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Rodrigo Maia decide deixar o DEM após eleição na Câmara dos Deputados, diz jornal

Decisão do presidente da Câmara teria sido tomada no último domingo, após a Executiva do partido ter decidido ficar neutra quanto à eleição na Casa

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Estadão Conteúdo, Renata Monteiro

Publicado em 01/02/2021 às 11:01 | Atualizado em 01/02/2021 às 12:08
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Após a Executiva Nacional do Democratas decidir, no último domingo (31), manter-se neutra com relação à eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, o deputado federal Rodrigo Maia teria decidido sair do partido, de acordo com a CNN. Na prática, a decisão do DEM prejudica diretamente o deputado Baleia Rossi (MDB), candidato apoiado por Maia, atual presidente da Casa, porque liberaria os parlamentares da sigla a votarem no principal oponente do emedebista, Arthur Lira (PP), que conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Maia teria informado a sua decisão ontem à noite para algumas pessoas, entre elas o presidente nacional do DEM, ACM Neto. A formalização do desembarque, contudo, deve ocorrer só após a eleição, ainda nesta segunda-feira (1º).

A decisão da Executiva do DEM de desembarcar do bloco de apoio à candidatura do deputado Baleia Rossi e a disposição do PSDB e do Solidariedade de seguir o mesmo caminho levaram Maia a ameaçar aceitar um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Ao ser informado pelo presidente do DEM, ACM Neto, na noite deste domingo, de que a maioria dos deputados do partido apoiaria a candidatura de Lira para o comando da Câmara, e não Baleia, Maia ficou irritado. O presidente da Câmara ameaçou até mesmo deixar o DEM. A reunião ocorreu na casa dele, onde também estavam líderes e dirigentes de partidos de oposição, como o PT, o PCdoB e o PSB, além do próprio MDB.

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Maia encerra o mandato à frente da Câmara nesta segunda-feira e, conforme apurou o Estadão, afirmou que, se o DEM lhe impusesse uma derrota, poderia, sim, sair do partido e autorizar um dos 59 pedidos de afastamento de Bolsonaro. Integrantes da oposição que estavam na reunião apoiaram o presidente da Câmara e chegaram a dizer que ele deveria aceitar até mais de um pedido contra Bolsonaro.

ACM Neto passou na casa de Maia antes da reunião da Executiva do DEM justamente para informar que, dos 31 deputados da legenda, mais da metade apoiava Lira. Pelos cálculos da ala dissidente, 22 integrantes da bancada estão com Lira, que é líder do Centrão

O PSDB e o Solidariedade têm reuniões marcadas para esta segunda-feira e, diante da fragilidade da candidatura de Baleia, também ameaçam rifá-lo. "Ou mostramos força e independência apoiando claramente o Baleia ou adeus às expectativas de sermos capazes de obter alianças e ganhar as próximas eleições. Se há algo que ainda marca o PSDB é a confiança que ele é capaz de manter e expressar. Quem segue a vida política estará olhando, que ninguém se iluda", disse recentemente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em um grupo de WhatsApp da bancada tucana.

O ex-senador José Aníbal foi na mesma linha. "O PSDB assumiu compromisso com Baleia. Espero que cumpra. De outro modo, é adesão ao genocida", afirmou Aníbal neste domingo.

Maia lançou a candidatura de Baleia à sua sucessão em dezembro, com o respaldo de uma frente ampla, que incluiu partidos de esquerda. Na ocasião, o líder do DEM, Efraim Filho (PB), assinou um documento no qual o partido avalizava o nome do MDB.

Diante do racha, ACM Neto atuou para amenizar a crise. Saiu da casa de Maia e foi direto para a sede do partido. Conduziu a reunião da Executiva pedindo para que o DEM ficasse oficialmente neutro. Além das ameaças de Maia, partidos de oposição afirmaram que, com o abandono de Baleia por parte do DEM, também a esquerda poderia desembarcar da candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ao comando do Senado. Até agora, Pacheco é o favorito para a cadeira de Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Ao final da reunião, a cúpula do DEM decidiu não aderir mais ao bloco de Baleia nem ao de Lira, ao menos oficialmente, assumindo posição de "independência" e abrindo caminho para traições, uma vez que o voto é secreto. O candidato do Progressistas, no entanto, divulgou em sua agenda que nesta segunda, às 9h30, receberá o apoio do DEM.

Nos bastidores, deputados comentavam neste domingo que o racha pode afastar o apresentador Luciano Huck do DEM. Huck planeja entrar na política para disputar a eleição para a Presidência, em 2022, e tem flertado tanto com o DEM como com o Cidadania ao defender uma frente de centro para derrotar Bolsonaro.

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