Levantamento

Bolsonaro tem alta na popularidade e só Lula o venceria no 2º turno em 2022, mostra pesquisa

O levantamento da Consultoria Atlas mostra que Bolsonaro e Lula ampliaram a vantagem sobre concorrentes em simulação para 2022

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Cássio Oliveira

Publicado em 11/05/2021 às 9:21 | Atualizado em 11/05/2021 às 11:42
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Pesquisa nacional da Consultoria Atlas, divulgada nessa segunda-feira (10), mostra que, mesmo em meio à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recuperou parte da popularidade perdida nos meses anteriores.

No levantamento feito entre os dias 6 e 9 de maio, o percentual dos que avaliam o governo Bolsonaro como ótimo ou bom subiu de 25% para 31% na comparação com março. Já o grupo de quem o avalia como ruim ou péssimo recuou de 57% para 53%. Outros 15% classificam como regular.

Andrei Roman, CEO do Atlas, apontou que a melhora de Bolsonaro tem relação com a volta do pagamento do auxílio emergencial, a partir de abril, apesar de ter valores mais baixos do que os do benefício pago em 2020. Segundo Roman, há ainda “um alívio relativo em relação a situação da pandemia no país”, destaca.

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“A pesquisa anterior, de março, foi feita no ponto de maior estresse”, pondera o CEO. Março e abril foram os meses mais letais da pandemia até agora no Brasil. A média de mortes caiu nas últimas semanas, mas especialistas apontam que ainda é cedo para qualquer comemoração e alertam para risco de uma nova onda de contágios com os encontros do Dia das Mães neste fim de semana.

O Atlas também pergunta aos entrevistados se aprovam ou desaprovam o desempenho do presidente, questão sem o oferecimento da alternativa intermediária equivalente ao regular. A aprovação avançou de 35% para 40% desde março. A desaprovação caiu de 60% para 57%. Nesta rodada, o Atlas colheu 3.828 respostas de eleitores em todo o país por meio de um questionário online aplicado via convites randomizados. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

Bolsonaro e Lula

Sobre a eleição de 2022, a pesquisa mostra uma tendência de intensificação da polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Tecnicamente empatados na liderança da simulação de primeiro turno, a dupla ampliou a vantagem que já tinha sobre os demais possíveis concorrentes.

Bolsonaro aparece numericamente à frente com 37% das intenções de voto. Lula vem em seguida com 33,2%. Como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, trata-se de uma situação de empate técnico. Na pesquisa anterior, em março, Bolsonaro e Lula já lideravam. Mas ambos tinham taxas menores que as atuais: 32,7% e 27,4%, respectivamente.

Com Bolsonaro e Lula crescendo, a distância da dupla para o terceiro colocado aumentou. Em março, a terceira posição era ocupada pelo ex-juiz Sergio Moro (sem partido), que detinha 9,7%. Agora, o terceiro passa a ser o ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT), com 5,7%. Moro marca 4,9% na nova simulação.

A pesquisa mostra, na sequência, a seguinte ordem da intenções de voto: Luiz Henrique Mandetta (DEM), 3,4%; Luciano Hock (sem partido), 2,1%; Danilo Gentili (sem partido), 2%; João Doria (PSDB), 1,8%; João Amoêdo (Novo), 1,5%; e Marina Silva (Rede), 1,3%.

Outros quatro nomes somam 2,6%. Não souberam responder ou sinalizaram intenção de votar em branco ou nulo 4,5%.

Na simulação de segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o petista vence o atual presidente por 45,7% a 41%. Com vantagem pequena, dentro da margem de erro, outros dois nomes marcam mais que Bolsonaro em simulações de embate final: Mandetta (42,4% a 40,5%) e Ciro Gomes (41,9% a 40,9%), mas seguem em empate na margem de erro.

Análise

O cientista político Adriano Oliveira comentou os resultados da pesquisa em entrevista ao Passando a Limpo, da Rádio Jornal. Na visão do especialista, Bolsonaro se mantém forte por três fatores. "O resultado desperta curiosidade em virtude do ambiente bélico em que Bolsonaro convive. Se abrirmos os jornais, vemos CPI, negacionismo da covid, total de mais de 400 mil mortos, então o noticiário é negativo, além da crise econômica e taxa de desemprego. Ainda assim, ele é competitivo e hoje estaria no segundo turno. Primeiro, pela força do eleitorado evangélico, ele tem 40% entre evangélicos. Outro ponto é o 'antilulismo', que deve continuar presente se Lula for candidato. E por fim é que o bolsonarismo é uma manifestação de componente ideológico forte", destacou.

Mesmo assim, o professor aponta ser necessário mais tempo para ter certeza dos cenários para a próxima eleição. "O candidato de centro ainda não apareceu , não sabemos se terá chance. Também não sabemos se Lula realmente será candidato, ainda veremos como eleitores reagirão a sua volta. Hoje, considero o percentual de Lula ainda reduzido em virtude da dúvida se de fato ele será candidato. Ele foi solto, está se manifestando mas não se colocou como candidato de forma clara", comentou Adriano.

Para Adriano Oliveira, ainda falta narrativa para que um candidato não lulista e não bolsonarista apareça de forma competitiva. "Ciro Gomes não consegue se diferenciar de Lula, ele tem agenda semelhante ao PT, de nacional desenvolvimentismo. Essa agenda de defesa do estado não é diferente. João Doria fala de vacina, mas não sensibiliza o eleitorado de que ele pautou a vacina, falta a Doria uma narrativa nacional. Então, a ausência da narrativa de centro condena o Brasil à polarização", concluiu.

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