Pandemia

Candidatos a prefeito em Pernambuco repercutem decisão do TRE-PE de proibir atos de campanha presenciais

Candidatos no Recife, Jaboatão, Olinda e Petrolina comentaram a recente decisão do TRE de proibir atos de campanha presenciais

Alice Albuquerque Gabriela Carvalho
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Alice Albuquerque
Gabriela Carvalho
Publicado em 30/10/2020 às 11:01 | Atualizado em 30/10/2020 às 20:28
ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
Segundo o TRE-PE, mesmo com com o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras no Estado, a exigência dos comprovantes do esquema vacinal completo está mantida - FOTO: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM

Atualizada às 20h28

Por causa do aumento de casos de contaminação por covid-19 e visando preservar as vidas, o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) decidiu proibir, nesta quinta-feira (29), em todos os 184 municípios de Pernambuco, todos os atos presenciais de campanha eleitoral que causem aglomeração. Agora, eventos como comícios, bandeiraços, passeatas, caminhadas, carreatas e similares estão suspensos, portanto, nas 184 cidades pernambucanas. Confraternizações, inclusive para arrecadação de recursos para a campanha, também estão inclusas no pacote das proibições, que se estende também aos eventos realizados em estilo drive-thru. 

A reportagem do JC conversou com candidatos de alguns municípios de Pernambuco para saber suas opiniões a respeito da proibição da campanha de rua. 

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Recife

O candidato do PSL, Carlos Andrade Lima lamentou a decisão do TRE, mas disse que a proibição era "compreensível".

"O ato do TRE é uma resposta a alguns desrespeitos que estavam sendo cometidos na campanha e a uma provável segunda onda de casos que se imagina estar por vir. Sempre defendi que a gente tem de fazer campanha, mas respeitando as orientações sanitárias e os protocolos da OMS. É uma pena que o TRE tenha tomado essa medida, mas é compreensível".

Já o candidato Charbel (Novo) criticou a decisão tardia do tribunal e alegou que a proibição pode desigualar os candidatos, já que uns "vão cumprir à risca e outros vão arriscar". 

"Esse decreto veio em um momento difícil, no meio da campanha. Isso deveria ter sido pensado antes e trabalhado junto com os candidatos. Não pode simplesmente fechar sem nem ouvir quem está na campanha do dia a dia, nem mesmo para tirar dúvidas de como aplicar esse decreto. Ficou obscuro. O que vai acontecer é o seguinte: quem quiser cumprir à risca vai ficar basicamente sem fazer campanha na rua. Alguns vão arriscar, pode dar certo e vai tratar de forma desigual os candidatos. Vamos ter que aprender com erros e acertos, já que faltam duas semanas para as eleições", disse.

» Na reta final da campanha eleitoral, TRE-PE proíbe comícios, carreatas, bandeiraços, passeatas e caminhadas em Pernambuco

Em nota enviada pela assessoria, a candidata Marília Arraes (PT) afirmou que "seguirá rigorosamente" a resolução do TRE-PE, mesmo "entendendo que a decisão extrapola as funções constitucionais do TRE-PE, e que também está em desacordo com o calendário de flexibilização do Poder Executivo Estadual, com previsão inclusive de volta às aulas nos próximos dias, e com festas, shows e atividades de lazer já acontecendo em todo o Estado".

A assessoria de Mendonça Filho (DEM) disse que o candidato não ia comentar a decisão, mas que "a coordenação da campanha está avaliando com os jurídicos local e nacional do partido o impacto dessa decisão". A nota frisou que a decisão judicial será cumprida.

O candidato Thiago Santos (UP) afirmou que vai seguir as recomendações do TRE no que se refere as questões sanitárias. "De forma segura, vamos continuar apresentando o projeto de poder popular para a cidade do Recife. Em pequenos grupos, sem aglomerações e adotando as medidas sanitárias como uso de máscara, distanciamento e uso de álcool a 70%".

A candidata Delega Patrícia se pronunciou em vídeo nas redes sociais e disse que seguirá a determinação do TRE. "O TRE suspendeu as atividades de campanha que julgou gerar risco de aglomeração e decisões judiciais existem para serem cumpridas. Sou delegada e minha vida sempre foi pautada pelo cumprimento das leis, não seria diferente agora. Mas, a nossa campanha não vai parar, vamos continuar visitando os bairros do Recife e conversando com as pessoas, nem que seja uma por uma, para apresentar nossas propostas e nossas ideias para libertar o Recife", afirmou a candidata.

