SAÚDE

Academias pernambucanas de Ciência e Medicina repudiam aglomerações em comícios e alertam para 2ª onda da covid-19

"A negação da pandemia e a desobediência às leis são atitudes que devem mudar de forma obrigatória e urgentemente, caso os governantes desejem salvar as vidas de seus governados", diz trecho da nota; Pernambuco voltou a apresentar tendência de alta na média móvel de casos na última terça-feira (27)

Vanessa Moura
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Vanessa Moura
Publicado em 29/10/2020 às 11:45 | Atualizado em 29/10/2020 às 12:10
ISAC NÓBREGA/DIVULGAÇÃO
AGLOMERADO Sem máscara, Bolsonaro desfilou em carreata pela cidade, cumprimentou a população, posou para fotos e segurou crianças no colo - FOTO: ISAC NÓBREGA/DIVULGAÇÃO

Após três dias de tendência de alta na média móvel de casos de covid-19 em Pernambuco, a Academia Pernambucana de Ciência (APC) e a Academia Pernambucana de Medicina (APM) publicaram uma nota conjunta "em defesa da vida face a uma nova onda da covid-19". Na publicação, as entidades repudiaram as aglomerações provocadas em comícios políticos por todo o País, onde as medidas cautelares em relação ao contágio pelo novo coronavírus não estão sendo respeitadas, segundo a APC e a APM. 

"A negação da pandemia e a desobediência às leis são atitudes que devem mudar de forma obrigatória e urgentemente, caso os governantes desejem salvar as vidas de seus governados", diz trecho da nota.

O comunicado, assinado pelos presidentes de ambas as instituições, informa sobre o recente crescimento no número de casos positivos da doença em vários países do mundo, o que tem levado "os sistemas de saúde aos seus limites de atendimento e resultando no aumento do número de mortes", que, segundo a nota, "poderiam ter sido evitadas caso a população tivesse seguido as normas sanitárias divulgadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e as autoridades sanitárias em todo o mundo".

Os números da pandemia em países como Nova Zelância e Japão, que registram quantidade mínima de óbitos se comparados ao Brasil, foram utilizados como exemplo no comunicado, onde as academias relacionam o cumprimento das medidas sanitárias ao controle pandêmico. A França, no entanto, foi citada por conta da implantação de um novo lockdown, que entra em vigor na sexta (30).  

"Por melhor que seja o serviço de saúde a quantidade de óbitos está também aumentando e os hospitais irão ficar superlotados em um curto espaço de tempo. O presidente da França, Emmanuel Macron, acaba de anunciar um novo lockdown a partir de sexta-feira, dia 30, em função da segunda onda da pandemia. Infelizmente, no Brasil, isto está sendo observado no estado do Amazonas. É extremamente importante que se evite uma segunda onda da Covid-19 no País".

Aumento na média móvel de casos 

Após Pernambuco apresentar tendência de queda ou de estabilidade no número de infectados pela covid-19 por 51 dias, na última terça-feira (27), a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) confirmou 878 novos casos da doença, causando mudanças na média móvel diária, que passou a apresentar tendência de alta de 23%.  Na quarta-feira (28), com mais 807 novos casos positivos, e nesta quinta-feira (29), com 579 novas confirmações, a tendência permaneceu em alta, o que pode ser resultado das aglomerações realizadas nas últimas semanas. 

Além disso, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) começou a despontar novamente como um dos principais termômetros da covid-19 no Recife. Na segunda-feira (26), o Samu registrou mais que o dobro no número de chamados a casos suspeitos da infecção pelo novo coronavírus, em comparação com o dia anterior (25). Foram 31 acionamentos, que geraram 24 envios de ambulância. 

 

 

BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
Pernambuco - FOTO:BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

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