Investigação

Na mira da CPI da Covid, Ernesto Araújo diz que sua atuação 'não foi empecilho para nada'

Assim que a convocação for aprovada, Araújo deverá enfrentar um clima bastante adverso na CPI

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Estadão Conteúdo

Publicado em 19/04/2021 às 21:43 | Atualizado em 19/04/2021 às 21:46
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Menos de um mês depois de sua queda no Ministério das Relações Exteriores, Ernesto Araújo será um dos primeiros alvos dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid. A CPI vai analisar se a atuação do ex-chanceler atrapalhou a compra de vacinas e de insumos necessários para o combate à pandemia do coronavírus e seu pedido de convocação para prestar depoimento já faz parte do pré-roteiro de trabalhos da CPI.
Assim que a convocação for aprovada, Araújo deverá enfrentar um clima bastante adverso na CPI. Um dos principais integrantes da chamada ala ideológica do governo e bastante desgastado pelo seu desempenho, acabou perdendo o posto justamente depois de atacar a senadora Katia Abreu (PP-TO), insinuando que ela teria interesses na discussão sobre a tecnologia 5G. A senadora o chamou de "marginal" e a pressão da Casa fez com que Jair Bolsonaro assinasse sua demissão. Assim, sua volta ao Senado - dessa vez, sem a blindagem do cargo de ministro - deve se transformar em mais um round dessa briga.
Para se defender das suspeitas da CPI, Araújo usou suas redes sociais e afirmou que sua atuação à frente do Itamaraty "não foi empecilho para nada".
"Pelo contrário. Ajudei a implementar a estratégia traçada pelo Ministério da Saúde, que mantém o Brasil - como já em minha gestão - na posição de 5º país que mais vacina no mundo e um dos únicos com previsão de vacinar toda a população ainda em 2021, tal qual os EUA, Israel e Reino Unido", escreveu o diplomata.
Apesar de todo o atraso e dificuldade do Brasil para comprar vacinas e da lentidão do processo de imunização, Araújo pretende insistir na versão de que o governo trabalhou para garantir a vacinação - embora o próprio Jair Bolsonaro tenha sido crítico à vacina e anunciou que não pretendia tomá-la.
"Nunca houve uma crise de vacinas", alegou na sua postagem. "A política externa que conduzi jamais acarretou problemas à vacinação. O que houve foi a armação de uma falsa narrativa, como parte da tentativa de extinguir a chama transformadora e popular do governo e retirar o MRE desse projeto", acrescentou.
Visto como um dos responsáveis pelo Brasil ter demorado a comprar vacinas, Araújo será fortemente questionado sobre essa situação quando prestar depoimento na CPI. Ele diz que, desde sua saída do Ministério, não chegaram novas doses. "Todos esses 50 milhões de doses foram: a) adquiridos no exterior durante a gestão do General Pazuello no Ministério da Saúde e minha no Ministério de Relações e; ou b) produzidos no Brasil com insumos importados durante as gestões de Pazuello e minha. Desde que deixei o cargo, não chegaram novas vacinas", escreveu.
Na CPI, Araújo também será cobrado se a sua visão ideológica contrária à China emperrou as negociações para o fornecimento de vacinas e de insumos para o Brasil. Mas, de novo, o ex-chanceler minimiza a questão.
"A China já havia liberado a exportação de novos lotes de insumo da AstraZeneca ao Brasil durante minha gestão. Segundo informado pela Fiocruz em 25/3, o primeiro desses carregamentos chegou no próprio dia 25 e os demais chegariam na semana seguinte, para um total de 23 milhões de doses", escreveu Araújo. "Autoridade chinesa informou, em 26/3, que o Brasil era, naquele momento, líder entre 50 países que recebem vacinas e insumos de vacinas produzidos na China. (Já após minha saída do MRE noticiou-se que a China atrasaria o fornecimento de insumos ao Butantã.)", publicou nas suas redes.
 

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