A reportagem entrou em contato com as assessorias dos candidatos João Campos (PSB), Coronel Feitosa (PSC), Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB) e Claudia Ribeiro mas, até a última atualização da matéria, não obteve retorno. 

Jaboatão dos Guararapes

O candidato Daniel Alves (MDB) informou, por assessoria, que está de acordo com a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) em suspender atos de campanha que causem aglomeração. De acordo com o candidato, "toda forma de prevenção contra a Covid-19 é essencial para evitar mais casos da doença".

O prefeito e candidato a reeleição, Anderson Ferreira (PL) comunicou que vai seguir as determinações do TRE, "como tem sido feito desde o início". Disse, ainda, que sua equipe vai ter que "repensar" os atos para os próximos 15 dias, mas que seguirá todas as regras. 

O candidato Arnaldo Delmondes (PCdoB) afirmou que a preocupação do TRE é "louvável", mas "toda democracia tem seu preço", e criticou a decisão na reta final da campanha. "Proibir os atos foi suplantar o trabalho que já tem sido feito com o plano de convivência das autoridades. Sem falar que tal decisão foi tomada unilateralmente, sem discutir com a sociedade e partidos. Mas, ainda assim, seguimos confiantes, responsáveis e vamos fiscalizar, se todas a normatização estará sendo cumprida".

A candidata Maíra Vilar (PDT) comentou que o cuidado com cada um e cada uma tem sido a prioridade da campanha e ressaltou que a ordem pode prejudicar o "trabalho de formiguinha daqueles que não têm mandato". "As candidaturas que recebem grandes montantes de dinheiro e têm a máquina do Estado ao seu favor, certamente, pouco serão afetadas. Em contrapartida, o nosso diálogo e convencimento diário da população será dificultado. Não obstante, entendemos que é necessário reforçar a fiscalização do cumprimento das medidas de segurança contra o novo coronavírus pelos candidatos a fim de proteger as pessoas e ainda garantir a isonomia do pleito eleitoral"

A reportagem entrou em contato com as assessorias dos candidatos Belarmino Silva (Avante) mas, até a última atualização da matéria, não obteve retorno.

Olinda

Em nota, o prefeito e candidato a reeleição, Professor Lupércio (Solidariedade) comunicou que "não realizará agendas que provoquem aglomeração de pessoas, tendo como prioridades a saúde e a vida da população olindense". O candidato ainda afirmou que parte de sua campanha "já está sendo realizada e será ainda mais intensificada também por meios virtuais (rádio, TV e redes sociais)".

A assessoria do candidato João Paulo (PCdoB) informou que ele "entende que diante da pandemia que o país enfrenta e a negligência do governo federal, os cuidados pela preservação da saúde e da vida das pessoas vem em primeiro lugar" e que acata a norma da justiça.

O candidato Jorge Federal (PSL) mandou uma nota através da assessoria informando que seguirá as recomendações que visam garantir o distanciamento social durante a campanha eleitoral. "Desta forma, Jorge Federal não realizará comícios, passeatas, carreatas ou similares, buscando evitar aglomerações e seguindo as regras de segurança sanitária. Acreditamos na luta política feita por meio da coletividade e da escuta ativa, portanto, a nossa candidatura fará uso da tecnologia para conectar ideias e ampliar as vozes da Mudança de Verdade. Como de costume, caminharemos ao lado dos interesses da população olindense, expressando nossa preocupação e cuidado com a proteção do bem mais precioso que existe, a Vida de nossos cidadãos".

Através de nota, Armando Sérgio (Avante) pontuou que ordem judicial não se contesta, "se cumpre". "Mas o TRE poderia ser mais explicito no que pode e no que não pode. No banco Itaú em Bairro Novo, uma aglomeração sem limite. Mais de 200 idosos na frente do banco pra receber o benefício. Da mesma forma nos terminais de integração e coletivos, isso a justiça não vê", criticou.

A reportagem entrou em contato com as assessorias dos candidatos Guto Santa Cruz (PDT), Celso Muniz (MDB), André Azevedo (DC) mas, até a última atualização da matéria, não obteve retorno.

