'DESMAME II'

PF deflagra segunda fase de operação que apura desvio de recursos do SUS em Timbaúba, na Zona da Mata de Pernambuco

Segundo a PF, entre 2013 e 2016, houve fraude nos processos licitatórios realizados pela prefeitura para aquisição de medicamentos e materiais odontológicos e hospitalares

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Marcelo Aprígio

Publicado em 20/05/2021 às 7:42 | Atualizado em 20/05/2021 às 10:06
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A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (20), a segunda fase da Operação Desmame, em Timbaúba, na Zona da Mata de Pernambuco. A ação visa combater uma organização responsável por desvios de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) destinados à cidade. Além disso, os alvos da operação também são suspeitos de crimes como fraudes em licitações e lavagem de capitais.

Ao todo, a ação, que é coordenada pela Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros e conta com a atuação de 22 policiais, cumpre quatro mandados de busca e apreensão em dez endereços no Recife e Timbaúba. As ordens judiciais foram expedidas pela 25ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Goiana.

Segundo a PF, entre 2013 e 2016, houve fraude nos processos licitatórios realizados pela administração municipal para aquisição de medicamentos e materiais odontológicos e hospitalares com recursos destinados ao SUS.

Ainda de acordo com a corporação, inicialmente, verificou-se que seis das sete licitações realizadas para atender a rede de saúde de Timbaúba foram vencidas pela mesma empresa, que teria apresentado proposta com preços até 50% inferiores aos preços de referência contidos nos editais de publicação dos certames e impraticáveis no mercado do ramo, angariando o montante de R$ 7.916.744,00.

Além disso, por meio da análise das licitações, foram identificados vários indícios de direcionamento e de fraude ao caráter competitivo nas disputas.

Ligação de empresa com políticos

Segundo a PF, foram encontrados diversos vínculos entre a empresa contratada com indícios de fraudes e políticos do município, como a existência de movimentações financeiras milionárias entre empresas do grupo econômico de um dos políticos envolvidos e a distribuidora de medicamentos contratada pela Prefeitura de Timbaúba.

Após a deflagração da primeira fase da operação, em fevereiro de 2021, diz a PF, foi possível robustecer os elementos de prova, fortalecendo os indícios de utilização de “laranjas” para fins de ocultação das vantagens ilícitas obtidas pela organização criminosa, em prejuízo aos recursos públicos destinados à saúde.

Os envolvidos irão responder pelos crimes de fraude à licitação, falsidade ideológica, peculato, lavagem de capitais e organização criminosa, a depender do grau de participação nos fatos apurados. 

O JC procurou a prefeitura de Timbaúba, que informou, por meio de nota, que, "embora não tenha recebido diligencias da Polícia Federal nesta quinta-feira (20), se mantem à disposição para prestar esclarecimentos e colaborar com as investigações." Além disso, a gestão municipal disse que aguardará "a conclusão das investigações para adoção das medidas cabíveis."

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