''Creio que ele queria ser preso'', diz Francisco Queiroz sobre prisão de Daniel Silveira
Para Francisco Queiroz, o lado mais ''radical do bolsonarismo força a corda do regime democrático''
O desembargador federal aposentado Francisco Queiroz disse, na manhã desta quarta-feira (17), que o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) parecia querer ser preso, como foi, ao persistir na divulgação de vídeos com ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
No fim da noite dessa terça-feira (16), a Polícia Federal (PF) foi até a casa de Daniel, no Rio de Janeiro, com ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes.
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"Ele pôde ser preso em flagrante, que é no momento que praticou um crime ou na sequencia e não foi só o vídeo, foi persistir na divulgação. Creio que ele queria ser preso, queria criar essa situação de vítima. O pessoal mais radical do bolsonarismo força a corda do regime democrático. Acho que eles leram a evolução do partido nazista nos anos 30, mas quem leu o começo, esqueceu de ver o resultado desastroso. Ele forçou a barra, após a prisão imediatamente, fez outro vídeo contra o Supremo", afirmou Francisco Queiroz em entrevista à Rádio Jornal.
Segundo o despacho, o ministro Alexandre de Moraes determinou à PF a prisão imediata de Silveira, por se tratar de “ato em flagrante”. O parlamentar foi conduzido à superintendência da PF no Rio de Janeiro. O magistrado também determinou que o YouTube bloqueie imediatamente o vídeo de Silveira da plataforma, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.
Na visão de Queiroz, Daniel Silveira faz parte de algo maior. "O Daniel Silveira é instrumento de um mecanismo articulado. Teve a fala do general (Eduardo Villas Bôas), na mesma semana, Bolsonaro expediu decretos absurdos de armas e você tem um deputado, extremamente limitado tecnicamente, mas com projetos no sentido de restringir a retirada de mensagens ilegais na internet, restringir visita íntima de preso, possibilitar suspensão de resultados eleitorais", disse o desembargador aposentado.
Inquérito
Bolsonarista, Daniel Silveira é investigado pelo STF no inquérito que mira o financiamento e organização de atos antidemocráticos em Brasília. Em junho, ele foi alvo de buscas e apreensões pela Polícia Federal e teve o sigilo fiscal quebrado por decisão de Moraes.
O deputado negou, em depoimento, o fato de produzir ou repassar mensagens que incitassem animosidade das Forças Armadas contra o Supremo ou os ministros.