Câmara dos Deputados

Fechamento de fábricas da Ford reforça divergência entre candidatos de Maia e Bolsonaro à Presidência da Câmara

De um lado, destaque para os incentivos já dados a Ford. Do outro, a necessidade de uma reforma tributária; entenda

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Cássio Oliveira

Publicado em 12/01/2021 às 15:18 | Atualizado em 13/01/2021 às 12:53
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Em lados opostos na disputa pela presidência da Câmara, os deputados federais Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-AP) se manifestaram sobre o anúncio da Ford, que encerrará a produção de veículos em suas fábricas no Brasil após um século. Aliado de Jair Bolsonaro, Lira seguiu a linha de que os incentivos fiscais foram dados à montadora americana e que "a balança" não deve pesar "a favor de um só". Por outro lado, Baleia encampou o discurso de Rodrigo Maia (DEM), de que o problema está no sistema tributário brasileiro. 

A empresa mantinha fábricas em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), para carros da Ford, e em Horizonte (CE), para jipes da marca Troller. Em 2020, a Ford fechou o ano como a quinta que mais vendeu carros no Brasil, com 7,14% do mercado. Cabe destacar, que a montadora continuará comercializando produtos no País, mas eles serão importados de países como Argentina e Uruguai.

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Na manhã desta terça-feira o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou a apoiadores que o fechamento dos parques fabris da Ford no Brasil aconteceu porque a empresa "perdeu para a concorrência" e "em um ambiente de negócios, quando não se tem lucro, se fecha". "Assim é na vida e na nossa casa”, completou o presidente que disse lamentar a escolha da montadora de encerrar a produção no País e do fechamento de cinco mil postos de trabalho. Segundo Bolsonaro, "faltou à Ford dizer a verdade: eles querem subsídios".

Arthur Lira também destacou que o Brasil fez um "esforço imenso" para manter a indústria automobilística de pé. "Entendemos os impactos da pandemia (do novo coronavírus), concedemos incentivos e benefícios e não é possível que a balança pese a favor de um só. É preciso sentar, conversar e buscar um caminho. Cada vaga de emprego é preciosa", afirmou o parlamentar no Twitter.

Por sua vez, o atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), crítico da gestão Bolsonaro, afirmou que fechamento da Ford é uma demonstração da "falta de credibilidade do governo brasileiro", de regras claras, de segurança jurídica e de um sistema tributário racional. "O sistema que temos se tornou um manicômio nos últimos anos, que tem impacto direto na produtividade das empresas. Espero que essa decisão da Ford alerte o Governo e o parlamento para que possamos avançar na modernização do Estado e na garantia da segurança jurídica para o capital privado no Brasil", afirmou o deputado.

Para sua sucessão, Rodrigo Maia tem como candidato o deputado federal Baleia Rossi e este se pronunciou na mesma linha de que é urgente a reforma tributária no Brasil. "A Ford fechou suas fábricas no Brasil. Manteve na Argentina. Ou fazemos mudanças ou mais empresas se mudam do país. A reforma tributária é parte da solução. Sou autor da PEC 45, que unifica cinco impostos em um e elimina distorções que oneram o setor produtivo. Hora desse debate. A Casa foi fundamental no enfrentamento à pandemia. Agora, precisamos ajudar ainda mais na recuperação econômica e a cuidar de quem mais precisa", destacou Rossi nas redes sociais.

No próximo dia 2 de fevereiro deve ser realizada a eleição para a presidência da Câmara. Além de Arthur Lira e Baleia Rossi, outros dois deputados já anunciaram que são candidatos: André Janones (Avante-MG) e Capitão Augusto (PL-SP).

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