumprir, segundo ele, uma "imposição" do Diretório Nacional do PT. Em entrevista coletiva na sede estadual da legenda, em Santo Amaro, área central do Recife, Barreto cobrou da candidata do partido, Marília Arraes, a defesa das pautas petistas e disse que não daria trégua à candidata.

"A presidente [nacional do PT] Gleise [Hoffmann] determinou, e nós estamos cumprindo. Estamos entregando nosso cargo na Prefeitura. A partir de agora, sem o problema de estar no governo, nós não vamos dar trégua a uma campanha que não tem política, cor e lado. Nós somos dissidente dessa política. Ou melhor, quem tá dissidente do partido é ela [Marília Arraes]", frisou Oscar Barreto.

O agora ex-secretário afirmou que não mudou de lado e que sempre empunhou as bandeiras de sua legenda. "Nós estamos onde sempre estivemos, defendendo a bandeira dos trabalhadores. Essa é a bandeira do PT", declarou Barreto, afirmando que Marília vem descumprindo as diretrizes do partido. "Cabe à candidata se posicionar em cima da decisão partidária, porque há oito meses que ela não fala nada do que foi decidido pelo diretório nacional do PT. Por isso estamos saindo do governo. Ao mesmo tempo em que estamos saindo da gestão, estamos cobrando essa posição de coerência", disse Oscar.

O guia eleitoral de Marília Arraes também esteve sob a mira das críticas do ex-secretário. "Ela não falou uma palavra contra o governo Bolsonaro em seu guia, não falou nada sobre Lula. Não é só colocar o Lula, é defender Lula e Dilma. E muito menos falou do legado do PT", pontuou ele. 

Durante a coletiva, que foi transmitida em seu perfil no Facebook, Barreto afirmou que já conversou com o prefeito Geraldo Julio (PSB) e comunicou sua decisão. "Muita gente acha que minha posição política tem a ver com o cargo, por isso falei com o prefeito e pedi minha exoneração a partir de hoje (quinta, 15)", contou o petista. "Não poderia ficar no governo sendo acusado, o tempo todo, de ter opinião política relacionada a esse cargo", emendou.

"Saio do governo, saio da secretaria e vou assumir a trincheira da luta. Vamos denunciar o tempo todo essa atitude que se afasta das bandeiras do Partido dos Trabalhadores", afirmou Oscar.

Veja a íntegra da coletiva:

Apoio a João Campos

Havia a expectativa que o agora ex-secretário anunciasse apoio ao candidato socialista João Campos, abrindo dissidências nas hostes do PT. O anúncio, porém, não foi feito. Questionado por jornalistas se iria declarar a apoio ao deputado federal, Oscar disse que a pauta do encontro não seria essa. "Esse assunto não está em discussão. Nós chamamos a coletiva para anunciar minha saída da prefeitura e cobrar uma posição da candidata do partido", desconversou o petista.

Procurada pelo JC, a candidata Marília Arraes afirmou, por meio de assessoria, que não irá comentar as declarações do seu correligionário.

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