"Salvou a vida dela", diz Joel da Harpa sobre policial que agrediu vereadora com spray de pimenta em manifestação no Recife
Liana Cirne (PT) precisou de atendimento médico após o ataque. A vereadora prestou queixa contra o policial que a agrediu na Polícia Civil
Após participar de uma reunião nesta terça-feira (1º) com o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Antônio de Pádua, o deputado estadual Joel da Harpa (PP) lançou uma nota em defesa dos policiais militares que atuaram no protesto contra o governo Bolsonaro do último sábado (29). No texto, o parlamentar diz que o militar que disparou um jato de spray de pimenta contra a vereadora Liana Cirne (PT) a estava protegendo, já que a petista estaria na frente da viatura da Polícia Militar e poderia se ferir. "Se observarmos os vídeos, o policial, na verdade, salvou a vida dela e evitou uma tragédia pois a mesma estava colada na viatura, a qual estava em movimento", declarou.
Sobre o fato de os militares terem utilizado bombas de efeito moral e desferido tiros com balas de borracha durante o ato, o deputado afirmou que o gesto foi uma reação a movimentos dos manifestantes que, segundo ele, "atearam fogo em pneus e jogaram pedras contra os policiais". Joel da Harpa não apresentou qualquer indício ou prova de que isso de fato tenha ocorrido. A Secretaria de Defesa Social (SDS), que está investigando a conduta dos policiais que atuaram na manifestação, não mencionou nada que possa incriminar os participantes do ato até o momento.
"Na tarde de ontem estivemos nas duas unidades operacionais para conversar com a categoria e colocar toda a nossa equipe à disposição. O que ouvimos confirma nossa opinião de que a tropa estava cumprindo sua missão e, mais uma vez, está sendo injustiçada", diz o parlamentar, na nota.
O texto segue afirmando que Joel tem utilizado as suas redes sociais para criticar o afastamento de policiais das suas funções para "agradar a esquerda" e diz ser necessário, antes de tomar uma atitude contra os PMs, "observar o excelente trabalho da categoria". E o material continua: "O deputado questiona também a postura de alguns manifestantes que atearam fogo em pneus, jogaram pedras contra os policiais o que resultou na necessidade de uma ação mais dura com o uso de balas de borracha e gás lacrimogêneo contra manifestantes". Não há nenhum registro dos órgãos oficiais ou imagens que comprovem o que o deputado diz na nota.
A REUNIÃO
A ida de Antônio de Pádua a Alepe contou, ainda, com a presença de outros deputados estaduais e do presidente da Casa, Eriberto Medeiros (PP). No encontro, o auxiliar do governador Paulo Câmara (PSB) disse que o comandante à frente de operações como a de sábado tem "livre arbítrio" para tomar decisões, mas que os fatos estão sendo apurados pela Secretaria de Defesa Social.
No mesmo dia do protesto, o governador veio a público informar que havia determinado o afastamento de cinco envolvidos na ação, mas não revelou os nomes de nenhum deles. Desde então, vários setores da sociedade têm pressionado o governo para que seja revelado de onde partiu a ordem para que os policiais avançassem contra os manifestantes.
Devido ao ataque da PM, dois homens que sequer participavam do ato acabaram perdendo a visão, pois foram atingidos por balas de borracha nos olhos. No último domingo (30), Paulo afirmou que o Estado vai prestar assistência às vítimas e indenizá-las.