Maconha

Para Daniel Coelho, deputados que tentam impedir aprovação da cannabis medicinal fazem 'jogo eleitoral'

O parlamentar tem feito uma defesa enfática do Projeto de Lei que está em tramitação na Câmara. Nesta semana, ele revelou que a sua esposa, Rebeca Coelho, usa uma medicação à base de cannabis em seu tratamento contra um câncer

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Renata Monteiro

Publicado em 20/05/2021 às 15:39 | Atualizado em 20/05/2021 às 15:39
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Parlamentar pernambucano que tem defendido mais veementemente a aprovação do Projeto de Lei 399/2015, que pode autorizar a liberação do cultivo de cannabis sativa par fins medicinais, Daniel Coelho (CID) diz que deputados federais aliados do governo federal que hoje tentam barrar a proposição fazem "jogo eleitoral". A declaração foi dada na manhã desta quinta-feira (20), durante participação de Daniel no programa Manhã na Clube, da Rádio Clube.

"Alguns (deputados), até mesmo propositalmente, querem transformar a discussão da cannabis medicinal, que é remédio para pessoas que fazem tratamento de câncer, que têm epilepsia, Alzheimer, esclerose múltipla, crianças com autismo, em um jogo eleitoral, dizendo que querem legalizar a maconha. Não tem nada a ver uma coisa com a outra", frisou o parlamentar.

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Na última terça-feira (18), durante sessão da comissão especial que debate o tema na Câmara, Daniel se emocionou ao compartilhar a experiência da sua família com medicamentos à base de cannabis. Rebeca Coelho, esposa do parlamentar, está em tratamento contra um câncer e vem utilizando o remédio para diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia. "Eu contei a experiência da minha família, da minha esposa que toma o remédio porque faz tratamento de quimioterapia. Fiz questão de expor a minha vida pessoal, mas na defesa de milhares de pessoas e famílias que estão precisando desse medicamento. Nós não podemos viver no tempo das trevas", declarou.

A defesa que vinha fazendo do projeto, no entanto, custou-lhe a participação na comissão. De acordo com Daniel, sua postura nas reuniões incomodou tanto os parlamentares contrários ao PL que ele acabou expulso do colegiado. "Eu era um dos membros titulares da comissão, votava nela, mas os nossos discursos e as argumentações que eu comecei a fazer lá incomodaram tanto que os partidos se juntaram e me tiraram. Mas eu não saí do debate porque o acho extremamente relevante", disse.

O deputado federal explicou que, anteriormente, dentro do grupo que discute o tema na Câmara, os favoráveis ao PL eram maioria, mas agora, após a interferência do deputado Osmar Terra (MDB), este quadro teria se revertido. "A gente tinha uma maioria folgada, vínhamos ganhando, mas aí foi quando o governo, liderado pelo Osmar Terra, aquele que disse que não morreriam 2 mil pessoas de covid-19, que disse que máscara era desnecessária, que não precisava vacinar porque a população iria ter imunidade de rebanho, e é ele que está lá hoje inventando mentiras. É ele quem lidera o governo na comissão e trocou sete membros e aí perdemos a maioria", afirmou o parlamentar.

Questionado se pretende conversar com o também deputado federal Fernando Filho (DEM), que pode ser decisivo na votação do projeto, Daniel disse que respeita o mandato do aliado e que já encaminhou um material para a sua análise. Dos 35 deputados que fazem parte da comissão, 17 já disseram que votarão a favor do texto e 15 se colocaram contrários. Fernando Filho é um dos três parlamentares que ainda não revelaram o voto.

"Existem alguns parlamentares, como o pernambucano Fernando Filho, que não vinham votando, mas têm vaga lá dentro. Claro que eu tenho que respeitar o mandato do deputado Fernando Filho, mas eu mandei o conteúdo para ele, para que ele estudasse, percebesse um pouco do que a gente está falando e a gente está falando aqui em saúde, então eu tenho a esperança que ele dê um voto a favor do relatório", cravou Daniel.

2022

Durante a entrevista, o deputado pernambucano voltou a defender que o grupo de oposição do qual faz parte lance duas candidaturas nas eleições de 2022, uma mais ao centro e outra mais identificada com o governo federal. Em outras oportunidades, Daniel já deixou claro que não apoiará um palanque bolsonarista aqui no Estado e que tem simpatia pela postulação da prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB) no pleito.

"Eu continuo com a tese de que o ideal seria que nós tivéssemos duas candidaturas fortes que dialogassem com a sociedade, para que a gente tivesse a possibilidade de provocar um segundo turno. Está muito nítido que há uma aliança do PSB com o PT tanto em nível estadual quanto nacional, eles vão estar juntos na eleição. Se nós lançarmos um candidato só, considerando que do outro lado haverá toda a máquina do Governo do Estado, da Prefeitura do Recife e de algumas outras prefeituras importantes, numa eleição curta, de um turno, com um candidato ou candidata que nunca disputou o Governo do Estado, a tendência é que a máquina se sobressaia. Se nós tivermos duas candidaturas, a campanha passa a ter dois turnos. Eu espero que a gente consiga consolidar pelo menos dois nomes que atinjam segmentos distintos do eleitorado, pois muita gente está insatisfeita com o PSB, mas não necessariamente todos os insatisfeitos têm a mesma linha ideológica", finalizou Daniel.

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