Raul Henry defende punição de Daniel Silveira, mas tem 'pé atrás' com Conselho de Ética da Câmara

O deputado federal Raul Henry (MDB) defendeu a devida punição ao deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) - que foi preso após publicar vídeo com ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) - mas disse estar com um "pé atrás", da decisão que virá do conselho de ética da Câmara Federal.

Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta sexta-feira (19), Raul usou como exemplo o caso da deputada Flordelis (PSD), que é ré, apontada por mandar matar o marido, pastor Anderson, para apontar uma possível morosidade do Conselho de Ética. A representação contra a deputada está parada desde outubro de 2020.

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"No Conselho de Ética o requerimento foi encaminhado e há prazos, tanto para apresentar relator quanto para votação. Depois disso, vai ao plenário. Mas, no caso de Flordelis, por exemplo, é um escárnio, ela está num inquérito como mandante do assassinado do marido, ela é indiciada e não houve providência do Conselho de Ética. Então, nessas questões da Câmara fico com pé atrás, pois há um corporativismo grande, mas espero que haja punição exemplar, pois a democracia é nosso maior bem não podemos deixar uma atitude fascista ameaçar o pais", afirmou Raul.

PGR

Na quarta-feira (17), a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Daniel Silveira minutos depois de o STF manter a prisão dele em decisão unânime dos ministros. Em um vídeo postado na internet, o parlamentar bolsonarista defendeu a destituição imediata dos onze ministros do STF, e enalteceu o AI-5, instrumento usado pelo regime militar durante a ditadura.

Questionado sobre a liberdade de expressão do parlamentar, Raul Henry disse que Daniel agrediu a "mãe de todas as liberdades", que é a democracia. "Tem juristas, inclusive, se pronunciando que ele (Daniel Silveira) tem o direito de liberdade de expressão naquele caso. Mas, depois disso o que vem? Vai confirmar as ameaças na prática? Quem viu o vídeo sabe do que falamos, quem defende liberdade numa situação daquela defende uma coisa absurda", afirmou o pernambucano.

Daniel Silveira já é investigado em dois inquéritos no Supremo. A PGR apura a participação do deputado na organização e no financiamento dos atos antidemocráticos em 2020. Ele já teve o sigilo bancário quebrado e foi alvo de busca e apreensão. O outro inquérito apura a propagação de informações falsas e ataques aos ministros do Supremo. Nesse inquérito, o ministro Alexandre de Moraes já determinou que o deputado preste depoimento e que tenha postagens preservadas pelas redes sociais.

Agora, o futuro do parlamentar está nas mãos do plenário da Câmara dos Deputados, que dará a palavra final sobre a manutenção ou não da prisão de Daniel. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, já convocou uma reunião da Mesa Diretora e de líderes para discutir a prisão. Pelo Twitter, a assessoria jurídica disse que a prisão é ilegal. Para a defesa, a prisão representa "violento ataque à liberdade de expressão e inviolabilidade da atividade parlamentar.