''Eu não tenho motivos para sair do PT'', diz Marília Arraes
Rumores da saída da parlamentar da sigla surgiram após as eleições municipais do Recife, quando, no segundo turno, ela foi apoiada por candidatos alinhados à centro-direita em Pernambuco
A deputada federal Marília Arraes (PT) usou as suas redes sociais no último sábado (27) para afirmar que, diferentemente do que tem se comentado nos bastidores, não tem nenhuma intenção de deixar o Partido dos Trabalhadores. Os rumores da saída da parlamentar da sigla do ex-presidente Lula surgiram após as eleições municipais do Recife, quando, no segundo turno, ela foi apoiada por candidatos alinhados à centro-direita em Pernambuco, e ganharam força em fevereiro, no momento em que ela, contrariando uma orientação do partido, se lançou candidata a um cargo na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados e acabou vencendo o pleito.
"Comigo, todo mergulho é um flash. Tudo vira uma novela mexicana. Desde que eu entrei no PT ficam perguntando se eu vou sair do partido, ficam fazendo briga com a, com b, com c, criam umas historinhas, umas narrativas em torno de tudo o que acontece, quando, na verdade, em todo partido há debates, há divergências, porque essa é a construção democrática. (...) Eu não tenho motivos para sair do PT, minha gente. Como é que a gente escolhe um partido? A gente escolhe de acordo com o que a gente acredita, de acordo com os posicionamentos do partido, e o PT foi o partido que mudou o Brasil", cravou Marília, em vídeo publicado na sua conta no Instagram.
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No mesmo post, a petista comemora as últimas decisões judiciais favoráveis ao ex-presidente Lula e diz que é contra qualquer tipo de reaproximação entre o PT e o PSB, partido que, segundo ela, chantageia os petistas. "O presidente Lula está aí, pra ser candidato de novo, e a gente tem chances de resgatar o Brasil novamente. Por que eu vou sair do PT, minha gente? Lógico que eu sou radicalmente contra que o PT, inclusive nacional, ceda às chantagens e ao oportunismo do PSB. Porque se vocês observarem, em 2016 o PSB fez uma campanha municipal no Recife esculhambando o PT, aí em 2018 virou a chave de repente. Quando o presidente Lula foi preso, não ele não fez nem uma menção. Aí virou a chave novamente quando foi para retirar a nossa candidatura (ao governo do Estado), e era fazendo Lula Livre e defendendo o PT. Em 2020, dois anos depois, tentou fazer com que a gente não fosse candidata, e quando não conseguiu, começou a esculhambar o PT de novo. Agora já está tentando virar a chave novamente. Eu sou contra que se ceda a essas pressões. Quem precisa do PT aqui são eles e não nós", disparou a parlamentar.
A respeito dos desentendimentos internos motivados pela eleição da Mesa Diretora na Câmara que levaram o partido a abrir um processo contra ela na sua Comissão de Ética, Marília minimizou os atritos, afirmou que eles fazem parte do jogo democrático e atribuiu ao machismo a atenção que o tema recebeu, inclusive na imprensa. "Minha gente, isso é disputa, disputa por espaços, disputa de Parlamento, isso existe entre os homens desde que o mundo é mundo. Mataram Júlio César no Parlamento romano. Aí a gente vai, faz uma disputa, uma articulação e ganha uma eleição interna da Câmara, os homens fazem isso todo dia, mas quando uma mulher faz, vira notícia. Eu espero que um dia isso se normalize", finalizou a petista.
Em fevereiro, na época em que Marília foi eleita 2ª secretária da Câmara, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, chegou a afirmar que "a atitude da deputada rompe procedimento estatutário do PT". Em sua coluna no jornal O Globo, o jornalista Lauro Jardim noticiou que o próprio Lula teria ficado chateado com o movimento de Marília e confidenciado a pessoas próximas que ela merecia ser expulsa do PT. Nas eleições de 2020, o ex-presidente teve participação expressiva na campanha da parlamentar à Prefeitura do Recife.