Entrevista

Governo Bolsonaro reage à má avaliação com troca de ministro da Saúde, avalia cientista político

Médico cardiologista, Marcelo Queiroga é o novo ministro da Saúde

Cássio Oliveira
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Cássio Oliveira
Publicado em 17/03/2021 às 11:50
WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS
RECUPERAÇÃO Para Lavareda, presidente tem a chance de reagir com o trabalho do novo ministro da Saúde - FOTO: WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS
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Diante da má avaliação de desemprenho no combate à pandemia, como mostrou pesquisa Datafolha, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) terá uma chance de reação com a troca de ministro da Saúde. A avaliação é do cientista político Antônio Lavareda, que concedeu entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta quarta-feira (17).

Confira a entrevista:

Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nessa terça-feira (16), aponta que 54% dos entrevistados avaliam como ruim ou péssimo o desempenho do presidente na gestão da crise provocada pelo novo coronavírus. Na pesquisa anterior, realizada em janeiro, esse índice era de 48%. Segundo o levantamento, 22% consideram ótima ou boa a performance de Bolsonaro na condução do enfrentamento à pandemia. O índice anterior era de 26%. A pesquisa nacional do instituto foi realizada por telefone nos dias 15 e 16 de março e ouviu 2.023 pessoas. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

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"O governo do presidente Bolsonaro está reagindo com a troca do ministro. Esperemos que dê resultados, pois os anúncios desencontrados sobre a entrega de vacinas deixa a população inquieta e isso repercute negativamente sobre a imagem do presidente e de seu governo", explicou Lavareda. Bolsonaro promoveu uma substituição no Ministério da Saúde. Saiu o general Eduardo Pazuello para a entrada do médico cardiologista Marcelo Queiroga.

Vacinação

Em determinado momento da entrevista, outra pesquisa foi levantada pelo especialista. Lavareda lembrou que levantamento Ipespe apontou que 81% dos brasileiros considera a vacinação contra covid-19 lenta no País.

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"A pesquisa mostrou que os brasileiros acham mal planejado o trabalho da vacinação. Mas, somasse a isso subtração, a recusa, do governo federal em coordenar o trabalho de governadores e prefeito. O Brasil  é um país continental, precisaríamos ter um trabalho de coordenação bastante eficaz e, infelizmente isso esteve longe de ocorrer. Os desencontros estão na base da má avaliação. Mas, é sempre bom alimentar a esperança, temos o Queiroga, um nordestino, presidente da Associação de Cardiologia, e podemos formular votos de que ele consiga redirecionar o trabalho do Ministério (da Saúde) que entregue ao general Pazuello não teve êxito", destacou.

Auxílio emergencial

Lavareda também falou sobre a relação entre o pagamento do auxílio emergencial e a avaliação do governo, que apresenta uma piora justamente no momento em que o pagamento do benefício está paralisado. O cientista político destaca que a avaliação sobre pandemia e economia, embora sejam ângulos distintos, se confunde e o auxilio acaba entrando ''na cesta de ações' de enfrentamento ao vírus.

"O governo Bolsonaro tem a avaliação de ruim e péssimo alavancado e isso tem a ver com a pandemia e economia. O auxilio se dará agora com valor inferior e não se sabe ainda qual impacto, mas ele pode ser positivo, é impossível um impacto negativo, mas não se sabe o quão positivo será, porque isso se dá em meio a um conjunto de outros fatores, como retomada do emprego. O processo de isolamento adotado nos Estados inevitavelmente deprime a atividade econômica e é difícil supormos que o desemprego terá reversão a curtíssimo prazo. Também temos processo inflacionário em marcha e Bolsonaro tenta dar uma resposta com o auxílio e com reformas, como forma de demonstrar responsabilidade fiscal, com a esperança de atrair investimento estrangeiro", comentou.

Eleições 2022

Durante a entrevista, o comunicador Geraldo Freire questionou Lavareda sobre uma possível polarização entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, na disputa pela Presidência da República. Na avaliação do professor, há um ''vazio'' no centro político que beneficia essa polarização.

"Temos um vazio entre Bolsonaro e Lula. E se esse espaço de centro continuar fragmentado, com nomes de João Doria, Luciano Huck, Henrique Mandetta, João Amoêdo, entre outros, se continuar assim, teremos o retorno de uma polarização de direita versos esquerda. Com Bolsonaro representando a extrema direita, ele representa o bolsonarismo, que é de extrema direita. E Lula não é extrema esquerda, a bem da verdade ele não fez um governo totalmente de esquerda, pois governou com o centro. Sem o centro sentar para conversar, abdicar das ambições individuais, será inexorável chegarmos ao segundo turno com esse cenário de Bolsonaro e Lula, numa campanha de troca de acusações entre os dois desde o primeiro turno", Lavareda.

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Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e novo titular da Saúde, Marcelo Queiroga - FOTO:REPRODUÇÃO

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