Paulista

A candidata Procuradora Maria Aparecida (PSD) afirmou esperar que o advogados façam alguma apelação para recorrer ao TRE-PE para que ocorra "uma parcial ou total revogação, mantendo as normas já determinadas por lei federal", lembrou. "Ele fez muitas restrições. O tribunal entende que isso é uma mini carreata (distribuição de panfletos com carro de som). Nós de Paulista, pelo menos até que provem ao contrário, mas vou afirmar por mim que nós paralisamos a circulação do nosso único veículo de som e também não pode ter passeata, carreata. Agora, o contato vai ser muito distante, não tem mais aquele clima de campanha. A democracia se faz sempre em contato com os humanos e a partir da hora que não podemos conversar, entendo que estão a restringindo", pontuou.

O candidato Nena Cabral (PSDB) se posicionou favorável à decisão, tendo em vista o alerta da possibilidade de uma nova onda do coronavírus. "Sabemos que nesse momento como candidato a prefeito, da necessidade do corpo a corpo com o eleitor, trazendo algumas dificuldades nas caminhadas, passeatas e outras formas de fomentar nossa eleição. Contudo, tenho a certeza e convicção que nesse instante prevalece todo o cuidado e prevenção para que esses índices se mantenham dentro do padrão de controle pelos órgão de saúde".

Geraldo Pinho Alves (AVANTE) comentou ter notado o crescimento de pessoas contaminadas pelo coronavírus durante a campanha e disse que a ação é plausível. "Acho necessário, o presidente do TRE está certíssimo nessa resolução, se é para o bem da saúde da população. A gente fica com receio e ao mesmo tempo eu vejo a população cada dia mais aumentando a quantidade de contaminados".

Para o candidato Francisco Padilha (PSB) não se deve ir de encontro a uma decisão da justiça, e sim cumpri-la, mas dentro do permitido ele vai seguir com a campanha. "Mesmo porque parar a nossa militância que vinha num ritmo frenético, vai ser bem difícil. Montamos uma estratégia dentro do permitido, com grupos pequenos fazendo porta a porta, vamos continuar conversando, abordando, mostrando nosso programa de governo construído com participação popular. Vamos atuar no miudinho, no olho no olho. Até o dia das eleições, não vamos arredar o pé das ruas. A diferença é que ao invés de grandes eventos vamos pulverizar nossa campanha em cada canto da cidade", afirmou o socialista. 

Petrolina

Candidato à reeleição no município, Miguel Coelho (MDB) se pronunciou sobre o assunto em vídeo publicado nas redes sociais e pediu para a militância se dedicar à campanha virtual.

"Há cerca de um mês, decidimos não realizar caminhadas. Nas últimas semanas, reduzimos as carreatas para evitar aglomerações. Agora, estamos decidindo encerrar qualquer ato de rua presencial. Nossa conversa com o eleitor, portanto, será pela TV, rádio e redes sociais, sempre de forma propositiva, prestando contas de tudo que fizemos nesse primeiro mandato e mostrando nossas ideias para os próximos quatro anos", informou o candidato. 

Em nota, Odacy Amorim (PT) suspendeu a agenda planejada para esta sexta-feira (30) e disse que "o compromisso é com o povo e, por isso, nossa prioridade é preservar a vida das pessoas". 

Pandemia

Nesta quinta, Pernambuco entrou no terceiro dia com tendência de alta na média móvel de casos de covid-19. Foram registradas 579 novas ocorrências de contaminação pela doença. Agora, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, o Estado totaliza 161.740 pessoas que contraíram o novo vírus. Desde o início da pandemia, 8.599 casos de covid resultaram em morte. Ontem, foram confirmados mais 12 óbitos.

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Segunda onda

Ainda nesta quinta, mais cedo, a Academia Pernambucana de Ciência (APC) e a Academia Pernambucana de Medicina (APM) publicaram uma nota conjunta "em defesa da vida face a uma nova onda da covid-19".

Na publicação, as entidades repudiaram as aglomerações provocadas em comícios políticos por todo o País, onde as medidas cautelares em relação ao contágio pelo novo coronavírus não estão sendo respeitadas, segundo a APC e a APM.

A nota diz que "a negação da pandemia e a desobediência às leis são atitudes que devem mudar de forma obrigatória e urgentemente, caso os governantes desejem salvar as vidas de seus governados".

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